Tratamento da Enxaqueca – Novidades no Tratamento da Enxaqueca
Se você quer saber o que há de Novo no Tratamento da Enxaqueca, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai explicar sobre isso.
O que Há de Novo no Tratamento da Enxaqueca?
Esse é o tema deste artigo, mas, primeiramente, o que é enxaqueca?
O que é Enxaqueca?
Enxaqueca é uma doença caracterizada por dor de cabeça, tipicamente em uma metade da cabeça, de moderada a alta intensidade, que se não tratada dura mais de três horas e vem acompanhada de dois dos seguintes sintomas: incômodo com a claridade, que é a fotofobia, incômodo com um dos barulhos, que é a fonofobia, incômodo com cheiro, que é a osmofobia, náuseas ou vômitos, e a piora da dor com a atividade física.
Na enxaqueca clássica, também estão presentes sintomas de auras que tipicamente vêm com escotomas visuais, espectros de fortificação e outras alterações visuais. Enxaqueca e outras dores de cabeça constituem o grupo de patologia com maior carga de incapacidade na população em idade de trabalho, por isso, é uma patologia de extrema importância para a sociedade.
Tratamentos Clássicos da Enxaqueca
Os tratamentos clássicos para enxaqueca são medicamentos abortivos, ou seja, medicamentos para controlar a dor quando a mesma aparece, que podem ser analgésico comuns como dipirona, paracetamol; anti-inflamatórios, como Ibuprofeno ou Naproxeno, e outros; antieméticos como os medicamentos para náusea e vômitos, como Plasil, que é Metoclopramida, ou a Clorpromazina, que é o Amplictil; medicamentos derivados do ergot, como Cefaliv e medicamentos da família dos triptanos, como o sumatriptano, por exemplo.
Todos esses são medicamentos clássicos para tratamento abortivo da enxaqueca, ou seja, vem uma enxaqueca, você pode usar esses medicamentos para ajudar a abortar a crise.
Também existem medicamentos profiláticos, que são tomados diariamente para prevenir que tenha as crises de enxaqueca. São medicamentos anticonvulsivantes, como o ácido valproico ou o topiramato; antidepressivos como amitriptilina, Nortriptilina e venlafaxina; betabloqueadores, que são medicamentos para pressão alta, como Propranolol e o Nebivolol, e medicamentos bloqueadores do canal de cálcio como a flunarizina.
Tratamentos modernos, mas que já estão em prática clínica alguns bons anos, como, por exemplo, a toxina botulínica no protocolo PREEMPT para o tratamento da enxaqueca diária crônica e os anticorpos monoclonais contra as moléculas do CGRP como o Fremamezumabe e galcamezumab.
O tratamento com a toxina botulínica e os anticorpos monoclonais contra o CGRP ficam reservados para os pacientes que têm enxaquecas resistentes aos tratamentos com medicamentos tradicionais.
Novos Tratamentos para a Enxaqueca
Quais são os novos tratamentos para enxaqueca? Os Gepants são moléculas, uma nova classe de medicamentos, que bloqueiam os receptores da molécula CGRP.
Diferentemente dos anticorpos monoclonais contra as moléculas CGRP, que tentam eliminar a molécula CGRP, assim, reduzindo a sua atividade, os Gepants atuam impedindo que o CGRP ligue com o receptor e acaba inibindo o efeito da molécula, ou seja, ele não elimina a molécula do CGRP, mas acaba bloqueando o efeito dele justamente para não permitir que se conecte ao receptor que ativa o efeito da molécula.
O efeito esperado é que cerca de 70% dos pacientes que tomam o medicamento tenham pelo menos uma redução maior do que 50% no número de dias de dor e da intensidade da dor. O efeito é um pouco melhor do que o esperado com os anticorpos monoclonais contra o CGRP.
A molécula Atogepant foi uma das primeiras dessa classe medicamentosa dos Gepants, uma das mais estudadas e já vem com evidência de que com o uso contínuo do medicamento, por pelo menos 48 semanas, o efeito de redução das dores de cabeça continua com a mesma intensidade do início.
Ou seja, se no início ele teve esse efeito que 70% dos pacientes têm, de uma redução de pelo menos 50% ou mais do número de dias da intensidade da dor, depois de 4 semanas, este efeito continua da mesma intensidade. Então, não tem perda do efeito terapêutico com o uso prolongado.
Nos Gepants, também chegaram apresentações de forma de ação rápida, como spray nasal para alívio imediato de crise de enxaqueca. Já existem várias outras moléculas além do Atogepant.
Um estudo que mostrou o uso do canabidiol vaporizado na concentração de 11% de CBD e 6% de THC teve efeito para rápido controle de crises de enxaqueca e ele se mostrou mais efetivo do que o THC isolado em 6% e do CBD isolado em 11%, e do que o placebo com apenas quatro puffs de canabidiol com THC vaporizado foi suficiente para um rápido alívio da crise de enxaqueca.
Então, com quatro puffs desse THC com CBD vaporizado, a pessoa tem um rápido alívio de uma crise de enxaqueca. Logo, serve como medicamento abortivo.
E também foi visto que praticamente não teve efeitos colaterais e é muito bem tolerada. A maior quantidade dos efeitos colaterais estava relacionada ao THC puro e o THC com o CBD teve efeitos colaterais similares aos do placebo. Ou seja, são praticamente nulos os efeitos colaterais da associação THC com CBD para o alívio rápido da enxaqueca.
Temos outro estudo, este pegou dados de centenas de milhares de pessoas que utilizam medicamentos para alívio de crises de enxaqueca, que viu que os medicamentos que têm maior potência de efeito de alívio comparados com o Ibuprofeno (eles compararam os medicamentos com o efeito base do Ibuprofeno) são por ordem de eficácia: primeiro, os triptanos, depois os derivados da ergotamina e medicamentos antieméticos.
E entre todos os triptanos, que foi a classe que mais teve alívio para crise, o que teve maior índice de razão de chances de ajudar o paciente a ter alívio das crises de enxaqueca foi o eletriptano.
Apesar da molécula não ser nova, o eletritano chegou no Brasil faz pouco tempo, então, é uma novidade para o tratamento da enxaqueca como um dos triptanos de maior potência para alívio da dor e de efeitos colaterais similares aos dos outros triptanos ou até menos. Então, mais um novo medicamento para o tratamento da enxaqueca é o eletriptano.
Igualmente existe um aparelho de estimulação magnética transcraniana portátil, com o qual o paciente aplica um pulso na região occipital logo no início da crise da enxaqueca e com esse pulso magnético é possível abortá-la. É um dispositivo que está disponível para ser comprado nos Estados Unidos, que é de fácil manuseio e não é medicamentoso.
Além disso, pode ser associado aos medicamentos abortivos tradicionais como o triptano para o tratamento de uma crise de enxaqueca. Esse pulso magnético praticamente não tem efeitos colaterais e a aplicação é muito simples, muito prática e a pessoa pode carregar para qualquer lado, ele não é grande.
Então, das principais Novidades para o Tratamento da Enxaqueca temos as moléculas Gepants, que são bloqueadoras do receptor, da molécula CGRP, e podem ser usadas para profilaxia, para prevenir ou abortar as crises. Temos a combinação do CBD com THC vaporizado, que com quatro puffs tem um efeito muito significativo para o controle da crise da enxaqueca.
Temos a molécula que não é nova, mas chegou agora no mercado brasileiro, que é o eletriptano, um dos triptanos que tem a maior taxa de eficácia para alívio da dor e temos também o aparelho da estimulação magnética transcraniana como um dos elementos para abortar as crises de enxaqueca de forma não medicamentosa.
Este foi o conteúdo sobre as Novidades no Tratamento da Enxaqueca. Se você tem alguma dúvida sobre os tratamentos novos ou até mesmo os antigos para enxaqueca, escreva nos comentários o que achou dessas novidades do CBD com THC, da estimulação magnética transcraniano, dos Gepants, até esse novo medicamento que agora já está no mercado brasileiro, o eletriptano. E descreva como é que você faz para aliviar a sua crise de enxaqueca.
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