Catalepsia – O que é Catalepsia
Se você quer saber o que é Catalepsia ou a condição da falsa morte, fique até o final deste artigo que o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai abordar sobre isso hoje.
O que é Catalepsia?
A catalepsia, também conhecida como catatonia, é uma condição na qual os músculos do corpo ficam paralisados e rígidos, com uma rigidez tão intensa que vai lembrar uma pessoa que está morta, e isso pode causar a impressão de que está com o rigor mortis – quando a pessoa morre e passa um tempo, ela fica rígida.
Isso é uma doença na qual a pessoa está viva e consciente, e pode permanecer consciente o tempo todo e ainda estar sabendo o que está acontecendo, só que totalmente paralisada pela catatonia ou catalepsia.
Essa é uma condição neurológica que está presente em doenças neurológicas e psiquiátricas. Ela pode estar associada a doenças, como: Doença de Parkinson, epilepsia, doenças psiquiátricas, intoxicações por medicamentos, medicamentos que causam certos tipos de parkinsonismo, como o haloperidol, ou abstinência de medicamentos e substâncias, como a cocaína ou a ketamina – um anestésico e pode ser também utilizado até como medicamento antidepressivo e droga recreativa.
E algumas pessoas alegam conseguir, através de hipnose, deixar outras em estado de catalepsia, apesar de serem apenas relatos anedóticos, ninguém chega a ter isso como uma fonte certa de catalepsia.
E catalepsia também não pode ser confundida com cataplexia, uma paralisia associada à narcolepsia, que é a doença do sono, a pessoa que dorme fácil. A cataplexia é uma perda súbita dos movimentos, só que de uma maneira flácida, a pessoa perde a força, só que ela não está rígida, está mole, flácida. E essa paralisia flácida normalmente vem associada a emoções fortes, como sustos ou gargalhadas intensas.
A catatonia é uma paralisia rígida, que realmente confunde com morte e não tão antigamente, antes de serem muito difundidas técnicas de verificação de morte, era relativamente comum os médicos darem diagnósticos de morte, de óbito, e a pessoa estar em um estado de catalepsia ou catatonia.
A Pessoa Já Nasce Assim ou Aparece com o Tempo?
Ninguém nasce com uma condição de catalepsia, ele chega a desenvolver isso ao longo da vida através de alguma doença que possa propiciar isso. Mas, as pessoas têm alguma predisposição genética para desenvolver isso.
Hoje, sabemos que as pessoas que têm catalepsia têm uma menor atividade do receptor GABA, que é um receptor inibitório do cérebro, e também do receptor dopaminérgico D2. A dopamina, esse D2, é onde atuam os medicamentos, como Haldol, por exemplo. E também têm uma maior atividade no receptor NMDA, que é um receptor no qual a ketamina atua.
Então, são receptores que a pessoa já tem uma diferença de atividade – uma menor atividade no GABA e no dopaminérgico D2, e uma maior atividade no NMDA –, e se vêm ainda substâncias ou patologias que afetam isso ainda mais, é o que vai propiciar ela a desenvolver catalepsia.
Existe Risco de a Pessoa Ser Enterrada Viva ou é Lenda?
É verdade ou não que pessoas já foram enterradas vivas? É verdade e acontecia-se muito mais no século passado e no retrasado pelo simples fato de que a medicina era mais limitada e os médicos, para poderem averiguar óbito, faziam aferição de pulso, tentavam auscultar, verificavam o rigor mortis, a temperatura do corpo.
E em um estado de catalepsia, a frequência cardíaca pode ficar muito baixa, a respiração ser tão lenta que realmente confunde o médico que não esteja tão atento com um estado de morte.
A grande diferença é que, hoje em dia, com um eletrocardiograma é tão comum para poder fazer que você põe o eletro, vê que o coração está tendo atividade elétrica, está pulsando e assim não se engana por conta de um pulso fraco ou uma frequência cardíaca baixa.
Mas ainda sim aconteceu em pleno século 21, em 2014: uma idosa, que já sofria de demência, teve um estado de catalepsia muito intenso; eles a encontraram nesse estado na casa dela, levaram-na para a médica, ela avaliou, estava com a frequência cardíaca extremamente baixa, não percebeu o pulso, declarou óbito e um tempo depois, no necrotério, a idosa começou a remexer no saco funerário.
E foi uma confusão, assustou todo mundo, virou notícia. Isso foi em um país da Europa, se eu não me engano, Polônia. O fato é que se hoje em dia utiliza-se um eletrocardiograma prolongado, dificilmente você dá um diagnóstico de óbito falso assim.
Tem Tratamento para Catalepsia?
Sim, mas vai depender totalmente da causa subjacente, qual é a causa que está afetando. Por exemplo, se for uma síndrome parkinsoniana, se a pessoa está totalmente sem medicamentos dopaminérgicos, sem a levodopa, sem nada, e ficou totalmente cataléptica, dura, imóvel, se você ministrar medicamentos que estimulam os receptores dopaminérgicos, ela sai daquele estado – isso pode ser tanto por sonda, adesivo ou injetável.
Se for uma doença epiléptica, que a pessoa está nesse estado pós-epilepsia, ou como evento de atividade epiléptica, tem que ministrar algum antiepiléptico via endovenosa, como um midazolam ou um diazepam.
Se caso for uma intoxicação por medicamentos, primeira coisa é fazer uma lavagem gástrica ou algum antídoto – caso tenha antídoto – e, às vezes, até uma diálise, caso o medicamento ou o tóxico seja dialisável. Mas se não for, tem que fazer medidas de suporte até que a toxina saia do corpo como, no caso de uma ketamina ou do Haldol, por exemplo.
Em caso de natureza psiquiátrica, a primeira coisa a fazer é um estímulo vigoroso no paciente, seja de dor, normalmente um estímulo de dor no esterno, no nervo supraorbital, ou até mesmo uma obstrução transitória das vias aéreas, da boca e do nariz, em que a pessoa vai sentir a falta de ar, não vai ser tempo suficiente para sufocar, mas vai querer reagir, vai sair daquele estado e vai acabar reagindo.
Catalepsia Diminui a Expectativa de Vida?
A catalepsia chega a afetar a vida da pessoa? Ela consegue viver sozinha tendo essa condição? Ela afeta sim a expectativa de vida, porque se a pessoa entra no estado de catalepsia, especialmente se for idosa e estiver morando sozinha, sem ninguém para auxiliá-la, pode ficar nesse estado por muito tempo e acabar ficando desidratada, desnutrida ou com qualquer outra condição, como uma hipotermia, e isso acabar gerando alguma complicação grave de saúde para ela, e isso acabar sim levando a algum óbito.
Você que está lendo o artigo, escreva nos comentários o que está achando sobre a catalepsia, que é um estado neurológico tão peculiar no qual as pessoas têm essa curiosidade de falar de quem foi enterrado vivo.
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