Sono na Doença de Parkinson

Distúrbios do Sono na Doença de Parkinson

Sono na Doença de Parkinson. Se você quer saber sobre as Alterações do Sono no paciente Parkinsoniano, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia como um todo, vai explicar sobre isso.

Alterações do Sono na Doença de Parkinson

Neste artigo, vamos abordar sobre Alterações do Sono na Doença de Parkinson, que, infelizmente, também se manifesta com várias mudanças no sono do paciente parkinsoniano.

Todos esses sintomas são importantes, não só porque tiram a qualidade de vida do paciente, mas impedem que tenha um sono com uma arquitetura normal, assim, dificulta de alcançar estágios profundos do sono, como o de ondas lentas.

E é justamente no sono de ondas lentas que o cérebro realiza a sua “faxina” e limpa proteínas anormais e outras substâncias tóxicas para o cérebro, e quem realiza essa limpeza é o sistema glinfático.

Hoje, já se sabe que quem tem uma quantidade de sono de ondas lentas reduzida têm maior risco de desenvolver demência. Então, é de extrema importância saber reconhecer os problemas do sono relacionados à Doença de Parkinson para que possa ter os corretos diagnóstico e tratamento.

Transtorno de Comportamento do Sono REM

O transtorno de comportamento do sono REM talvez seja o transtorno de sono do paciente parkinsoniano mais icônico de todos, justamente porque precede a Doença de Parkinson e já pode ser um elemento marcador para um futuro diagnóstico da mesma.

O transtorno de comportamento do sono REM é um distúrbio do sono que consiste em movimentos bruscos, socos, chutes, movimentos com os braços e as mãos durante o sono REM de forma tal que parece que o corpo está atuando ou encenando o sonho.

Por exemplo, a pessoa está com a raquete, deu uma raquetada, o que não é normal, porque durante o sono REM, o corpo tem que estar completamente parado ou com atonia, que é a falta de tônus muscular. Isso significa que os músculos estão paralisados e esse estado é o normal do corpo durante o sono REM, só que no transtorno de comportamento do sono REM isso não acontece.

O transtorno de comportamento do sono REM impede que o paciente tenha um sono tranquilo, profundo e pode levá-lo até mesmo a cair da cama ou machucar a pessoa com quem a divide; então, é super importante o reconhecimento desse fenômeno para que tenha o correto tratamento.

Síndrome das Pernas Inquietas

A síndrome das pernas inquietas é quando o paciente tem uma inquietação, agonia, sensação física desconfortável nas pernas que só melhora quando as movimenta, se levanta e anda, ou realiza qualquer movimento de qualquer natureza, como esfregar uma perna na outra.

Essa sensação incômoda nas pernas tipicamente vem à noite, próximo à hora de dormir, e isso acaba dificultando muito o início do sono do paciente. Além de ter uma sensação incômoda, desagradável e até mesmo, nas palavras de alguns pacientes, dolorosa – muitas vezes pode ser referida como dor.

A síndrome das pernas inquietas não ocorre somente nos pacientes parkinsonianos, mas é especialmente comum neles, pois é uma das partes da fisiopatologia da doença e está na transmissão dopaminérgica.

Essa é uma condição que tem tratamento e, de maneira geral, é bem efetivo e melhora muito a qualidade de vida do paciente, mas necessita de correto diagnóstico para o correto tratamento.

Movimento Periódico dos Membros

O movimento periódico dos membros é quando um paciente está dormindo e as pernas dele periodicamente realizam movimentos involuntários, com pequenos espasmos, de maneira periódica, ao longo de toda noite. É bem diferente do transtorno de comportamento do sono REM.

Nesta patologia, o paciente literalmente chuta, soca, faz movimentos deliberadamente, já nos movimentos periódicos dos membros, os movimentos são pequenos, são espasmos, só que periódicos.

É comum em quem tem pernas inquietas também ter movimentos periódicos dos membros, mas não é uma obrigatoriedade ter um para ter o outro e dependendo da intensidade dos movimentos, isso atrapalha a qualidade do sono do paciente. Além de dificultar o sono de quem divide a cama com ele. E infelizmente, esse distúrbio do sono igualmente é comum na Doença de Parkinson.

Noctúria

A noctúria é quando o paciente é despertado pelo desejo da micção. Com o aumento da idade, acontecer isso uma vez por noite é normal, mas quando fica duas vezes ou mais por noite, já é considerado um sintoma que merece atenção.

É um dos transtornos de sono mais comuns entre os pacientes parkinsonianos e, muitas vezes, não é valorizado pelos mesmos. A noctúria é diferente de quando a pessoa acorda, então, faz outras coisas como comer ou tomar água, e depois resolve urinar.
Significa que ela acordou, fez outras coisas e resolveu urinar? Não, no caso, é um despertar noturno em que durante o despertar, a pessoa resolveu urinar. Já na noctúria, a pessoa é acordada com o desejo de urinar.

A noctúria está relacionada com a hiperatividade do músculo detrusor da bexiga, que é o músculo da parede da bexiga que está ativo, muito ativo. Na Doença de Parkinson, ele está hiperativado e comumente, quanto menor a carga de dopamina durante a noite, maior a chance dessa hiperativação do músculo detrusor e de noctúria, que também pode ser causada pela apneia do sono, que igualmente é frequente na Doença de Parkinson.

Despertares Noturnos / Sono Fragmentado

Despertar várias vezes ao longo da noite, ter um exame de polissonografia com vários micro despertares ou simplesmente ficar muito tempo acordado durante o período do sono são alterações na quantidade e manutenção do sono. Esses talvez sejam os problemas mais comuns do sono do paciente parkinsoniano.

Segundo estudos, 80% dos pacientes parkinsonianos relatam ter de dois a cinco despertares noturnos. Com o passar da idade, diversos elementos podem afetar o sono, como prostatismo, uso de diuréticos, transtorno de humor, como depressão, ansiedade, outras patologias, como insuficiência cardíaca, dores, etc.

Tudo isso torna-se mais comum com o passar da idade, mas além desses elementos que atrapalham o sono de toda e qualquer pessoa, o paciente parkinsoniano tem a alteração da arquitetura do sono pela própria Doença de Parkinson.

Alterações na transmissão da dopamina e noradrenalina facilitam que o cérebro tenha maior propensão para despertar ao longo da noite e até mesmo menor quantidade de sono.

Sonolência Diurna / Ataques de Sono

A sonolência excessiva diurna afeta um terço dos pacientes parkinsonianos juntamente com ataques de sono. A sonolência excessiva diurna é quando o paciente frequentemente sente sono durante o dia e tem uma necessidade frequente e de maior intensidade para que durma.

Os ataques de sono, como o próprio nome diz, vem de maneira súbita, um desejo incontrolável de dormir, a pessoa simplesmente apaga. Esse excesso de sono tem diversas causas, sendo que uma das mais importantes é a própria evolução da doença.

E, hoje, sabemos que o Parkinson afeta a produção da orexina, que é uma substância responsável por manter a pessoa acordada. Quando tem uma falta de orexina, acaba gerando a doença chamada narcolepsia, que é a doença do sono, ou seja, a falta da orexina, de uma maneira muito grande, causa a narcolepsia.

Além do próprio Parkinson, tem vários outros motivos para maior sonolência diurna como os medicamentos do Parkinson, como agonistas dopaminérgicos, como pramipexol e também a amantadina, logo, os próprios remédios podem causar mais sono.

Igualmente existem comorbidades que são comuns na Doença de Parkinson que causam maior sonolência diurna, como a depressão. Não podemos esquecer das próprias patologias do sono que atrapalham o sono da noite, por isso, por si mesma, a pessoa fica com sono durante o dia, como a apneia do sono, fragmentação do sono e baixa quantidade de sono.

Apneia do Sono

Temos também a apneia do sono, que é uma patologia comum às pessoas com e sem a Doença de Parkinson. E a prevalência da apneia do sono aumenta com a idade e o Parkinson é mais comum em idades mais avançadas. Então, em pacientes com idade mais avançada é mais comum ter apneia do sono.

Além disso, o próprio controle motor de músculos da faringe, da glote, do diafragma, da caixa torácica podem estar comprometidos devido à Doença de Parkinson. Isso por si só pode aumentar as chances de apneia do sono, seja esta central, obstrutiva ou na forma de hipopneia. O ponto mais importante é que deve ser investigado sempre o sono do paciente parkinsoniano com a polissonografia para tentar detectar alguma possível apneia do sono, pois a mesma tem tratamento.

Sonhos Vívidos / Alucinações

Com o passar do tempo e a evolução da Doença de Parkinson, infelizmente é mais comum o paciente ter sonhos vívidos e até mesmo alucinações do sonho que podem causar desconforto, incômodos durante o sonho, sendo algo desagradável toda noite, a ponto do paciente não gostar de dormir ou ficar preocupado com o momento de dormir.

Isso acontece devido a uma hipersensibilidade dos receptores dopaminérgicos na região mesolímbica e que se detectada pode ser tratada prontamente com medicamentos antipsicóticos como, por exemplo, a clozapina.

Suor na Doença de Parkinson

Temos também o suor na Doença de Parkinson. Transtornos da regulação da sudorese podem acontecer na Doença de Parkinson como algo do espectro da disautonomia da doença. Pode acontecer tanto o excesso quanto a falta do suor, e ambos são incômodos para o paciente. Uma das queixas mais comuns é a sudorese excessiva durante a noite e isso igualmente faz parte dos distúrbios do sono do paciente parkinsoniano.

Escreva nos comentários o que achou sobre os Transtornos do Sono na Doença de Parkinson. Você já teve algum desses? Conhece alguém que teve? O que achou sobre todos esses elementos que afetam o sono e a qualidade de vida do paciente parkinsoniano?

Detalhe suas dúvidas e se gostou do artigo, compartilhe, pois conhecimento, quanto mais compartilhado, melhor para todos.

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