Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão

Tratamento da Depressão – Método de Tratamento para Depressão (EMT)

Se você quer saber sobre a Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai explicar sobre isso.

Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) para Depressão

Necessidade da Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão

Primeiramente, a depressão é uma doença caracterizada pela presença de tristeza, humor depressivo ou perda do prazer e interesse pelas atividades cotidianas. Também tem que ter sintomas associados como perda de energia, alteração do apetite, do sono, da motricidade e memória, sentimentos de culpa e ação ou ideação suicida.

A depressão é uma doença extremamente comum. Segundo o Ministério da Saúde, do Brasil, a prevalência da depressão é de 15% na população brasileira, bem acima da média mundial, que é de 10%.

Como é uma patologia extremamente impactante no dia a dia dos pacientes, aumentando a taxa de desemprego e divórcios, maior mortalidade e morbidade, torna-se um dos problemas de saúde pública de maior importância.

A taxa de sucesso terapêutico com medicamentos antidepressivos varia entre 40% e 60%, a depender de genética e do tipo de medicamento, sendo que a média é de 53% da taxa de sucesso com o tratamento para depressão maior com um único antidepressivo.

A taxa de sucesso do tratamento para depressão com placebo é cerca de 20%. Então, isso mostra que o antidepressivo realmente tem um efeito biológico muito significativo, muito acima do efeito placebo.

Para aqueles pacientes que tiveram sucesso parcial ou não tiveram sucesso no tratamento com antidepressivo, a adição de um segundo antidepressivo ou até mesmo a troca por outro faz com que a taxa de sucesso vá de 40% a 60% para 70% a 90%, ou seja, se não funcionou com um antidepressivo, se você adiciona mais um, a taxa de sucesso vai para 70% a 90%.

Só que ainda restam de 10% a 30% dos pacientes que são refratários ao tratamento com antidepressivos combinados, que são chamados depressivos resistentes ao tratamento.

Para esses casos, necessitamos de estratégias que não sejam somente medicamentos antidepressivos. E aqui entra a estimulação magnética transcraniana, como uma opção terapêutica para os pacientes com depressão que apresentam resistência ao tratamento medicamentoso com antidepressivos.

O que é a Estimulação Magnética Transcraniana?

A estimulação magnética transcraniana é uma técnica pela qual é possível influenciar a atividade dos neurônios do cérebro, seja excitando-os ou inibindo-os.

O cérebro funciona como um processador biológico, com neurônios que funcionam com a atividade elétrica. Isso gera processamento de dados no cérebro que controla todo o corpo e todas as demais vivências psíquicas e mentais que nós temos. Então, tudo de vivência nossa é do cérebro por meio de atividades elétricas.

Esse processador biológico tem compartimentos localizados para cada função, como as áreas da visão, motricidade, sensibilidade, audição, do raciocínio lógico, das emoções e assim por diante. Ou seja, tem compartimentos que têm localizações do cérebro para determinadas funções cerebrais.

Podemos interferir na atividade dos neurônios com campos magnéticos que geram potenciais elétricos em áreas muito específicas do cérebro. E essa atividade elétrica criada pelos campos magnéticos pode ser de uma forma excitatória ou inibitória para os neurônios, a depender da frequência dos disparos que realizamos.

Então, se queremos inibir uma área relacionada à ansiedade no cérebro, colocamos a bobina do aparelho sobre aquela área e vamos produzir campos magnéticos em forma de pulsos, em uma frequência que irá inibir a atividade dos neurônios naquela região, tratando, assim, a ansiedade.

Caso uma pessoa tenha queda da atividade neural relacionada ao controle motor do corpo, como no Parkinson, podemos por a bobina sobre a região correspondente ao controle motor e aplicar ondas magnéticas em uma frequência que estimule ou excite os neurônios e, dessa forma, podermos ajudar no tratamento de reabilitação motora do Parkinson.

Como é Realizada a Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão Maior?

A estimulação magnética transcraniana para a depressão já recebeu aprovação pelo FDA, que é o órgão regulador americano para liberação do uso terapêutico. As evidências de que funciona estão em uma crescente e cada vez mais surgem novos modos terapêuticos para depressão.

O que muda no Brasil é que ainda os convênios não são obrigados a pagar pelo procedimento nem o SUS. Então, isso significa que a técnica pode ser utilizada, mas ainda não é obrigatória a cobertura dos custos pelos convênios, isso só ocorre quando a técnica é incorporada como obrigatória pelo Rol de procedimentos obrigatórios da ANS.

Uma sessão típica de estimulação magnética transcraniana para depressão começa com a localização dos pontos cranianos com a marcação de uma ‘toquinha’. Você põe uma ‘toquinha’, localizamos os pontos para que em outras sessões baste colocá-la, posicioná-la, porque já sabemos onde estão os pontos a serem estimulados. Assim, sabemos exatamente onde vai ser a região dorsolateral frontal esquerda e direita do cérebro, tem os pontos certinhos, já calculados.

Então, posicionamos o paciente em uma poltrona e realizamos teste para descobrir o limiar motor. Isso significa que aplicamos pulsos magnéticos na região motora da mão e ela mexe. E descobrimos qual o nível de energia é necessário para gerar o movimento involuntário da mão dele.

Significa que da geração de atividade elétrica no cérebro, na região que controla os movimentos daquela mão que vai se movimentar sob o controle do aparelho, não do paciente, que está parado, dá o estímulo e a mão responde, mas isso é somente para sabermos o nível de energia que temos que aplicar para aquele paciente específico.

Na Clínica, realizamos dois protocolos para o tratamento da depressão. Isso conforme características clínicas do paciente, tempo disponível, organização de agenda e necessidade de velocidade e resposta clínica.

No protocolo clássico, é realizada a estimulação excitatória na região dorsolateral frontal esquerda, que é excitatória na esquerda e inibitória na dorsolateral frontal direita.

Já é de conhecimento prévio que por meio da ressonância nuclear magnética funcional a região pré-frontal esquerda do cérebro está hipoativada nos quadros depressivos. Também comumente tem uma hiperativação do lado direito, especialmente nos quadros depressivos ansiosos.

Gasta cerca de 20 minutos de estimulação excitatória do lado esquerdo mais 20 minutos de estimulação inibitória do lado direito. A associação de ambas estimulações chega a ter um poder próximo a da eletroconvulsoterapia, que é a técnica mais potente para o tratamento da depressão resistente. Então, acaba gastando cerca de uma hora por dia por uma sessão completa.

São realizadas cinco sessões por semana ao longo de seis semanas, em um total de 30 sessões. Esse é o protocolo clássico.

Também realizamos o acelerado, que é o protocolo SAINT. Nesse protocolo, são realizadas estimulações rápidas e intensas que são chamadas Theta Burst e são aplicadas na região dorso fronto-lateral esquerda, e duram 10 minutos de estimulação.

O paciente realiza o descanso de 50 minutos e depois outra sessão de 10 minutos. Assim, são realizadas 10 sessões em um único dia. Em cinco dias apenas já se tem o protocolo completo.

Quais são os Resultados Esperados com a Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão?

Os resultados que se espera com a terapêutica da estimulação magnética transcraniana são que após 30 sessões clássicas ou as 50 em protocolo acelerado tenha um sucesso terapêutico que é a remissão dos sintomas depressivos entre 55% e 70% dos pacientes que tenham resistência terapêutica aos antidepressivos.

O tratamento para estimulação magnética transcraniana não significa que vai parar com os medicamentos antidepressivos. E após o tratamento com a EMT, ainda se faz necessária a continuidade com o tratamento medicamentoso para evitar recaídas.

Então, a estimulação magnética transcraniana para depressão é um tratamento que tem praticamente nenhum efeito colateral, quase nenhuma contraindicação, é extremamente bem tolerado, tem uma alta taxa de eficácia terapêutica e existe uma gama muito importante de pacientes que se classificam como resistentes ao tratamento com antidepressivos, que ganham critérios para indicação para tratamento com a EMT.

Caso você se enquadre nos critérios ou conheça alguma pessoa que se enquadre nos critérios, com depressão resistente aos tratamentos, converse com o médico sobre a possibilidade da estimulação magnética transcraniana, pois é uma técnica comprovada, aprovada e de alta taxa de eficácia.

Esse é o conteúdo sobre o uso da Estimulação Magnética Transcraniana para o Tratamento de Depressão maior. Escreva nos comentários o que acha disso, de fazer aplicação de campos magnéticos no cérebro, complementar o tratamento antidepressivo, e se já conhece alguém que recebeu esse tratamento ou se você recebeu esse tratamento, descreva como foi a sua experiência.

E se gostou do artigo, lembre-se, compartilhe, pois conhecimento, quanto mais compartilhado, melhor para todos.

Mais informações sobre este assunto na Internet: