Quais tipos de depressão existem? Neurologista Explica

Se vocês querem saber Quais Tipos de Depressão Existem, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que fala no canal do YouTube sobre Dor, Sono, Emoções, Parkinson, Neurologia Geral e tudo que é do seu interesse, vai explicar sobre isso.

Tipos de Depressão que Existem

Essa é uma dúvida muito comum porque as pessoas também têm um imaginário sobre o que é depressão ou não é, e, às vezes, a imagina só de um tipo e ela pode ter uma gama de apresentação de vários tipos.
É muito importante conhecer todas elas para saber reconhecer os sintomas e qual é o tipo de depressão, até mesmo para a pessoa abrir a mente para entender que tem depressões que são muito diferentes umas das outras.

Depressão Maior

O primeiro tipo de depressão que temos que falar é a mais comum de todas que é a depressão maior, em que tem que ter sintomas por pelo menos um mês na maior parte do tempo, na maioria dos dias das semanas, sendo que os principais são sentir-se deprimido ou triste a maior parte do tempo, ou perda do interesse ou prazer em suas atividades, sendo que sentir-se triste ou deprimido ocorre em cerca de 30% dos casos apenas.

Então, não tem a ver somente, não é, nem na maior parte dos casos, aquela depressão em que a pessoa fica triste, deprimida e chorando, parada, sem fazer nada. Essa presença dos sintomas da tristeza ou da pessoa ficar deprimida é em cerca de 30% dos casos.

Sintomas Principais

É mais comum a perda do interesse ou do prazer nas atividades do dia a dia, na vida. Então, tem que ter pelo menos um desses dois sintomas ou ela está triste e deprimida, ou a perda do interesse ou prazer nas atividades do dia a dia.

Sintomas Secundários

E tem que ter pelo menos um dos sintomas secundários também que são perda ou ganho de peso, dificuldade para dormir ou sentir sono durante o dia, sentir-se inquieto e agitado, ou muito lento e desacelerado, física ou mentalmente, estar cansado e sem energia, sentir-se inútil ou culpado, ter problemas para se concentrar ou tomar decisões, e pensamentos de suicídio ou se ferir.

Então, para ter a depressão maior tem que ter pelo menos um dos sintomas principais e mais um dos sintomas secundários.

Depressão Ansiosa

Dentro da depressão maior há subtipos. Por exemplo, o mais comum é a depressão ansiosa, em que o paciente sente-se tenso, inquieto, na maioria dos dias. Tem dificuldade de concentração porque está preocupado com a possibilidade de algo terrível acontecer e sente que pode perder o controle de si mesmo. É um tipo comum de depressão na qual se misturam os sintomas de depressão / tristeza ou perda do prazer / interesse juntamente com vários sintomas de ansiedade.

Na depressão ansiosa é mais comum a pessoa ter perda do prazer e também ficar inquieta, agitada, ansiosa. Talvez seja o subtipo mais comum de depressão.

Depressão Melancólica

O paciente se sente intensamente triste e perde o interesse nas atividades que gostava, sente-se mal quando coisas boas acontecem, também pode ocorrer de sentir-se particularmente deprimido pela manhã, perda de peso, dormir mal, ter pensamentos suicidas, visão sobre tudo e o futuro de maneira negativa. Na depressão melancólica, os sintomas podem ocorrer e ser piores pela manhã, ao acordar.
Nesses tipos de depressão, é muito importante que o paciente solicite a ajuda até mesmo para conseguir ir ao médico e dar início ao tratamento.

Depressão Agitada

Na depressão agitada, o paciente se sente desconfortável na maior parte do tempo, agitado. Também pode ocorrer de falar muito, mover-se muito sem sentido, como mexer as mãos ou andar pela sala, agir impulsivamente, entrar em discussões desnecessárias. Querer ter a razão em discussões sempre.
Então, é uma depressão que não é daquelas em que a pessoa fica parada, ao contrário, fica agitada, irritada, não para quieta, facilmente quer discutir, fica querendo ter razão sobre as coisas, é um tipo de depressão agitada, é outro subtipo de depressão maior.

E obviamente a pessoa está com perda no prazer ou no interesse das coisas do dia a dia, fica agitada, mas sem ter prazer.

Transtorno Depressivo Persistente

Outro tipo de depressão é o transtorno depressivo persistente. Se você tem depressão que dura dois anos ou mais, é chamada de transtorno depressivo persistente. Esse termo também é usado para descrever duas condições que anteriormente eram conhecidas como distimia, que é uma depressão persistente de baixo grau, baixa intensidade, e/ou a depressão maior crônica.

Hoje em dia, usa-se o termo de transtorno depressivo persistente seja para a depressão maior que está durando mais do que dois anos ou a depressão de distimia, que é uma depressão mais levinha, que igualmente está durando ao longo do tempo, há mais de dois anos.

A distimia, muitas vezes, não é percebida, as pessoas acham que é característica da personalidade. Nela, sintomas podem ser um pouco mais suaves e se apresentar como sendo uma pessoa ranzinza e negativa, falta de energia ou fadiga constante, que nunca está satisfeita com nada, tem baixa autoestima, dificuldades para se concentrar ou tomar decisões, sentindo-se sem esperança em relação ao futuro, com as coisas.

Isso tudo pode ser sintoma encontrado em uma distimia, por exemplo, que é um tipo de depressão persistente e que, muitas vezes, é confundido com um traço de personalidade e não é, é uma doença, necessita ser tratada.

Transtorno Depressivo Bipolar

Outro tipo de depressão é o transtorno depressivo bipolar. O bipolar é de dois polos, tem um mais agitado e outro mais depressivo. Alguém com o transtorno bipolar que é, às vezes, também chamado de depressão maníaca, apresenta episódios de humor que variam de extremos de alta energia, com humor alto ou eufórico, a períodos depressivos, igualmente chamados downs, ou quedas, as baixas do paciente.
Quando está na fase baixa, a pessoa terá sintomas depressivos graves, é uma depressão mais grave, ela não responde aos medicamentos antidepressivos e sempre tem que chamar atenção por conta disso.
E existem dois tipos de transtornos bipolares, o I e o II. O tipo I é aquele em que o paciente apresenta episódios de mania com muitos sintomas expressivos e, às vezes, psicóticos, que seriam desconexos da realidade.

É uma mania bem clara, ele fica eufórico, fala muito, dorme pouco, quer comprar coisa, gastar dinheiro, muita atividade sexual, fica muito dado às outras pessoas, em uma alegria mais intensa do que o normal, falante mais do que o normal, tendo, às vezes, ideias um pouco delirantes, de tipo, fazer algum negócio extremo que vai dar certo, fica claramente em um polo eufórico.

No tipo II, os pacientes apresentam episódios mais baixos ou moderados de mania, são chamados de hipomania e não geram alterações nas suas vidas. No tipo I, fica tão eufórica que todo mundo percebe e podem fazer coisas que dão problema, por exemplo, gastar muito dinheiro ou ter atividade sexual desprotegida, atitudes que vão se arrepender depois.

Já na hipomania, que é uma mania mais baixa, que é na bipolar tipo II, às vezes, a pessoa fica só mais animada, falante ou, às vezes, só dorme menos ou fica mais irritadiça e não necessariamente fica aquela coisa eufórica, aquela coisa muito agitada, que está excessivamente bem. E pode passar batido muito facilmente o transtorno bipolar tipo II.

O transtorno bipolar tipo I tem episódios de mania que duram no mínimo sete dias e fases de humor deprimido que se estendem de duas semanas a vários meses. O transtorno bipolar tipo II tem um predomínio de depressão em relação à hipomania, então, esse paciente pode ter um período longo de depressão e alguns diazinhos de hipomania. Depois, longos de depressão e alguns periodozinhos de hipomania.

Transtorno Afetivo Sazonal (TAS)

Outro tipo de depressão é o transtorno afetivo sazonal. Antes de abordarmos sobre isso, gostaríamos que vocês escrevessem nos comentários o que estão achando do conteúdo sobre os Tipos de Depressão, se já se identificaram com alguma dessas, como foi o tipo da sua depressão ou o de alguém que conhecem, e se estão se identificando com as depressões que estamos apresentando.

O transtorno afetivo sazonal é o período de depressão grave que ocorre com mais frequência durante os meses de inverno, quando os dias ficam mais escuros e você percebe cada vez menos luz solar. Normalmente, desaparecem esses sintomas na primavera e no verão.

Se o paciente tem o transtorno afetivo sazonal, os antidepressivos podem ajudar e o mesmo pode também acontecer com fototerapia, em que precisa sentar na frente de uma caixa de luz brilhante, que emite luz artificial, mas equivalente à solar, por cerca de quinze a trinta minutos todos os dias.

Esse tipo de depressão não é comum no Brasil, porque temos dias com alta luminosidade de maneira constante ao longo do ano, mas é muito comum quando vai indo para as partes mais altas do globo terrestre ou mais baixas, nas quais quando chega o inverno, dura muito tempo.

Depressão Psicótica

Outro tipo é a depressão psicótica. Pessoas com depressão psicótica apresentam sintomas de depressão grave juntamente com sintomas psicóticos, como, por exemplo, alucinações, ver ou ouvir coisas que não existem, delírios, que são falsas crenças, crenças delirantes ou paranoia, em que acreditam erroneamente que os outros estão tentando prejudicá-las.

A depressão com sintomas de paranoia talvez seja a forma mais comum das depressões psicóticas. É muito comum o paciente começar a achar que alguém da casa ou vizinhos estão planejando algo negativo ou até mesmo que estejam fazendo coisas para querer prejudicá-lo.

Já a depressão com ideias delirantes pode ser com delírios de grandeza, como acreditar que a pessoa é muito importante, tem muito dinheiro na conta, é amigo de pessoas muito influentes, “vai fazer e acontecer” e pode estar acima dos outros, ou outros tipos de delírios. E, normalmente, os delírios se remetem ao próprio paciente.

E é importante não confundir pessoas que não tem depressão, mas tem crenças delirantes como, por exemplo, os terraplanistas, que aparentemente não estão depressivas ou não têm outros sintomas psicóticos, mas têm crenças em coisas delirantes.

Depressão Periparto (Pós-Parto)

Existe outro tipo que é a depressão periparto ou pós-parto. Mulheres que apresentam depressão grave nas semanas ou nos meses após o parto podem ter depressão periparto. Aproximadamente, um a cada dez homens também sofrem com a depressão no período periparto.

Olha que interessante, até o homem pode ser influenciado na parte periparto, no início da vida do recém-nascido, também os homens chegam a ter maior risco de depressão, mas o da mulher é muito maior, é disparado. O homem basicamente acompanha a mudança de ritmo da vida, das coisas e pode também ser acometido, mas a mulher, devido à grande mudança hormonal, esse é um momento biológico da vida dela em que está mais vulnerável à depressão.

A depressão pós-parto raramente é aquela forma grave, como no caso da mãe não querer nem ver, cuidar, tirar o bebê de perto dela, esses casos são mais raros. Os mais comuns são um esgotamento muito grande, associado a uma culpa enorme, ela fica se sentindo culpada, sabe-se porquê, mas qualquer coisa sente-se culpada, sente que “não vai dar conta do recado” ou se sente a pior das mães do mundo, além de uma irritabilidade intensa e uma labilidade emocional grande.

Então, é muito mais comum esse tipo de depressão pós-parto do que aquela depressão pós-parto grave, em que a mãe seca o leite que não quer dar, não quer ver o menino.

Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)

Existe outro tipo de depressão que igualmente está relacionado às mudanças hormonais que é o transtorno disfórico pré-menstrual; isso não é TPM. Mulheres com transtorno disfórico pré-menstrual apresentam depressão e outros sintomas no período que precede a menstruação e também no início do período menstrual.

Além de se sentir deprimida, a pessoa também pode ter mudanças de humor, irritabilidade, ansiedade, problemas de concentração, fadiga, mudança no apetite e nos hábitos do sono. Sentimentos de estar sobrecarregada também.

O transtorno disfórico pré-menstrual não é apenas uma simples TPM, que a grande maioria das mulheres tem, é diferente, é um transtorno que chega a afetar, de maneira negativa, em uma quantidade muito significativa, a vida da mulher e das pessoas com que convive, ela tem um prejuízo grande na vida.

Depressão “Situacional” ou Luto Patológico

Outro tipo é a depressão situacional ou luto patológico. Este não é um termo técnico em Psiquiatria. A pessoa pode ficar deprimida quando está tendo algum problema para administrar, um evento estressante da sua vida, como a morte de algum familiar ou um divórcio, ou a perda de um emprego, isso é um luto e, normalmente, dura até um mês.

Quando passa desse período, os sintomas persistem e estão impactando a vida prática da pessoa, é chamado de luto patológico, que é o tipo de depressão também.

Muitas vezes, a Psicoterapia pode ajudar a superar o período de depressão relacionado a essas situações estressantes. Caso os sintomas prolonguem ou até mesmo se agravem, também é comum a indicação de antidepressivos como em qualquer outro tipo de depressão.

Síndrome de Burnout

A síndrome de Burnout, igualmente conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional que resulta das situações de trabalho desgastantes ou a pessoa está se sentindo desgastada com o trabalho ou o trabalho em si está muito desgastante, surge dessa relação da pessoa com o trabalho, nunca é só do trabalho.

Ela é caracterizada por sintomas de exaustão extrema, estresse, esgotamento físico e mental, a pessoa perde o prazer relacionado ao trabalho e desenvolve uma série de sintomas que podem crescer progressivamente até gerar algum grau de disfunção no trabalho.

O trabalho não necessariamente se refere apenas ao formal, de carteira assinada e remunerado, também pode ser cuidar de um familiar doente, estudar para um concurso ou alguma etapa de uma graduação, ou qualquer tipo de atividade que gere algum tipo de esforço ao trabalho.

Se esse esforço ou trabalho junto com a pessoa está gerando um descompasso, um desgaste muito grande, pode gerar um Burnout, que é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, também é um subtipo de depressão.

Depressão Atípica

A depressão atípica igualmente é conhecida como depressão sorridente. É um substituto de depressão maior ou um transtorno distímico. O que transparece facilmente não é a tristeza e, sim, falsos sorrisos, gracejos, chistes. A pessoa fica tentando fazer sorrisos falsos, piada, gracejo, tentando deixar engraçada e cômica a coisa.

Só que é caracterizada por sintomas que variam de critérios tradicionais, como falsa demonstração de felicidade, melhora temporária do humor em resposta a eventos positivos, reais ou potenciais, ou potencialmente positivos, aumento do apetite ou ganho de peso, sonolência ou sono excessivo, fadiga marcada ou fraqueza, humor que é fortemente reativo às circunstâncias ambientais, ela fica reativa às coisas que sejam negativas, frustrações ou enfrentamentos, e sente-se extremamente sensível à rejeição.
Tanto que tem algumas ilustrações de casos desses como do palhaço que alegra a todos, mas depois, atrás do picadeiro, do palco, está triste, depressivo. E isso já é representado muito desse tipo depressão em que a pessoa se apresenta de uma forma positiva, tenta forçar e aparentar uma forma positiva, mas, no fundo, está triste e com as emoções profundamente alteradas dentro dela.

Esses foram todos os tipos de depressão; é muito importante conhecermos eles.

Só para revisar aqui, temos depressão maior, um subtipo é a depressão ansiosa, depressão melancólica, depressão agitada, transtorno depressivo persistente, que é a distimia, transtorno depressivo bipolar, transtorno afetivo sazonal, depressão psicótica, depressão periparto ou pós-parto, transtorno disfórico pré-menstrual, depressão situacional ou aquela relacionada às reações da vida, síndrome de Burnout e depressão atípica.

Se você gostou do conteúdo, escreva nos comentários e diga Quais Tipos de Depressão se identificou ou se já conheceu em alguém. E se gostou do artigo, compartilhe, quanto mais compartilhado o conhecimento, melhor para todos.

Assista ao vídeo e saiba mais:

Referências:

• American Psychiatric Association. What Is Depression? https://www.psychiatry.org/patients-families/depression/what-is-depression
• Centers for Disease Control and Prevention. Mental Health Conditions: Depression and Anxiety https://www.cdc.gov/tobacco/campaign/tips/diseases/depression-anxiety.html
• Chand SP, Arif H. Depression
  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430847/
• Merck Manual. Depression https://www.merckmanuals.com/home/mental-health-disorders/mood-disorders/depression
• National Institute of Mental Health. Depression Basics. https://www.nimh.nih.gov/health/publications/depression/index.shtml#pub10