Dependência de Remédios para Dormir

Dependência de Remédios para Dormir

Se você quiser saber sobre a Dependência de Medicamentos para Dormir, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções, Neurologia Geral e Neurociências, vai abordar sobre isso.

O que são Medicamentos para Dormir?

Os medicamentos para dormir foram inventados pela humanidade, como um benefício para o ser humano, para uma demanda que é a dificuldade para dormir. E quais são eles?

Os principais medicamentos para dormir são as drogas “Z”s (zolpidem, que tem várias marcas e modelos conhecidos em todo mercado, a Zopiclona e a eszopiclona). Temos também os benzodiazepínicos que são os medicamentos tarja preta, como o clonazepam, Alprazolam, Midazolam, por exemplo, o famoso “Rivotril”.

E temos outros tipos de medicamentos que não são propriamente para dormir, mas também são utilizados para tal fim, como alguns antipsicóticos, antidepressivos e até medicamentos anti-histamínicos.

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É Errado Tomar Remédio para Dormir?

E vem aquela pergunta: “é errado tomar medicamento para dormir”?

Depende. Se for prescrito pelo médico com um intuito terapêutico, não. O medicamento para dormir por si só não é uma coisa negativa nem positiva, é feito para a indução de sono. O que importa como um todo é descobrir a causa da falta de sono e a terapêutica para tratar essa causa, não só a medicação do efeito em si.

Esses Medicamentos Causam Dependência?

Depende. Se forem os medicamentos das drogas “Z”s, o zolpidem, a Zopiclona e a eszopiclona, é mais difícil de causar dependência, pois não são medicamentos que vão ter o efeito de tolerância, abstinência e de aumento de dose necessários para manter os seus efeitos, se, especialmente, mantiver em doses mais baixas.

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Tanto que o zolpidem em doses abaixo de 10 mg é considerado um medicamento que não precisa de receita azul. Em doses maiores que isso, depende de receituário azul, que é a receita controlada “B”, aquela de “chequinho”.

Já os benzodiazepínicos, que são o clonazepam, o Alprazolam, o Midazolam, o Rivotril, são medicamentos controlados e causam dependência com o uso prolongado e aumento progressivo de dose. Eles têm um efeito terapêutico, são importantes, mas não podem ser vistos como terapêutica final.

O que importa mesmo é a causa. Se a pessoa está usando um medicamento que é para a indução do sono, mas está tratando a depressão, ansiedade, o estresse crônico ou agudo, ou o que for que esteja causando a sua insônia, o uso concomitante de algum medicamento para a indução do sono não é errado. Agora, o grande problema é o uso desses medicamentos sozinhos, como se fossem resolver todos os problemas.

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Como Saber se Estou Viciado?

E como a pessoa sabe que está viciada em algum medicamento para dormir?

Vai depender dos sintomas que estiver apresentando. O uso esporádico de algum medicamento para dormir, em que ela tem algum remédio em casa e usa uma vez ou outra, quando percebe que está mais agitada ou vê que não está conseguindo iniciar o sono, não tem problema nenhum.

O problema todo é quando está usando algum medicamento com terapêutica de indução de sono somente e tem várias tentativas de parar de usar o remédio e não consegue, tem craving, que é o comportamento de busca pela substância (a pessoa passa a ficar com medo de faltar o remédio e começa buscá-lo de tudo quanto é maneira, pegar do vizinho, roubar da avó, começa a ir em vários médicos diferentes para ter receitas repetidas do medicamento para ter sobrando).

Quando ela começa a manter o uso do medicamento a despeito de efeitos colaterais que estejam causando na vida dela, em que está tendo sonambulismo, perdendo memória, fazendo coisa que não deve durante a madrugada e ainda está mantendo o uso do remédio.

E está com um aumento progressivo da dose do remédio, em que tomava antes 5 gotinhas do clonazepam, já começou a tomar 7, depois passou a tomar 10, 20 e assim por diante. Ou se tomava 5 mg do zolpidem, depois está em 10 mg, passou para 15 mg, depois 20 mg e assim por diante. O grande problema todo são os excessos e a falta de acompanhamento.

Você que está lendo o nosso conteúdo, escreva nos comentários o que acha do uso dos medicamentos para dormir e da dependência que causa nas pessoas.

Eu tenho uma paciente com uma história muito interessante, em que sempre tinha a sua dificuldade para dormir e sempre tentando, do seu jeito, parar de tomar o remédio para dormir. Ela pegava a receita de um zolpidem com um médico, no outro dia era um Rivotril, no outro era um anti-histamínico e não fazia o tratamento direito, ficava nisso.

E ela veio me procurar quando chegou a tomar 20 mg de zolpidem por algumas noites e em uma delas, acabou levantando de madrugada e mandando um monte de e-mail, ligando e fazendo um monte de coisa que nunca faria, se comprometendo muito no trabalho, passou muita vergonha pelas coisas que escreveu e viu que tinha que fazer alguma coisa.

E o que vimos? Ela tinha burnout, em relação ao trabalho, tinha que tratá-lo e tratar o sono da maneira adequada, e estava tendo intoxicação pela droga “Z”, que era o zolpidem nesse caso.

Fizemos a desintoxicação, reduzimos a dose, colocamos outro medicamento para ajudar na desintoxicação, tratamos o aspecto do burnout com um antidepressivo e a psicoterapia. Resolveu o problema. Além de que ela estava engordando por conta de ficar acordando toda a noite e comer, e nem lembrava que fazia isso.

O que Acontece com Doses Extras?

O que acontece com uma pessoa que começa a tomar doses extras de remédios para dormir? Porque acontece, ela está tomando por conta própria, está resolvendo, não trata a causa da ansiedade, mas, em um belo momento, o remédio não funciona. Ela tem que tomar algo a mais para dormir, porque vê que tomou o remedinho de antes e não está vindo o sono, então, ela dobra ou triplica a dose. E isso acontece muito, mais do que as pessoas imaginam.

O que pode acontecer? Se for com as drogas “Z”s, o mais comum é da pessoa ter comportamentos aberrantes durante a noite, como sonambulismo, fica desinibida, tem perda de memória lacunar (esquece o que faz durante certo período de efeito do remédio), pode ter sexomnia, que é fazer atividade sexual durante o sono como se estivesse acordada, mas não está e não lembra de nada.

Ela pode comer durante a madrugada e não lembrar que fez isso, apresentar desequilíbrios durante o dia, uma fala embolada e uma maior dificuldade de memória.

Se fizer isso com medicamentos benzodiazepínicos, pode ter uma dificuldade muito maior na manhã seguinte para começar a raciocinar corretamente, ter uma fala embolada, tropeços e dificuldade para dirigir e operar máquinas, além de ter uma interferência muito grande com outros medicamentos. E pode, às vezes, se tiver outros tipos de medicamentos e álcool, até mesmo ter depressão respiratória.

Como Parar os Medicamentos para Dormir?

E o que pode ser feito para parar de tomar os medicamentos para dormir? Porque todo mundo que está tomando quer parar de tomar o remédio pra dormir.

Conduta número um: tratar a causa da insônia. Todo mundo acha que insônia é como se acontecesse porque aconteceu, mas não é, ela tem uma causa e é importantíssimo diagnosticá-la.

Desde que a pessoa possa ter hipertireoidismo, alterações hormonais, estresse crônico, pode estar com um ambiente desregulado, com ansiedade, depressão. Tipicamente, a ansiedade causa mais dificuldade para iniciar o sono e na depressão, a pessoa, às vezes, inicia o sono e acorda no meio da madrugada.

Se ela descobre a causa da sua insônia, tem uma oportunidade de vencê-la e, assim, tratando a causa corretamente, muitas vezes, é necessário aumentar os remédios em vez de tentar retirá-los. Se está tendo um estresse crônico, uma ansiedade, uma depressão, muitas vezes, é necessário colocar um antidepressivo que a ajude a vencer aquela fase, aquele momento. Manter-se bem para que, assim, retire o remédio de dormir, depois os outros.

É importantíssimo a pessoa criar um hábito correto para dormir. Ela precisa ter rotina, porque o cérebro gosta de rotina, quando ele a tem, dá mais certo tudo. Ter hora para dormir, acordar, desligar luzes, ambiente, rádio-relógio, celular, televisão, computador, tudo, tablet, para que ela saiba que vai vir a hora do sono e ter a hora para acordar, acender a luz e sair da cama. Se ela faz um hábito da hora de dormir e acordar, tem muito mais chance de voltar a uma normalidade do sono.

A pessoa pode utilizar de técnicas de indução de sono se é muito ansiosa na hora de dormir e fica pensando muito nas coisas do outro dia. É importante pegar as coisas que tem na cabeça e anotar em um papel para que tire da cabeça, e assim consiga tranquilizar a mente de que não vai esquecer, não precisa ficar pensando naquilo o tempo todo, porque anotou no papel o que vai fazer no dia seguinte.

Quando terminar de fazer isso, que não pode ser uma coisa muito longa, ficar fora da cama aguardando o sono chegar, seja lendo um livro de papel calmamente ou ouvindo uma música, sentado em uma cadeira, mas fora da cama; por quê? A pessoa não pode estar na cama sem dormir, ela tem que ir para a cama com sono para que o cérebro associe a cama com o local de dormir; isso é muito importante.

E, muitas vezes, para retirar os medicamentos que causam dependência na pessoa, é importante mudarmos a formulação para uma maneira que possamos ir reduzindo gradativamente.

Se ela toma o clonazepam, comprimido, por exemplo, 2 mg, convertemos para gotas e viram, por exemplo, 20 gotas e vamos retirando uma gota por semana. Na primeira semana 20, 20, 20.. depois 19, 19, 19… 18, 18, 18… e assim vai saindo tão gradativamente que nem sequer percebe ou sente a falta do medicamento, a descida é muito gradativa.

Se for de medicamentos tipo drogas “Z”s, a pessoa está usando o zolpidem em uma dose muito alta, pode reduzir já mais abrupto, depois faz uma escadinha de ir reduzindo mais paulatinamente.

E é importante, muitas vezes, utilizar medicamentos que também atuam no receptor GABA, que é onde atuam as drogas “Z”s e têm os benzodiazepínicos, mas que não causem dependência, como, por exemplo, anticonvulsivantes, como, os gabapentinoides, a pregabalina ou a gabapentina.

Ambos medicamentos atuam no receptor GABA e ajudam a reduzir o medicamento que queira reduzir e não ter a falta do mesmo. Por quê? Muitas pessoas, quando estão fazendo a redução do clonazepam ou de outro medicamento, acabam não sentindo que dão conta quando começam a chegar em doses mais baixas, em que passam a acordar ou se sentir mal, e ao colocarmos gabapentinoides, como a pregabalina, acabam conseguindo fazer a redução do medicamento tranquilamente e depois retiram a pregabalina de uma maneira fácil.

E é muito importante realizar a psicoterapia cognitivo-comportamental do sono, pois esta vai retirar o trauma da insônia. A pessoa que fica sem dormir todas as noites seguidas sabe que não vai dormir, e a sua certeza a faz não dormir, porque chega na hora de dormir, o seu cérebro só fica preocupado que não vai dormir. E para isso a psicoterapia cognitivo-comportamental do sono é fundamental.

Se você conhece alguém que tem o uso abusivo ou uma dependência de medicamentos para dormir, envie o link deste artigo para ele, porque pode estar ajudando-o a ter uma solução definitiva para o sono dele.

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