Sono e Trabalho por Turnos

Sono e Trabalho por Turnos – Como Dormir Bem e Manter a Saúde Trabalhando à Noite

Sono e Trabalho por Turnos. Se você trabalha em turnos ou conhece pessoas que trabalham em turnos, e têm uma rotina de sono muito prejudicada – porque justo trabalha em turnos –, fique até o final deste artigo que a psicóloga clínica Eliane Aversa, especialista em Sono, que trabalha na Clínica Regenerati com psicoterapia para adultos, casais e Terapia Cognitivo-Comportamental para distúrbios do sono, principalmente no tratamento das insônias, vai abordar sobre esse tema.

Importância do Sono

Hoje, nós vamos tratar de um assunto ligado ao sono das pessoas que trabalham por turnos. Sabemos o quanto ele é primordial para nossas vidas, mas, muitas vezes, é sacrificado por questões de trabalho.

Com a globalização e as demandas rápidas da internet, muitos serviços, ao longo do tempo, estão ocupando as 24 horas do dia com trabalhos operacionais, telemarketing, plantões médicos, trabalhadores de TI, que são cada vez mais utilizados e essenciais para a economia moderna.

Em todo o mundo industrializado, cerca de uma pessoa a cada cinco funcionários trabalha em algum tipo de turno não tradicional. E estima-se que, em média, 20% de todos os empregados dos países industrializados trabalhem em turnos; isso representa também no Brasil, que aproximadamente, 15 milhões de brasileiros trocam o dia pela noite.

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Teste que tem objetivo de quantificar o grau de insônia da pessoa.

Sono e Trabalho por Turnos

E vale a pena discutirmos como ficam as consequências para a saúde; então, uma pergunta que vamos tratar hoje é a seguinte: trabalhar à noite pode ser prejudicial à saúde?

Trabalhar à noite quer dizer assim: você vai dormir de dia e vai ter uma rotina meio na contramão das características biológicas do ser humano. Nosso corpo é predisposto a dormir quando está escuro, por quê? A produção do hormônio, que é regulador do sono, chamado de melatonina, é sintetizada com a diminuição da luminosidade.

Então, esse é um dos maiores fatores, quer dizer, ele é quem regula o sono noturno, porque é produzido, com mais intensidade, no escuro.

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Além disso, a qualidade do sono é superior ao sono diurno, logo, é nele que o corpo vai produzir substâncias, como acontece nesse período – um exemplo, várias substâncias só ocorrem nesse período durante o sono: você pegar uma leptina, que regula a saciedade da pessoa em relação à fome; a insulina também, que é responsável por metabolizar os carboidratos no corpo; o hormônio do crescimento é só feito nesse período.

Então, todas essas funções estariam alteradas com as pessoas que trabalham à noite, que têm algumas queixas muito comuns que seriam queixas cognitivas, algumas doenças que são associadas e também diminuição da qualidade de vida.

Principais Impactos

Algumas pessoas desenvolvem transtorno de trabalhos por turnos, distúrbio do ritmo circadiano, que é caracterizado por sonolência excessiva, por insônia ou ambos.

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Alguns estudos comprovam que os turnos da noite também aumentam os riscos dos trabalhadores para doenças cardíacas, síndrome metabólica por conta dessa sintetização desses hormônios, algumas dificuldades gastrointestinais, obesidade, fadiga crônica também e sonolência excessiva.

Sintomas Comuns nos Trabalhadores por Turno

Então, o fato de não conseguir se recuperar dos esforços físicos e mentais realizados durante o trabalho, porque a pessoa também não consegue dormir o suficiente ou por não ter uma boa qualidade do sono durante o dia, são fatores, assim, bem importantes para dar uma atenção maior a essa questão tanto dos profissionais especialistas em Sono quanto dos empregadores, que têm os trabalhadores em turnos.

Inicialmente, as pessoas começam a perceber mudanças no ritmo circadiano e nas questões biológicas; redução do sono é bem comum, no tempo de sono, manifestações até de outros distúrbios do sono e dificuldade de conciliar trabalho e vida social e a vida de contato familiar também.

Tipos de Trabalhos por Turno

Para entender melhor, o trabalho em turno compreende aquele que ocorre das 19 horas até às 6h.

Existem formas distintas de trabalho por turnos, que são as escalas: se faz o trabalho no turno da noite, a pessoa trabalha todas as noites no mesmo período; tem um trabalho de turno que também é rotativo, dividido nos três períodos do dia e trabalhos inclusive que são em horários irregulares, como plantões.

Então, o ritmo circadiano passa a ficar pior, porque não tem uma constância, a pessoa não acha uma constância mesmo no ritmo de trabalho, na duração desse sono e no tempo que esse sono acontece.

Os trabalhos irregulares são ainda mais prejudiciais do que o trabalho noturno fixo pela falta de regulação, como acabamos de explicar, desse ritmo circadiano.

Estudos Sobre Trabalhos por Turno

Percebemos, tem muito estudo a respeito disso, que os impactos são muito maiores quando essas pessoas ficam por um período, assim, até maior do que cinco anos no mesmo estilo de trabalho noturno.

Se percebe também, é muito estudado, as mudanças comportamentais, os hábitos alimentares, impactando até na obesidade. Maior incidência, inclusive, de tabagismo nas pessoas que trabalham durante a noite, achando estratégias para se manterem acordadas.

Na literatura, há um número enorme de publicações sobre doenças que são crônicas, degenerativas associadas a esses trabalhos em turnos. Alguns deles até com médicos residentes, plantonistas, que vão avaliar a interferência nessa diminuição de horas de trabalho, qualidade de sono e mudanças na disposição, no humor e chegando até em doenças psiquiátricas, como excesso de ansiedade e depressão.

Outra coisa importante também verificar é que isso tem um impacto na sociedade com custos diretos na saúde do trabalhador especificamente e custos indiretos – quando o trabalhador se afasta, se ausenta, não produz do jeito que poderia.

Possíveis Consequências

Então, o desempenho fica completamente prejudicado à medida também que não tem uma boa qualidade de vida e trabalha com sono, com uma falta de disposição. E o trabalhador sempre vai viver em função dessa escala de trabalho.

Em função dessa redução até da quantidade de sono, ocorre a sonolência excessiva, diurna, como explicamos, e pode até começar a acontecer cochilos involuntários – a pessoa não programa esses cochilos, o que seria muito mais recomendado do que esperar adormecer em situações ruins e até com o passar do tempo vai ter um acúmulo de privação do sono, e o quadro pode piorar.

Logo, nessa hora, percebemos os riscos, quais são os mais comuns, de acidentes de trabalho associados a essa sonolência que foi aumentada.

Cuidados a Serem Tomados

Tem uma série de recomendações que vamos passar para vocês, mas isso tem muito a ver com as pausas que são propostas pelos empregadores, pelas empresas para que o funcionário, seja em um trabalho diurno ou noturno, tenha uma boa qualidade de satisfação e desempenho.

Quais são algumas medidas e tratamento que podemos levantar?

É importante gerenciar os padrões de sono e de repouso que vocês possam ter. Ficar bem atentos a privação de sono, “eu estou ficando muito tempo acordado, quantas horas? Estou fazendo 7h, 8h por dia, no caso, de sono para compensar esse trabalho noturno”?

O que pode sempre acontecer é que a pessoa não dorme durante o turno da noite, porque precisa se manter alerta e vai contra os ritmos naturais, a biologia, a fisiologia dela, que está, assim, preparando o corpo para começar a adormecer, então tem que fazer essa luta.

E em contrapartida, quando ela volta para casa, já se expõe à luz solar e seu organismo começa a fazer de tudo para se manter acordado. Logo, o grande contraponto é esse que vai contra a própria fisiologia.

O sono diurno costuma ser mais leve, mais curto e até de pior qualidade do que o noturno, ou seja, o trabalhador noturno vai encontrar algumas dificuldades, como a luz durante o dia, mais ruídos, mais temperaturas, e isso vai dificultar a qualidade do sono diurno.

Uma das recomendações que preconizamos é que a pessoa já comece a sair do trabalho com óculos escuros para não ter um despertar muito grande nessa hora. Assim que chegar em casa, não demorar muito para deitar. Então, que ela consiga reservar um período de 7 a 8 horas por dia para dedicar a esse sono depois do trabalho.

Tomar um cuidado com as janelas; se possível, colocar blackouts para o ambiente continuar sendo bastante escuro, simulando o sono da noite.

Fechar a porta, tentar isolar mesmo todos os sons ambiente; às vezes, até procurar auxílio de protetores auriculares e também conscientizar a família, contar com a colaboração deles para que consigam ajudar o trabalhador a dormir, crianças, esposa…

Uma refeição leve também seria importante fazer, mas também suficiente para permanecer dormindo por várias horas. Manter-se sempre hidratado durante a noite também é importante.

Durante esse trabalho, fazer algumas pequenas refeições, evitar alimentos muito gordurosos, pesados, evitar açúcares, caprichar nas refeições, que sejam ricas em legumes, verduras, frutas, inclusive até nos próprios lanchinhos que são feitos.

E importante, se as pessoas puderem, consultar com nutricionistas ou endocrinologistas para que sejam feitos vários exames, um acompanhamento se não está faltando alguma vitamina, minerais, no próprio corpo por essa mudança de turno e também, como acontece no caso da vitamina D, que é produzida na luz durante o dia.

Então, são algumas recomendações que a pessoa estará privada e que precisa compensar, precisa ser reposto tudo isso a partir desses acompanhamentos.

Uma coisa importante: que as pessoas não deixem de fazer também exercícios físicos. Eles são muito bem-vindos, principalmente, se forem antes de iniciar o turno da noite. Por quê? Elas vão ficar mais despertas, mais atentas e vão retardar a sonolência.

Mesmo à noite, muitas pessoas recorrem à cafeína, mas um cuidado é importante: você toma o café para se manter acordado, mas ele pode ter um efeito muito ruim quando for para casa e iniciar o sono.

Então, que seja uma medida bastante pensada, “quantos cafezinhos eu vou tomar durante o trabalho?”, que não passe de um, dois cafezinhos, uma quantidade pequena para que não interfira no sono que virá após o trabalho.

Cochilos também são muito bem-vindos, cochilos programados, porque vão ajudar a minimizar essa sonolência excessiva.

Ter uma exposição moderada à luz durante o turno para redução da sonolência, mas não deve ser exagerada, porque vai atrapalhar o sono seguinte.

O que podemos recomendar é dormir na hora mais certa possível. Por exemplo, quando trabalhar no turno da manhã ou da tarde, dormir à noite, entre 23h e 7 horas; ao sair do trabalho, do turno da noite, então dormir entre 8h30 e 16h30. Quando entrar no turno da noite, que, pelo menos, a pessoa tenha dormido três horas à tarde para iniciar o turno.

Então, gostaríamos assim que vocês lembrassem de consultar um especialista em Medicina do Sono sempre que tiverem problemas nessa área. Estamos aqui na Clínica Regenerati para atender e tirar as suas dúvidas, ficando à disposição mesmo. E se gostaram deste artigo, deixem o seu like.

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