Uso de Máscaras Contra COVID-19
A máscara segue sendo eficaz como uma das medidas de combate ao coronavírus, mesmo com relação a essas novas variantes. Eu sou a Dra. Keilla Mara de Freitas, médica infectologista e quero conversar um pouco com vocês a respeito do Uso de Máscaras Contra COVID-19.
Vocês sabem e estão acompanhando que desde o final do ano passado e aqui no Brasil, desde o início deste ano, já estão sendo usadas algumas vacinas e várias pessoas, principalmente os trabalhadores de saúde, já têm se vacinado contra o coronavírus.
A Vacina Não é a Única Medida que Pode Nos Proteger
Mas a vacina não é a única coisa que pode nos proteger, pelo contrário, ela vem a se somar a várias outras medidas que precisam ser feitas e entre elas, o uso de máscaras.
As Máscaras são uma Defesa no Combate à COVID-19?
A máscara deve ser usada como uma das armas principais de defesa contra o coronavírus, mas ela não é a única. Usar apenas as máscaras e deixar de lado as outras medidas de segurança pode dar uma falsa sensação de proteção.
Ela vem a ser somada a outras medidas igualmente importantes, como o distanciamento social – é importante que estejamos pelo menos a um metro de distância das demais pessoas, ou seja, evitar aglomerações a todo custo; a higienização frequente das mãos com água e sabão ou com álcool gel.
E caso a pessoa esteja com sintomas sugestivos de COVID-19, o ideal é ficar isolada em casa. E para ter contato no mesmo cômodo com um contactante de casa, o ideal é que a pessoa que está com sintomas e o contactante estejam utilizando máscaras cirúrgicas, aquelas descartáveis ou a N95.
Qual a Capacidade de Filtragem que uma Boa Máscara Deve Ter?
A capacidade de filtragem de uma máscara de tecido vai depender da qualidade dessa máscara, sendo uma qualidade boa a de 03 camadas, que é equivalente a uma máscara cirúrgica. Para terem uma ideia, a máscara cirúrgica tem uma filtragem em torno de 59%, enquanto que a de tecido com 03 camadas tem uma filtragem, para aerossol da tosse, em torno de 51%.
Mas é importante observarmos o seguinte: tanto a cirúrgica quanto a de tecido necessitam ser utilizadas apenas durante aquele prazo de validade, ou seja, até 2 horas e enquanto estiverem secas e não estiverem amassadas.
Então, se alguém espirrou ou se estiver suando e essa máscara molhar, ela vai ter uma vida útil de menos de duas horas; e no máximo, essa vida útil, será de 2 horas. Após isso, já não tem mais essa capacidade de filtragem e é preciso trocar essa máscara.
Máscaras Indicadas Para o Atual Momento
Com a chegada da nova cepa do coronavírus, as máscaras caseiras e de TNT são confiáveis ou chegou a hora de abandoná-las e buscar uma máscara cirúrgica ou de padrão PFF2 e N95?
As máscaras de pano, essas de tecido, têm benefício e proteção também para as novas variantes do coronavírus. O que temos que ficar espertos é com relação às demais medidas de controle, que têm que ser associadas ao uso de máscara, como afastamento social e higienização de mãos.
É importante lembrar também que a máscara é válida apenas durante o seu tempo de vida útil; após duas horas, ela já não tem mais o mesmo benefício. As máscaras de tipo N95 são importantes para procedimentos específicos, de trabalhadores de saúde, que vão gerar produção de aerossol, que são partículas menores que aquelas que nós exalamos quando respiramos, tossimos ou espirramos.
E outra coisa é que a máscara N95 tem uma duração maior de uso. Desde que esteja seca, íntegra, ela pode ser usada até no máximo duas semanas, a depender também se está suja e de outras condições. Sendo que as máscaras cirúrgica e de tecido têm uma duração de no máximo 2 horas; e a máscara de tecido, devemos observar também a qualidade dela: o ideal é que ela tenha três camadas de proteção.
Máscaras e a Redução do Contágio
Ao tempo em que as novas variantes do coronavírus se espalham e a vacinação ainda engatinha, a necessidade do uso de máscara como forma de redução do contágio é uma certeza?
O uso de máscaras tem uma alta eficácia para proteção contra o novo coronavírus, mesmo essas novas variantes que temos presenciado. A questão é que a máscara sozinha não vai ter a sua maior eficácia. Ela precisa se somar a todas as outras medidas de prevenção: seja o distanciamento social, a higienização de mãos ou mesmo a própria vacinação. Não é porque a pessoa se vacinou, que não precisa mais fazer uso das demais medidas de prevenção.
Outra coisa que temos que prestar atenção também é na qualidade dessas máscaras. A de tecido tem praticamente a mesma equivalência de proteção que uma máscara cirúrgica para a população em geral, especialmente as pessoas que não estão com sintomas sugestivos de COVID-19.
Mas essas máscaras precisam ter, para uma melhor proteção, 03 camadas, sendo a primeira camada para absorver; a intermediária, que funciona como filtro e a mais externa, de um pano não absorvente, como um poliéster.
E devemos lembrar também que a máscara tem um tempo máximo de uso. Tanto a cirúrgica quanto a de tecido precisam ser usadas até no máximo 2 horas, desde que não estejam rasgadas, sujas, amassadas ou úmidas. Se for o caso de uma dessas situações, elas têm que ser trocadas, inclusive antes desse período. E no caso das máscaras de tecido, que podem ser reutilizadas, devem ser guardadas adequadamente para posterior higienização, também da forma adequada.
Quais os Riscos que uma Máscara Pouco Respirável Pode Trazer?
Máscara muito grossa não necessariamente significa que tem uma maior proteção, pelo contrário, se você utiliza uma máscara muito grossa, isso pode significar um maior desconforto, uma dificuldade maior para respirar.
Se você não consegue colocar o gás, o CO2 que você exala quando expira, para fora do seu organismo e fica inspirando novamente uma alta concentração de CO2, ao invés de inspirar o oxigênio, você tem uma dificuldade da oxigenação do seu organismo. Isso pode levar inclusive a tonturas ou até mesmo a desmaios.
Além disso, uma máscara que é muito quente, que te leva a uma maior dificuldade para respirar, acaba fazendo com que levemos muitas vezes as mãos à boca ou ao nariz; tentar ajeitar a máscara aumenta a possibilidade de embaçar os óculos e, consequentemente, você acaba aumentando a exposição, pois acaba levando a mão que pode estar contaminada para área de mucosas, como olhos, nariz e boca.
Máscara Caseira Ainda é Recomendada Pela OMS para População em Geral
Quantas camadas ela deve ter? As de tricô e de crochê oferecem proteção? Elas precisam cobrir nariz e boca para protegerem corretamente?
As máscaras de tecido, essas caseiras, seguem sendo recomendadas pela OMS como eficazes na prevenção contra o coronavírus, mesmo essas novas variantes que têm circulado cada vez mais entre a população.
A recomendação da OMS é que essas máscaras tenham 03 camadas, sendo que a primeira, a mais interna, seja uma camada absorvente; a do meio, a intermediária, seja uma camada de filtro e a terceira, que é a mais externa, seja uma camada não absorvente, de um material como poliéster.
Então, essas máscaras de tricô ou de crochê não podem ser usadas como máscaras eficazes, a não ser que essa camada do tricô ou do crochê seja usada apenas como uma camada externa, a mais, do ponto de vista estético, mas não seja considerada como uma dessas três camadas para proteção.
Outra coisa importante da máscara é que não basta apenas utilizá-la, tem que utilizá-la da forma correta, ou seja, sempre tapando nariz e boca. Não adianta usar máscara somente cobrindo a boca ou pior ainda, cobrindo o queixo; não vai ter utilidade nenhuma.
E, além disso, nós também precisamos utilizar a máscara pelo tempo correto, ou seja, desde que a máscara esteja seca e íntegra, deve ser utilizada no máximo até 2 horas; após esse tempo, ela já não tem mais as mesmas prevenção e capacidade de filtragem, e deve ser trocada.
Lembrando que essas máscaras caseiras, as máscaras de tecido, precisam também ser guardadas e posteriormente higienizadas de forma correta. Quando formos escolher uma máscara de tecido, é interessante colocá-la entre a luz e ver como são as camadas dela.
Ela precisa ser homogênea; se ficam aquelas partes mais escuras com as mais claras misturadas; isso significa que o ar também pode acabar passando mais por essas camadas mais claras e consequentemente não tem uma qualidade e uma capacidade de proteção tão eficaz.