Tratamento da Epilepsia – Cirurgias
O tratamento da epilepsia pode ser clínico e/ou cirúrgico. O tratamento cirúrgico é dividido em duas modalidades, que são o tratamento ablativo (quando se retira um pedaço, que é o foco ecogênico) e o tratamento modulatório (é quando se implanta um dispositivo que modula aquela crise epiléptica.
Tratamento da Epilepsia Ablativo
O foco será nesse tipo de Tratamento da Epilepsia. Na cirurgia que a ressecção não foca no epileptogênico. Muitos pacientes já chegam com um diagnóstico dado e já querem operar, no entanto é preciso ter calma. Nem sempre a alteração do exame de imagem é o foco da crise. Existe um estudo funcional da crise, que muitos se correlacionam com o estudo anatômico, porém nem sempre as funções alteradas cerebrais aparecem na imagem. Portanto primeiro é preciso checar se aquela alteração anatômica é responsável pela crise do paciente. Então vamos ter estudos como vídeo EG, stereo vídeo EG (uma modalidade que implanta-se eletrodos invasivos no paciente para avaliar o foco da crise), implante de placa. Existe outros tipos de estudo para definir se a alteração encontrada no exame de imagem é responsável naquela crise do paciente.
Após passarmos o primeiro passo, definimos se a crise vem da alteração anatômica encontrada. Uma das causas mais comuns cirúrgicas é a esclerose mesial temporal é a causa mais comum tratada, no entanto não é a causa mais comum de epilepsia sendo apenas a mais comum de operar-se. Uma crise originária do lobo temporal, tendo que se checar qual o lobo temporal está sendo originário da crise e se bate com o exame de imagem. Outras causas operadas são, as displasias, encefalite de rasmussen, só que a causa mais operada é a epilepsia do lobo temporal.
Quando essas casos serão operados?
Vamos para um Tratamento da Epilepsia cirúrgico quando o paciente é considerado refratário. Na esclerose mesial temporal o paciente é considerado refratário quando ele não respondeu a três classes de anticonvulsivantes, de tratamento regular.
Quando for operar iremos esperar o máximo possível ou fazer a operação mais precoce? Quando o paciente está descompensado das crises é interessante operar o mais rápido possível. Porque o fato de ficar tendo repetidas crises faz com que o paciente tenha uma piora cognitiva ao longo do tempo, portanto quanto antes for feita a cirurgia é melhor. Contudo nem todos são candidatos a fazer a operação. Existem limitações como capacidade cognitiva do paciente, ou seja, pacientes muito comprometidos cognitivamente vão ter uma piora cognitiva com a cirurgia, ficando mais debilitados. Outro tipo de limitação é se o paciente tiver crise bilateral, dos dois lados, não dando para operar os dois lobos temporais ao mesmo tempo.
Portanto existe esses dilemas cirúrgicos no paciente. Outro fato importante para o tratamento cirúrgico desse paciente é o hemisfério dominante, isso vai definir o tipo de cirurgia, mas não limita a cirurgia. Já nos casos de encefalite de rasmussen, um caso dramático, em que metade do hemisfério cerebral começou a sofrer uma atrofia, déficit de motor e crises não controlada o “quando” operar é muito crítico. Porque o tratamento consiste em fazer uma histerectomia, que é uma desconexão de uma metade do cérebro com a outra. Isso tem um risco muito grande de déficit motor, de fala. Então antes dos 6 anos a chance da pessoa se recuperar é bem maior que depois dessa idade. Por isso esse tempo para operar é muito importante.
Falando da causa mais comum de cirurgia a partir da epilepsia, a epilepsia do lobo temporal ou a esclerose mesial temporal, teremos dois tipos principais de tratamento da epilepsia. A amigdalectomia super seletiva e a lobectomia temporal (termo que se refere a retirada da ponta do temporal). A doença consiste numa alteração do hipocampo amígdala e, dependendo do caso, do tecido neocortical do lobo temporal.
Resultados cirúrgicos
Os resultados cirúrgicos em um curto período de tempo são muito próximos, já comparado em um longo prazo vai depender um pouco do comprometimento do paciente. É um comprometimento mais de hipocampo ou um grande comprometimento de neocortex. A longo prazo, operações mais amplas têm melhores resultados cirúrgicos. No entanto há um risco maior de alteração cognitiva.
A cirurgia visa controlar as crises e tem um resultado bem interessante. Cerca de 60% dos pacientes são refratários ao tratamento da epilepsia medicamentoso. E 70% ou 80% dos pacientes que operam tem controle das crises, reduzindo a medicação para ficar menos sedado. É um procedimento que dará melhor qualidade de vida desses pacientes, fazendo com que se tenha menos interação medicamentosa e complicações do uso da medicação. Portanto não é obrigatória, porém é uma ferramenta muito importante na qualidade de desses pacientes e no controle das crises.
Não espere a epilepsia se tornar muito frequente para buscar atendimento médico. Procure um especialista e evite a automedicação.
Autor: Victor Rosseto