Doenças Osteomusculares do Idoso (Osteoporose)
Se você quer saber mais sobre as principais Doenças Osteomusculares do Idoso, fique até o final deste artigo que a Dra. Vanessa Tarazona, médica fisiatra da Clínica Regenerati, formada pelo HC da USP, especialista em Dor, e que no canal do YouTube fala sobre Reabilitação, Dor, Distonia e Neurofisiologia, vai abordar sobre isso hoje.
Doenças Osteomusculares Mais Comuns no Idoso
Neste artigo, eu vou falar sobre as doenças osteomusculares mais comuns no idoso e vamos começar com a osteoporose.
Osteoporose
A osteoporose é uma doença que atinge os ossos, deixando-os mais fracos, porque perdem aquela massa que os compõem. Eles ficam mais fracos e mais fáceis de serem quebrados com traumas muito simples, de baixo impacto e até ainda sem trauma.
As fraturas ou as fragilidades são aquelas que acontecem nos pacientes que têm pouco trauma, por exemplo, cair da própria altura, ou traumas menores – ou mesmo sem trauma. E elas são localizadas mais comumente nas vértebras, ou seja, na coluna; no punho e no fêmur, no quadril. Mas elas podem acontecer em outros locais, como, por exemplo: no braço, nas costelas e na pelve.
Por que as fraturas são importantes nessa faixa etária? Porque causam dor, mas não só a dor como incapacidade física; o paciente fica acamado, com uma alteração da independência. E promovem a deterioração da qualidade e da expectativa de vida.
Principalmente, as fraturas de quadril são muito graves; elas podem aumentar os riscos de mortalidade e de incapacidade; o paciente fica mais tempo dependente; 50% dos pacientes que tiveram uma fratura de quadril chegaram a ter uma incapacidade de manter uma autonomia ao longo da vida depois daquela fratura.
Tipos de Osteoporose
E vamos dividir então a osteoporose em três grandes grupos, em três grandes causas.
- Osteoporose Senil
- A osteoporose senil é aquela que acontece nos pacientes mais idosos, geralmente acima de 70 anos nos homens.
- Osteoporose Pós-Menopausa
- A osteoporose pós-menopausa é nas mulheres que tiveram que pausar a menstruação, ou seja, menopausa.
- Osteoporose Secundária
- E a secundária é por causa de algumas doenças que causam osteoporose, perda de massa do osso, como doenças no rim, no fígado, algumas doenças reumatológicas e uso de medicamentos, como corticoides.
E a osteoporose é muito alta; não só ela, mas a diminuição da densidade mineral óssea, que seria um estágio pré-osteoporótico. Por isso é muito importante os pacientes fazerem um check-up, irem ao médico, para avaliar esses fatores de risco para ter osteoporose e diminuição da massa do osso.
Quais São os Pacientes que Têm Risco de Osteoporose?
Quais são esses fatores de risco? Então, primeiro, as mulheres pós-menopáusicas, que já não estão mais menstruando, porque quando param de menstruar, diminuem os níveis de estrogênio, que é um hormônio fundamental para manter a massa dos ossos fortes.
- A idade avançada: ao longo do tempo, acabamos perdendo massa óssea. A raça ou a etnia: as pessoas brancas tendem a ter mais perda óssea, de massa óssea. Baixo peso: pacientes que são muito magros, que têm aquela perda de peso, são mais propensos a terem diminuição da massa dos ossos.
- Imobilização por muito tempo: quem está mais tempo acamado, quem teve um acidente e precisou ficar mais tempo de cama. E o paciente que é sedentário tende a ter também a diminuição da massa dos ossos, porque o exercício estimula a formação do osso.
- Pessoas tabagistas, que fumam, e que tomam álcool – ingestão de álcool. Dieta pobre em cálcio: pessoas que não consomem cálcio suficiente na dieta. História familiar: quem tem familiares, pessoas na família que têm história de osteoporose.
- O paciente que já teve uma fratura por fragilidade, ou seja, pacientes que fraturaram com traumas muito leves, e uso de alguns medicamentos, como, por exemplo, os corticoides. E então, quando você tem esses riscos, deve procurar o médico.
O que o Médico Vai Fazer Quando Você For à Consulta?
Ele vai fazer uma história detalhada, colher todos os seus dados e conversar bastante com você para ver seus antecedentes e seus hábitos de vida. Vai fazer um exame físico também, bem detalhado, vai ver o seu estado físico geral e avaliar sua postura. Pacientes, por exemplo, que já tiveram uma fratura prévia podem ter corcunda por fraturas nas vértebras.
O médico também vai avaliar a força muscular, as atividades que realiza no dia a dia, a postura, a marcha e vai ver se realmente o paciente tem risco de quedas. O risco de queda aumentado em uma pessoa que tem pouca massa óssea pode levar a fraturas.
Exames Laboratoriais
E por fim, vai solicitar exames laboratoriais específicos: de sangue – para verificar a vitamina D, o cálcio, o fósforo, etc. E vai até solicitar, se for necessário, raio-X do quadril, da coluna, e um exame mais específico, que é para ver a massa dos ossos, como a densitometria óssea e a DEXA.
Tem Algumas Doenças que Podem Ocasionar Diminuição da Massa Óssea
Essas doenças podem ser: gastrointestinais, reumatológicas, endocrinológicas, e para esses casos, tem os exames laboratoriais ainda mais específicos que o médico, se suspeitar, vai solicitar também.
Agora, é muito importante sabermos que independentemente do resultado da densitometria óssea, que é aquele exame que mede a massa do osso, ou da DEXA – que é como se fosse um raio-x, não doloroso, e mais específico para ver a massa dos ossos –, pode não dar osteoporose.
A osteoporose é quando está escrito DEXCLOR -2.5 e pode não dar osteoporose, mas pode dar uma diminuição da massa óssea, da densidade mineral óssea, que é um resultado entre -1 e -2.5. E mesmo assim, se a pessoa tiver fatores de riscos que levam a um risco de fratura por fragilidade, o tratamento tem que ser feito, tem que iniciar uma abordagem geral desse paciente.
Fora isso, temos uma ferramenta, em nosso consultório, nós, como médicos, que nos ajuda a calcular o risco de fratura maior, ou seja, no quadril, na vértebra.
Além disso, o médico conta com uma ferramenta que o ajuda a calcular o risco de fratura em 10 anos; fratura maior, ou seja, no quadril, no úmero, no fêmur, no punho.
Essas fraturas maiores devem acontecer em 10 anos, então é muito importante; o médico vai colocar os dados do paciente – que ele falar –, os antecedentes, os seus hábitos de vida, e vai fazer esse cálculo para conseguir conversar com você.
Diagnóstico de Osteoporose
O diagnóstico de osteoporose é feito com aqueles exames que já conversamos: a DEXA e a densitometria óssea. A osteoporose é um resultado daquele DEXCLOR -2.5. Mas, como eu já falei, mesmo com a diminuição da massa óssea sem ser osteoporose tem que começar a abordagem.
Tratamento
E qual é essa abordagem? Qual é o tratamento?
Mudanças Comportamentais
Então, primeiro é com mudanças comportamentais. Mas quais mudanças comportamentais? O paciente precisa fazer exercício, mas não é qualquer um; tem que ser um exercício orientado pelo médico – ele vai avaliar qual é seu estado físico para conseguir orientar o melhor exercício para evitar complicações.
Uma nutrição adequada: alimentação é muito importante na formação do osso. Então, o paciente precisa ingerir a quantidade necessária de cálcio para conseguir manter seus ossos fortes. Os derivados do leite geralmente orientamos, mas tem outros alimentos que também podemos orientar para quem não consome leite.
Parar de fumar e de beber, e não abusar muito de café. O cálcio é ideal ser orientado na dieta ou também pode ser dado em comprimido; temos algumas contraindicações de alguns comprimidos, por isso, precisamos fazer alguns exames médicos laboratoriais antes para orientarmos um ou outro tipo de cálcio, de comprimido, para não fazer mal para o paciente.
Reposição da vitamina D: o paciente precisa tomar sol e se for necessário – e é na maioria dos casos –, fazemos a reposição também em comprimido ou em gotas de vitamina D.
Tratamento Medicamentoso Específico
E há um tratamento específico, que são os medicamentos específicos para osteoporose. Então, existem – na família é mais comum – os antirreabsortivos. Eles são medicamentos que ajudam o osso a não ficar tão fraco.
E existe um tratamento específico para osteoporose – existem vários –, mas os mais comuns são os bisfosfonatos. Mas pode ser também terapia hormonal e outros medicamentos. Então, o médico vai avaliar especificamente o seu caso.
Intervenção do Risco de Quedas
E é muito importante também focarmos, como médicos, como profissionais da saúde, na prevenção dos riscos de quedas. Pacientes que já são mais debilitados, que têm uma idade mais avançada, sequelas de AVC, têm Parkinson e não enxergam muito bem, têm maior risco de cair. Então, temos que avaliar também esse risco para evitarmos as quedas; evitando as quedas, podemos evitar algumas fraturas, principalmente as que acontecem nesse contexto.
E você que está lendo este artigo, escreva nos comentários: fisiatra: + o que está achando, se você cuida de um idoso e se tem interesse em aprender mais sobre o que acontece neles.
Vamos continuar agora. Já falamos sobre a osteoporose, que é uma das doenças osteomusculares bem comuns, e vamos falar agora sobre as artrites.
Artrites
Artrite é um termo utilizado para várias doenças, vários processos que afetam as articulações. Elas produzem, geralmente, inchaço e dor nas juntas, nas articulações. Existem muitos tipos de artrites, mas, de forma geral, elas causam esses sintomas e podem afetar diferentes pessoas, não unicamente as pessoas idosas.
Tipos de Artrites
Então, vamos classificar as artrites em dois grandes grupos: as inflamatórias e as degenerativas.
Artrites Inflamatórias
As inflamatórias são um capítulo à parte. A artrite inflamatória é um tipo de artrite em que o sistema imunológico ataca as articulações; as próprias células que temos saudáveis no corpo são atacadas pelo próprio corpo e provocam inflamações. Existem basicamente três tipos de artrites inflamatórias: artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e artrite psoriática. E, como eu falei, são um capítulo à parte.
Osteoartrite ou Artrite Degenerativa
Então, eu vou focar mais no segundo grupo que é osteoartrite ou artrite degenerativa. É uma artrite decorrente de um desgaste da cartilagem. Cartilagem é um tecido que cobre as articulações e as protege; protege do atrito entre os ossos.
Esse desgaste é muito mais comum nas pessoas que envelhecem, como um processo natural. Nesse processo degenerativo acontecem algumas mudanças nas articulações, então diminuem o espaço articular entre os ossos: se a articulação era de uma forma, podem ficar mais juntos os ossos e causar aquele atrito, aquela dor, aquele inchaço.
Pode também acontecer de formar osteófitos, que são aqueles chamados popularmente como bico de papagaio, que é a formação de pequenos ossos na articulação, que levam também os ossos a ficarem com mais atrito e dor.
Tipos de Osteoartrites
As osteoartrites podem ser primárias ou secundárias.
Artrites Primárias
Primária é quando não tem uma causa específica. Geralmente, acontece nas pessoas idosas, decorrentes da idade e do processo degenerativo.
Artrites Secundárias
E as secundárias, geralmente estão associadas aos traumas prévios ou à alteração, deformidades já próprias da pessoa, que levam a piorar esse desgaste articular, ou a algumas outras doenças do metabolismo.
Quais São os Fatores de Risco Para as Artrites?
Então, de novo: a idade avançada; ser mulher; obesidade, sobrepeso; esforços físicos repetitivos, pacientes que sobrecarregam as articulações ou que sobrecarregaram quando eram mais novos, que fizeram esportes, que tiveram vários traumas, praticaram atividades físicas ou esportes que provocavam lesões, podem ter mais risco de ter artrite, principalmente artrose degenerativa. E algumas doenças metabólicas ou endocrinológicas, também podem formar.
Quais São os Sintomas das Artrites?
Embora existam vários tipos de artrites, de forma geral, os pacientes reclamam de dor nas articulações; de rigidez, principalmente de manhã; ou nos casos da artrite, por exemplo, degenerativa do quadril, o paciente fica muito tempo sentado e ao levantar, tem mais dor; a pessoa tem diminuição da amplitude de movimento, então a articulação é mais difícil de mexer.
Pode acontecer também, dependendo do tipo de artrite, o paciente sentir vermelhidão nas articulações, calor ou inclusive outros sintomas sistêmicos: febre ou alteração em outros órgãos, principalmente nas artrites inflamatórias.
Fazendo o Diagnóstico
Se você, então, tem esses sintomas, tem alguma dor na articulação, procure seu médico de confiança.
História Clínica Detalhada
Ele vai fazer uma história clínica detalhada do seu estado físico, de quando começaram os sintomas, se essas dores e os sintomas melhoram ou pioram com atividade física, se há histórico de doenças articulares na família, entre outras perguntas.
Solicitação de Exames
O médico, então, vai solicitar alguns exames laboratoriais e de imagem para avaliar as articulações. Vai ver também qual é o seu estado funcional e se precisa de alguma ajuda para te auxiliar no dia a dia.
Tratamento
O objetivo principal é melhorar a dor e, dessa forma, melhorar a qualidade de vida. E conforme o diagnóstico, o tratamento vai ser específico para cada tipo de artrite, melhorando a dor.
Medidas Comportamentais
Temos também que orientar as mudanças comportamentais. Então, o exercício físico sempre orientado por um profissional de saúde. Alimentação adequada; perder peso; melhora do sono, da qualidade do sono, e da posição para dormir; evitar ficar em uma posição por muito tempo e evitar sobrecarregar as articulações com movimentos repetitivos, inadequados.
Fisioterapia
Fisioterapia muitas vezes é necessária, é indicada.
Órteses ou Meios Auxiliares de Locomoção
O médico fisiatra pode também indicar órteses ou um meio de auxiliar na locomoção. Órteses são aqueles dispositivos externos, como, por exemplo, aquelas telas para melhorar a dor ou inclusive para facilitar alguns movimentos. E o meio de auxiliar na locomoção, quando o paciente precisa, para evitar quedas: bengalas, andadores, cadeiras de rodas, dependendo do caso.
Procedimentos
Alguns procedimentos intra-articulares, colocando alguns medicamentos, são necessários, são indicados aos pacientes que têm, por exemplo, osteoartrite.
Artrite Tem Cura?
Então, a maioria dos tipos de artrite é crônica. Mas com o tratamento adequado, ela pode ficar em remissão, a dor pode ficar controlada; por isso é muito importante seguir as orientações médicas e fazer aquelas mudanças de hábitos de vida.
Problemas na Coluna do Idoso
Para finalizarmos esses problemas osteomusculares mais comuns nos idosos, vamos falar rapidamente sobre os problemas na coluna.
Ossos
Então, a coluna é uma estrutura bem complexa; ela está constituída por vários ossos, que são aquelas vértebras divididas em quatro regiões: cervical, torácica, lombar e sacro.
Discos Intervertebrais
Entre essas vértebras tem os discos intervertebrais, tecidos fibrocartilaginosos, que juntam as articulações, mas não deixam um osso bater com outro, a vértebra bater com a outra; elas dão estabilidade, mas também permitem certos movimentos e absorvem os choques. Então, elas amortecem os movimentos quando pulamos, corremos.
Quando acontece o envelhecimento, esses discos podem ficar desidratados, mais magros e inclusive podem ser uma das causas de diminuição da altura das pessoas de mais idade, das pessoas idosas.
Ligamentos
Outra estrutura são os ligamentos. Os ligamentos são umas tiras que juntam as vértebras, juntam os ossos, e que dão estabilidade à coluna vertebral.
Músculos
E as outras estruturas são os músculos, que podem ser profundos ou superficiais, que estão perto da coluna vertebral, e que ajudam a proteger, a fazer a manutenção da postura e a permitir a movimentação. Dentro dessa grande estrutura temos a medula vertebral, que é outro capítulo também à parte.
Então, por esses desgastes, por essas alterações degenerativas serem tão comuns nas pessoas idosas, é muito frequente das pessoas procurarem médicos porque viram na tomografia, na ressonância ou no raio-x, bico de papagaio, hérnia de disco, etc.
Porém, é muito importante saberem que 95% das pessoas idosas vão ter alterações nas imagens, então vão ter problemas nos discos nas imagens ou doenças nas articulações; mas isso não necessariamente vai ser ou vai causar dor.
Às vezes, a dor que a pessoa está sentindo não é decorrente daquela alteração. Por isso é muito importante ir ao médico, ser avaliado; o médico vai coletar sua história clínica, te avaliar, fazer o exame físico e, se necessário, vai solicitar alguns exames para completar aquela investigação.
Conclusão
Então, para concluirmos este grande tema, vamos lembrar que a idade vai levar à diminuição da massa do osso e ao desgaste das articulações, dos tendões, dos ligamentos, dos discos intervertebrais.
Sempre é necessária uma avaliação médica para identificar esses fatores que aumentam o risco de ter fraturas por fragilidade e para avaliar a dor, sendo ela articular ou na coluna.
E que apesar das imagens e das doenças serem as mesmas, o paciente é único. Então, o médico vai ter que avaliar cada paciente individualmente para dar o melhor tratamento, o tratamento mais adequado para essa pessoa.
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