Café e o Cérebro – Tudo Sobre o Café e o Cérebro
Neste artigo, vamos abordar sobre o Café, tudo que contém nele, e o Cérebro.
História do Café
Segundo as principais versões, o café foi descoberto no século IX, na Etiópia, onde Kaldi percebeu que os frutos vermelhos faziam as cabras ficarem mais ativas e alegres, conseguindo percorrer quilômetros.
Então, ele levou a informação para um monge local, que começou a preparar na forma de infusão, como o chá. Tempos depois, descobriram que, quando torrado, liberava o aroma conhecido e a Arábia Saudita que encarregou de propagar a bebida.
Chegou a ser proibido para os cristãos por um bom tempo, por causa dos seus “poderes sobre a alma”, mas depois foi legalizado pelo papa Clemente VIII, que gostava de um bom cafezinho.
Foi rechaçado pela medicina por causa de estudos antigos que não eram bem desenhados, como, por exemplo, que associavam o café a maior risco de infarto e AVC, mas não levavam em consideração que muitos dos que tomavam café também fumavam muito.
Hoje, após idas e vindas, o café continua sendo um hábito forte do ser humano. E vamos ver o que temos de mais moderno nas ciências sobre a relação do café com o cérebro, mais precisamente com AVC, insônia, Alzheimer, Parkinson, depressão, ansiedade, epilepsia e enxaqueca.
E você que está lendo o nosso artigo, se também gosta do nosso canal do YouTube, se inscreva e clique no sininho para receber notificações de novos vídeos, não perder nenhuma novidade e ainda, assim, acabar sempre tendo mais conhecimento sobre Neurologia e diversos outros assuntos do seu interesse.
E dê o like para que o sistema, o YouTube, entenda que você gosta deste conteúdo, para que mostre mais sobre esses assuntos de Neurologia. E antes de mais nada, queremos que você pense também em seus colegas e envie o link deste artigo para mais pessoas.
Café e AVC
O café já foi associado a um maior risco de se ter um AVC, mas isso foram estudos antigos, que não tinham uma metodologia científica tão rigorosa e detalhista, e que acabavam colocando junto outros hábitos que estão relacionados ao AVC, como o tabagismo e o sedentarismo.
Entretanto, em 2021, foi publicado um estudo feito no Reino Unido, que acompanhou, por aproximadamente 11 anos, 365 mil pessoas que tinham entre 50 e 74 anos de idade. O mesmo avaliou o surgimento de AVC e demência nas que tinham associado a quantidade de café e chá.
E quem consumiu maior quantidade dessas bebidas nesse estudo, permitiu a correção e retirada da influência de diversas variáveis, como sexo, idade, etnia, qualificação, renda, índice de massa corporal, atividade física, etilismo, tabagismo, padrão alimentar, consumo de bebidas açucaradas, lipoproteínas A e de baixa densidade, HDL, histórias de câncer, diabetes, doença arterial coronariana e hipertensão.
E o estudo conseguiu mostrar que o consumo de 2 a 3 xícaras de café por dia ou a ingestão combinada de chá (3 a 6 xícaras por dia) foi associado a menor risco de acidente vascular cerebral e demência. Ou seja, uma pessoa que bebe até 2 a 3 xícaras de café por dia tem um risco 32% menor de ter um AVC – um bom cafezinho ajuda a proteger do AVC, segundo esse estudo.
Café e Problemas no Sono (Insônia)
Tem pessoas que dizem tomar café para ajudar a dormir, quem diz que se tomar café à noite não dorme. Será que isso é verdade, mentira, lenda? Uma revisão sistemática, um estudo que avalia vários outros estudos já feitos sobre o assunto, foi feita para avaliar se o café realmente prejudica o sono.
Na maioria dos estudos analisados, foi demonstrado que a cafeína prejudica o início do sono, reduz o tempo total que a pessoa passa dormindo e piora a qualidade percebida do sono.
A percepção da qualidade do sono foi mensurada tanto subjetivamente (quando o indivíduo relata o que percebeu ou não do sono) quanto de maneira objetiva (quando é medida por meio de exames, como eletroencefalograma e polissonografia).
O café afeta o sono de uma forma que vários estudos acabaram mostrando. Exceto em bebês, essas alterações acontecem em todas as idades, mas os idosos são mais vulneráveis aos distúrbios do sono quando consomem altas doses de café, especialmente mais próximo da hora de dormir.
Cada estudo considera quantidades diferentes de café como sendo baixa, alta ou moderada. Mas pode-se considerar altas doses quando se ultrapassa 4 xícaras por dia.
Se o café vai ou não afetar a qualidade do sono, depende também do peso da pessoa ou da predisposição genética para desenvolver essas alterações do sono. Ou se algumas pessoas são naturalmente mais sensíveis à cafeína, não poderiam tomar a mesma quantidade de café que outras. Então, tem algumas que têm maior tolerância ao café do que outras.
Na prática, o que vemos é: paciente que já tem insônia, não dorme bem e fica com sono durante o dia, então, para tentar compensar o sono, acaba tomando mais café ao longo do dia.
E como esse tipo de bebida tem uma meia vida longa, ou seja, demora a ser metabolizado, acaba atrapalhando o sono e, com isso, volta a ter insônia, que piora mais ainda o sono do outro dia e leva ao ciclo no dia seguinte de querer tomar mais café, piorando o sono dele mais ainda na outra noite. Como sair desse ciclo de insônia, abordamos em outro artigo no blog.
Você que está acompanhando o conteúdo, escreva nos comentários o que acha sobre o café em relação ao sono, ao AVC. Você tem medo de tomar café? Acha que não afeta em nada para você? Escreva qual é a sua relação com o café, porque ele tem muitas histórias: tem gente afirmando que tem maravilhas e pacientes que têm horror ao café.
Eu, particularmente, tenho um paciente que vivia cansado, sempre bocejando durante o dia e tomava diariamente seis, sete xícaras de cafézinho, porque fazia várias reuniões ao dia e em cada uma era um cafezinho, em que ficava bocejando, com sono e misturava a bebida com energético. Chegava de noite, achava que dormia maravilhosamente bem. Então, veio aqui queixando do sono que tinha durante o dia, mesmo tomando esse tanto de café.
O exame de polissonografia mostrou que tinha um sono todo fragmentado, ele dormia, mas tinha muitos despertares noturnos, o número de microdespertares era muito grande.
O sono dele era superficial, não tinha sono profundo. Então, não tendo o sono profundo e nem uma continuidade, uma arquitetura boa do sono, a pessoa fica como se não dormisse de verdade. E não dormindo bem, sente sono durante o dia, por isso, tentava compensar tomando mais café.
Para ele foi muito simples, bastou retirar o café todo e colocar um pouquinho de coisa que estimula o sono, como chá, melatonina e magnésio, que estabilizou o sono dele à noite, e ficou acordado durante o dia – eu permiti que tomasse até 2 ou 3 xícaras de café por dia, e só.
Café e Demência (Alzheimer)
Além do café e do sono, temos também o café e a demência , o Alzheimer. Tem relação o café com o Alzheimer? Será que se eu tomar café a vida inteira, vou acabar ficando demente? “Sei lá, né?! Isso aí mexendo e acelerando a cabeça a vida inteira das pessoas, vai que dá ruim lá na frente, né?!” Tem muita gente que tem medo em relação a isso.
Mas não! Grandes estudos já revelaram que não existe associação entre o consumo de café e o desenvolvimento de Doença de Alzheimer ou outras demências. Pelo contrário, os fitoquímicos encontrados no café, como os flavonóides, demonstraram promover a plasticidade sináptica, melhorar a cognição e proteger os neurônios do Alzheimer.
Um estudo de coorte – um estudo de acompanhamento natural de um grande número de pessoas ao longo de muito tempo – acompanhou, por cerca de 12 anos, mais de 365 mil indivíduos e foi constatado que o uso regular do café, de 2 a 3 xícaras por dia, reduz cerca de 28% o risco de desenvolver uma demência ou Alzheimer.
Outros importantes estudos já estabeleceram uma relação inversa entre o consumo de café e o declínio da memória durante o envelhecimento normal. Ou seja, quanto maior o consumo regular de café, menor a queda de memória natural associada ao envelhecimento.
E você que está nos acompanhando, escreva nos comentários se acha que o café realmente pode ajudar na memória, a prevenir o Alzheimer ou o AVC? Acha que pode piorar o seu sono?
Café e Doença de Parkinson
O café é uma substância já estudada em doenças neurodegenerativas, especialmente o Parkinson, e já se sabe que tem as funções de proteger o cérebro. A cafeína é capaz de combater a perda de neurônios dopaminérgicos, induzindo a neuroproteção e reduzindo doenças neurológicas.
Existe um estudo prospectivo com 8.004 homens, nipo-americanos, realizado ao longo de 27 anos, que relatou uma associação entre a incidência de Doença de Parkinson e o risco cinco vezes menor para aqueles que bebem mais de 4 xícaras por dia em comparação com quem não é consumidor de café.
Outro estudo, uma meta-análise de 20 estudos, em 2002, relatou que o risco global de desenvolver Parkinson diminui 31% (o risco relativo é de 0,69%, ou seja, quanto menor esse número, menor o risco relativo de desenvolver a doença) o risco de se desenvolver Parkinson em bebedores de café em comparação a não tomadores de café. Alguns estudos individuais encontraram uma redução de risco mais forte, chegando até 80%.
Outra meta-análise de 26 estudos, em 2010, descobriu que o risco geral de desenvolver Doença de Parkinson caiu de 24% a 32% por aumento de 300 mg de cafeína na dieta (ou seja, a cada 3 xícaras de café, aproximadamente, você tem 300 mg de cafeína).
Uma meta-análise de dose e resposta de 2014 mostrou uma relação linear entre a redução de risco de Doença de Parkinson com chá e consumo de cafeína. No entanto, a associação atingiu o máximo de, aproximadamente, 3 xícaras de café por dia.
E nas mulheres, os dados são mais ambíguos. Um estudo encontrou uma relação em forma de U, sendo que o consumo moderado de café e cafeína é mais protetor; logo, significa que 3 a 4 xícaras são protetoras, acima disso pode ser prejudicial.
O café em altas doses pode aumentar o risco de Doença de Parkinson nas mulheres que fazem terapia de reposição hormonal por via oral. Então, os tomadores de café moderados têm menos risco de desenvolver Doença de Parkinson e também evolução mais lenta do mesmo.
Café e Depressão
O café e a depressão: será que tem alguma relação? Se alguém está sem energia, alegria, sem prazer na vida, tomar um café pode melhorar ou só a irrita mais ainda?
Um estudo que avaliou 5.211 casos de depressão e o consumo de café revelou uma possível proteção contra depressão quando se consome a cafeína com moderação e regularidade. A redução do risco de desenvolver depressão é pequena, mas existe. Quem toma cerca de 3 xícaras de café por dia tem 16% menos chance de ter depressão em relação a quem não toma nada.
Foi possível estabelecer que doses até, no máximo, 300 mg de cafeína (que seriam 3 a 4 xícaras de café por dia) podem melhorar os estados de humor e reduzir o risco de desenvolver depressão e suicídio. Possivelmente, também tem o comportamento em U – doses muito maiores que 5 a 6 xícaras podem estar associadas a maior risco de depressão.
Café e Ansiedade
Altas doses de cafeína podem aumentar a ansiedade, mas, geralmente, não ocorrem com doses baixas. Além disso, o consumo frequente de cafeína torna uma pessoa mais resistente aos efeitos de ansiedade, mesmo naquelas geneticamente mais predispostas a sentir sintomas ansiosos.
A cafeína pode ser ruim para pessoas com transtorno de pânico, pois foi demonstrado em um estudo que o consumo de uma dose acima de 480 mg de cafeína as deixa mais sensíveis aos ataques de pânico.
O grande ponto do café e da ansiedade é o de potencialização da condição de quem já está ansioso. Como? O café em doses mais altas, como 4 xícaras ou mais, pode causar aumento da frequência cardíaca, transpiração nas mãos, maior agitação psicomotora e isso acabar tornando-se um feedback positivo para ansiedade.
Ou seja, o cérebro lê o coração acelerado, a transpiração, as pernas inquietas, então, “estou em perigo”, e isso deixa as pessoas em alarme e em pânico.
Café e Epilepsia
As informações sobre a cafeína na epilepsia ainda são muito escassas. Os estudos feitos em ratos já mostraram resultados conflitantes, alguns indicaram aumento das crises convulsivas e outros, a diminuição. Mas parece que quando a dose da cafeína é única e alta, de uma vez só, aumenta o risco e a frequência da crise epiléptica, enquanto isso, se a dose é baixa e crônica, parece melhorá-las.
Porém, são apenas resultados de estudos em ratos, não se pode esperar exatamente o mesmo em humanos. Até o momento não existem resultados robustos que justifiquem a exclusão da cafeína na dieta de uma pessoa epiléptica a fim de prevenir crises.
Por outro lado, é importante lembrar que o café pode afetar a qualidade do sono, porque se for ruim, tende a aumentar a chance de ter crises epilépticas. Dessa forma, o café pode ter um efeito prejudicial indireto e importante na epilepsia.
Quanto ao efeito do café na qualidade do seu sono, novamente lembrar do efeito em U do café, no qual doses moderadas podem ser protetoras e as altas são prejudiciais. Provavelmente, as doses mais altas e de uma vez podem acabar sendo causadoras das crises convulsivas.
Café e Enxaqueca
A cafeína pode tanto piorar quanto ajudar no tratamento da enxaqueca. O que se tem de evidência é que uma única dose não é capaz de desencadear uma enxaqueca, pelo contrário, a cafeína sozinha, como um composto de droga, mostrou-se segura e eficaz no tratamento de enxaquecas agudas.
Pode acontecer uma confusão nessa questão do café desencadear enxaquecas. Entre os sintomas que antecedem a condição, existem os seus pródromos, que são bocejos, níveis de energia diminuídos e sonolência, podendo fazer com que a pessoa tome mais café. Logo após os pródromos, a enxaqueca aparece e acaba sendo associada ao café – mas ela teria a crise mesmo que não tomasse a bebida.
Por outro lado, o uso excessivo da cafeína é um dos fatores de risco para transformar uma enxaqueca episódica em uma crônica. Por isso, se você tem enxaqueca, precisa estar ciente da quantidade de cafeína que ingere no dia a dia. É importante identificar também o consumo de outras fontes de cafeína, como alguns chás, refrigerantes, bebidas energéticas e medicamentos.
Quem tem enxaqueca e quer continuar fazendo a ingestão de cafeína precisa manter a ingestão diária o mais consistente possível e preferir o próprio café, não devendo exceder a dose de 200 mg – 300 mg ao dia, que são cerca de 2 a 3 xícaras de café por dia.
Para as pessoas que desejam parar de consumir, isso deve ser feito de forma gradual, ao longo de várias semanas, para não correr o risco de desencadear uma enxaqueca com uma retirada abrupta da cafeína.
Outro alerta importante é sobre o consumo excessivo de analgésicos. Os que contêm cafeína são seguros e eficazes no tratamento das crises de enxaqueca, mas seu consumo deve ser limitado a 2 dias durante a semana para evitar dor de cabeça pelo excesso de medicamentos.
Então, você que toma café, café com leite A2A2, chá, cafeína em pó, compartilhe o link deste artigo. Mande para aquele amigo amante de um bom café ou até mesmo para quem “torce o nariz ‘pro pretinho’”.
Se inscreva no nosso canal do YouTube. Ative o sininho para receber novos vídeos e compartilhe, porque conhecimento, quanto mais difundido, melhor para todos!
Assista ao vídeo e saiba mais: