Insônia no Idoso – Dicas para o Sono do Idoso
Se você quer saber mais sobre o Sono do Idoso, a importância da melatonina e da fototerapia, que é um tratamento com luz, fique até o final deste artigo que a psicóloga Eliane Aversa, especialista em Sono, que atende na Clínica Regenerati e trabalha com terapia cognitivo-comportamental para distúrbios do sono, principalmente para o tratamento das insônias, vai abordar sobre isso.
Sono do Idoso – Importância do Sono
O objetivo deste conteúdo é informar os cuidadores de idosos, continuando o assunto sobre a importância do sono e como ele interfere nas saúdes física e mental, e na qualidade de vida de todos nós, especificamente dos pacientes dessa faixa etária.
Anteriormente, já descrevemos como é o sono do idoso, as suas necessidades, o avanço de fase do sono, seus horários e alguns tratamentos, como a higiene do sono.
Dando seguimento ao assunto de hoje, vamos focar no hormônio chamado melatonina, conhecido como o hormônio do sono, e na fototerapia, que é outro tratamento, através da luz, que é uma importante ferramenta de ajuste ao nosso sono e ao do idoso, especificamente.
O que é o Sono?
Então para isso, vamos entender o que é um sono. O sono é o estado fisiológico onde o corpo e a mente se alternam entre repouso e vigília, por um determinado período de tempo. Sabemos que passamos uma boa parte das nossas vidas dormindo, cerca de um terço.
O sono normal é regido pelo ritmo circadiano, o relógio biológico, que tem um padrão chamado de arquitetura do sono. Ela é medida por traçados eletroencefalográficos e a palavra “circadiano” significa, basicamente, algo que ocorre em um ciclo de 24 horas.
A arquitetura do sono seria a distribuição normal das fases do sono, o tempo esperado para cada fase, em cada uma delas, através da frequência das ondas cerebrais, tanto no sono quanto na vigília.
Classificações do Sono
Um adulto requer, em média, de 7h – 9h por noite de sono. Então, o que é esperado, como o sono é montado nessa arquitetura?
Então, ele tem duas classificações: um sono é dividido em sono REM, onde ocorre um movimento rápido dos olhos, e o sono não-REM, que é onde acontece o sono de ondas lentas.
O sono REM é a fase onde ocorrem os sonhos, se vocês observarem pessoas dormindo, os movimentos oculares laterais acontecem com maior intensidade e a pessoa nesse momento está sonhando. E é nessa hora também que se tem o sonho, se consolidam todas as memórias aprendidas.
E temos o sono não-REM, que é onde ocorre também a restauração do corpo e o sono é mais profundo. Ele é dividido em três fases chamadas de estágio: estágio I, estágio II, estágio III.
O sono I, estágio I é mais superficial; o sono II é um estágio um pouco mais profundo e passamos também uma boa parte do sono nesse estágio; e o sono III, é profundo e restaurador.
Os estágios de sono se alternam, permanecendo em média 50% no sono leve, 20% em sono profundo e 30% nesse sono REM, que é o sono dos sonhos.
Arquitetura do Sono
A arquitetura do sono normal é constituída por ciclos e eles têm uma duração média de 70 a 110 minutos. E vão se repetindo, esses ciclos, dependendo de quantas horas cada pessoa dorme, em torno de quatro a cinco vezes por noite.
Se percebe que na primeira metade da noite há um predomínio do sono de ondas lentas, o sono profundo, e na segunda metade da noite, um predomínio do sono REM, onde sonhamos, isso na arquitetura normal.
No idoso, se observa, então, alterações nessa arquitetura do sono normal: vai ter redução do sono profundo, uma diminuição do tempo total de sono, uma demora para esse início do sono, que é chamada de latência do sono, e uma diminuição também do sono REM, incluindo também aumento de distúrbios respiratórios, como ronco e apneia do sono.
Identificação
Todos esses registros são feitos através de um exame bastante específico, considerado padrão-ouro para distúrbios do sono, que é chamado de polissonografia. Como o próprio nome diz, é um exame que registra variações ocorridas durante o sono e é usado para diagnóstico de distúrbios do sono em adultos, crianças, adolescentes e idosos.
Geralmente, é realizado à noite e eles têm alguns parâmetros principais. Primeiro, são os registros eletroencefalográficos, em que toda essa arquitetura do sono, todas essas variações das ondas cerebrais para saber em que fase ocorreram, mais tempo de sono, se sonhou, se não sonhou, se aprofundou o sono ou não.
Existe também o eletro-oculograma, que é colocado um registro também nos olhos para perceber se vai ter os movimentos oculares, como forma de identificar o sono REM.
Alguns outros registros, como eletromiograma submentoniano e parâmetros de fluxo aéreo nasal, bucal, oximetria, eletrocardiograma, movimentos inclusive de esforços respiratórios.
Então, esse exame pode ser feito tanto em laboratório, com todos esses registros, como também em domicílio. Ele pode ser bem completo, o laboratorial é bastante completo, mas o domiciliar também pode ser completo ou parcial, dependendo do objetivo de estudo. Se for para distúrbios respiratórios apenas, então pode ser um registro parcial e uma polissonografia domiciliar parcial.
Fatores Principais e Determinantes
É com isso que se sabe exatamente o que se passa conosco durante o sono. Então, quais são os fatores principais que determinam se a nossa qualidade, quantidade de sono, é boa ou ruim, o que altera, o que modifica?
Fatores Biológicos Endógenos
Então, primeiramente vamos explicar que temos os fatores biológicos, que são fatores endógenos, internos. Se tivermos dores, preocupações, febre, mal-estar, não vão fazer com que tenhamos uma boa noite de sono.
Fatores Biológicos Exógenos
E temos os fatores exógenos, que são os externos. São importantíssimos para a regulação de sono, como ruídos, temperatura e luminosidade.
Então, dentre esses fatores externos, o que tem maior poder de regular o sono é a luz; porque ativa o sistema nervoso e produz o hormônio do sono chamado melatonina. Ela é produzida naturalmente, no nosso organismo, principalmente no escuro, e muitos tratamentos comportamentais do sono se baseiam na exposição dessa luz, tanto natural quanto até artificialmente.
Melatonina
O envelhecimento está intimamente ligado à diminuição de melatonina. Isso leva a algumas consequências que são exatamente as principais queixas dos idosos em relação ao sono, além desses fatores ambientais.
A melatonina, o que é? É um hormônio secretado pela glândula pineal e tem ligação direta com a alternância de claro e escuro. E essa secreção dura em média de 8h – 10h, e regula todo o ritmo sono-vigília, que é esse ritmo circadiano que nós temos detalhado.
Os níveis de melatonina diminuem com a idade, portanto os idosos são mais propensos a ter níveis mais baixos de melatonina e por isso justificaria os maiores problemas de distúrbios do sono.
Ela ajuda a adormecer e também a manter o sono durante a noite. É um hormônio natural, mas também pode ser suplementado. Então, ele tem uma ligação com o ritmo circadiano, a insônia e a idade.
A melatonina quando é suplementada, ingerida, vai se ligar aos receptores da melatonina que nós já produzimos no cérebro, aumentando o seu poder e funcionamento.
Temos também uma fonte de alimentos que são ricos em melatonina, principalmente a cadeia seria triptofano, encontrada nos leites, iogurtes, queijos, derivados, em algumas frutas e verduras. E isso aumenta a produção de serotonina e melatonina.
Alguns estudos mostram também os benefícios da melatonina, como ela melhora a qualidade do sono e a qualidade também no dia seguinte, então, como sincroniza os ritmos circadianos, melhora vários aspectos, tanto no início do sono, quanto em toda a qualidade e a duração.
O médico pode prescrever a suplementação da melatonina em doses orais, por períodos acompanhados, sem prejuízos qualquer e/ou efeitos colaterais.
A melatonina já é aprovada na Europa, nos Estados Unidos, em outros países, mas no Brasil, ficou um tempo suspensa e, atualmente, foi liberada com prescrição médica.
Ela funciona no organismo aproximadamente duas horas antes do início do sono, já começa a ser produzida naturalmente, e atinge o pico aproximadamente cinco horas depois.
Então, da melatonina, é uma boa noção para vocês terem, porque o sono se altera, só para entenderem que o hormônio principal envolvido é ela.
Fototerapia
Para a nossa próxima fase desse conteúdo também é considerada a fototerapia, que é outro tipo de tratamento que tem ligação com a melatonina, mas que tem ligação com a luz.
Como acabamos de explicar, a melatonina tem uma funcionalidade muito forte mediante a exposição da luz ou na sua ausência.
Estudos mostraram que a terapia de luz brilhante, forte, é muito eficaz na redução dos problemas de sono, nessa importância no avanço de fase no adulto. Então, à noite, se quiser que o sono venha mais tarde, exponha mais o idoso a uma luz para que consiga dormir mais tempo durante a madrugada e não se sinta com insônia.
Esses estudos mostram que essa exposição à luz reduz cochilos durante o dia, aumenta os níveis de atividade do próprio idoso e também os de melatonina durante a noite. Ela pode funcionar como uma nova programação também para o ritmo circadiano, que se perde durante o envelhecimento normal.
Existem até, artificialmente, equipamentos de luz – como caixas de luz em torno de 10 mil lux, que é uma medida usada para medição de luz dessa luminosidade – que podem ser utilizados pelos idosos em torno até de meia hora por dia, claro que respeitando a exposição, a pele, todos os cuidados de proteção – e pode até fazer outras coisas enquanto a luz está por perto.
Eu espero ter contribuído também com mais essas informações, que vocês possam administrar todos esses hábitos saudáveis, que sejam coadjuvantes ao tratamento que já fazem com grande presteza aos idosos na função de cuidador.
Ficamos sempre à disposição. Não esquecendo de que se as informações que nós demos ainda persistirem, procurem mesmo os especialistas em sono para dar continuidade e uma conduta, um diagnóstico mais preciso.
Então, nessa nossa recomendação, inclusive, além do que já vimos de higiene do sono, fototerapia, o médico também pode recorrer aos fármacos, se necessário, para melhorar a qualidade de sono do idoso.
Saiba mais, assistindo ao vídeo: