Eletroencefalograma em Recém Nascidos e Lactentes
Desde o nascimento, o recém-nascido pode apresentar sintomas compatíveis com epilepsia. A doença pode causar alterações na atividade elétrica do cérebro, sendo necessário para o diagnóstico correto do paciente a realização do eletroencefalograma. O exame é capaz de captar alterações que demonstrem ou não compatibilidade com o diagnóstico de epilepsia.
Sendo assim, é muito importante que os pais de bebês e crianças que venham a realizar o eletroencefalograma, saibam como é o exame, como ele é feito e a importância da sua realização, pois, este é um exame fundamental para a manutenção da saúde e desenvolvimento da criança.
O que é um eletroencefalograma?
O eletroencefalograma é um exame que capta a atividade elétrica cerebral. É possível comparar o exame com o ecocardiograma, pois o exame também é feito por meio da colocação de eletrodos no local do corpo a ser avaliado e então, captar a atividade elétrica.
O que são crises?
Crise epilética é uma atividade elétrica anormal no cérebro que provoca desde manifestações sutis, como por exemplo um bebê que fica parado olhando para o nada, até manifestações mais severas, como convulsões.
Como é feito o exame?
Os eletrodos são colocados no couro cabeludo junto com uma pasta para facilitar a condução. São colocados cerca de vinte e um eletrodos, conectados por meio de fios ao sistema que efetua a leitura da atividade elétrica cerebral.
O exame machuca ou dá choque?
O eletroencefalograma é um exame extremamente seguro, que não precisa que o paciente seja furado e não dá choque.
Preciso sedar o meu bebê para fazer o exame?
Não é preciso sedar o bebê para realizar o eletroencefalograma. Em crianças de até um ano, a orientação é que o exame seja realizado logo após a comida ou a mamada.
Já para crianças que tenham entre um e cinco anos, a orientação é que o paciente seja acordado cerca de duas horas antes do horário habitual e que os responsáveis não permitam que a criança durma no trajeto até o local do exame, para que a criança consiga dormir durante a realização do exame.
Quando o paciente tiver mais do que cinco anos, o indicado é que os pais diminuam o sono do paciente pela metade, pois, dessa forma, é provável que a criança durma de forma natural durante a realização do exame.
Além disso, nos casos em que o paciente possua deficiência intelectual, seja muito agitado, ou então possua espectro autista, são utilizados fármacos naturais que não atrapalham na leitura do exame, como a melatonina, na menor dose que for possível.
É necessário estar de jejum para fazer o exame?
Não se deve estar de jejum para a realização do exame. Mais do que quatro horas sem alimentação, pode causar hipoglicemia que causa alterações no eletroencefalograma.
O que vai mostrar no eletroencefalograma?
O exame mostra a atividade elétrica cerebral e se ela apresenta alguma anormalidade, para investigar a possibilidade de o paciente ter epilepsia.
Contudo, é importante ressaltar que o exame clínico deve ser relacionado com o resultado do eletroencefalograma, pois, o paciente pode não possuir alterações na atividade elétrica e mesmo assim ser epilético. Assim como o paciente pode ter alterações na atividade elétrica do cérebro e não ser epilético.
Como obtenho os resultados?
Vale ressaltar que para o exame apresente uma forma adequada, que a gravação tenha no mínimo vinte minutos. Porém, o ideal é estender esse período por cerca de quarenta minutos. Entretanto, se o paciente for recém-nascido, o tempo necessário de exame é de uma hora, no mínimo.
O aumento do tempo mínimo do exame traz mais chances de captação de atividade anormal. Além disso, é recomendado repetir o exame, principalmente quando o resultado dele é normal, para garantir o diagnóstico correto. Porém, em alguns casos, com somente um exame é possível fazer a análise do caso.
Há diferença em onde fazer o exame?
É extremamente importante que o exame seja feito em clínicas que tenham equipe especializada na realização de eletroencefalograma em bebês e crianças pois é necessário que o profissional aplique os métodos de ativação de forma eficiente.
Os métodos de ativação têm a função de irritar o cérebro para que as alterações na atividade elétrica cerebral apareçam no exame. São métodos de ativação, por exemplo, a foto estimulação e a hiperventilação.
Por fim, é importante salientar que também é extremamente importante que o médico que acompanha o paciente também seja especializado, pois, desta forma a leitura do resultado do exame e a definição do diagnóstico serão mais precisos, então a conduta a ser efetuada para o tratamento do paciente será mais efetiva.
Autor: Dr. Marcelo Schmidt e Dra. Paula Girotto