Escitalopram

Escitalopram – Para que Serve Escitalopram

Se quiserem saber como funciona o medicamento Escitalopram, ver a visão do neurologista sobre ele, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções, Neurologia Geral e todos os assuntos que são da demanda de vocês, do nosso público, vai abordar sobre isso.

Escitalopram

O tema deste conteúdo é Escitalopram, um medicamento muito utilizado, da classe dos antidepressivos, mas não é só por ser um antidepressivo que é só para depressão, até pelo contrário, tem indicações até mais para síndromes ansiosas do que propriamente para as depressivas.

Indicações

Síndromes Ansiosas

Ele tem várias indicações para síndromes ansiosas, como distúrbio de ansiedade generalizada, que é a pessoa que tem ansiedade com tudo, não é uma ansiedade focada, específica em uma coisa, ela nasceu ansiosa.

Ele tem indicação para Transtorno Obsessivo-Compulsivo que é também uma faceta da ansiedade; o indivíduo fica obsessivo com uma coisa, por exemplo, “ah, eu tenho que manter tais coisas todas organizadas, tudo tem que ser perfeito”. E isso o leva a um comportamento compulsivo de querer organizar as coisas, deixar tudo simétrico ou querer ter tudo no mais perfeito estado possível.

Síndrome do pânico, que é quando a pessoa fica taquicárdica, tendo medo muito grande das coisas, tendo medo de ter medo, com pavor, sudorese, mal-estar muito grande.

O transtorno de estresse pós-traumático é aquela que sofreu algum trauma muito grande, um abuso moral repetitivo muito grande, abuso sexual, um sequestro, algum trauma físico ou esteve em uma guerra ou até em relacionamentos abusivos – esses transtornos de estresse pós-traumático são importantes, reais.

A ejaculação precoce também, que é muito relacionada à ansiedade e os transtornos de ansiedade social, que é aquilo que a pessoa tem ansiedade quando vai interagir com outras ou quando está em um grupo maior.

Síndromes Depressivas e Outras

E ele também atua muito bem nas síndromes depressivas, como no transtorno depressivo maior, e é muito bom e muito utilizado no transtorno misto, depressivo ansioso, é a pessoa que tem tanto depressão quanto ansiedade juntas.

Como Funciona

O escitalopram aumenta a concentração de serotonina na fenda sináptica, em que a serotonina é liberada, depois é recapitada e destruída. Se inibimos a sua recaptação, ela permanece na fenda sináptica e acaba tendo mais serotonina naquela fenda sináptica do neurônio. Depois de dias, semanas, vai mudando o funcionamento da rede neural e isso leva ao funcionamento, ao efeito do medicamento.

Metabolismo

Isso é importante porque implica na nossa vida com o seu efeito. Ele tem uma meia-vida de 30 horas, significa que demora 30 horas para que o nível, a concentração do medicamento no sangue caia pela metade – meia-vida é isso, cair pela metade a concentração.

Se estava dez, para chegar em cinco gasta trinta horas. Então, isso significa que se a pessoa, por exemplo, esqueceu de tomar um dia o remédio, não vai ter problema nenhum, basta tomar no dia seguinte normalmente a dose habitual que nada vai acontecer. Logo, essa meia-vida de 30 horas dá uma segurança até mesmo caso ela esqueça de tomar algum dia a dose – e a dose máxima é de 30 mg por dia, sendo que tipicamente ficam em até 20 mg / dia.

Apresentações

Tem escitalopram de 10 mg, 15 mg, 20 mg e em gotas, que é de 20 mg por ml ou 1 ml por gota.

Miligrama por gota eu gosto muito de usar o escitalopram justamente por conta da apresentação gotas; quando o paciente tem muito efeito colateral com a adaptação do medicamento e ponho gotas, vou subindo bem gradativamente, de maneira bem lenta, porque assim ele vai tendo menos efeitos colaterais com a introdução do medicamento e chega na dose terapêutica desejada.

Uso em Populações Específicas

Gestantes

O escitalopram em gestante é categoria “C”, ou seja, não há dados de malformação e são raros casos de síndrome de retirada em recém-nascidos. É um medicamento que atravessa a barreira placentária, porém, de maneira geral, é relativamente seguro, não tem tantos estudos específicos em humanos para virar categoria “B” ou “A”, mas é de uma relativa segurança em gestantes.

Significa que não teve estudos de complicações em animais e humanos, os que igualmente utilizaram até então não tiveram relatos de malformações ou complicações obstétricas.

Lactentes

É um medicamento que é excretado no leite e pode afetar sim o recém-nascido, porque o escitalopram tem uma característica um pouco inibitória e, normalmente, recomenda-se interromper a amamentação ou o uso da droga e trocá-lo por algum outro medicamento que seja mais seguro na lactente.

Crianças e Adolescentes

Não tem segurança e eficácia estabelecidas para crianças menores de 12 anos de idade, mas há uma recomendação de advertência maior no tratamento dos pacientes de 12 anos até jovens de 24 anos de idade: há maior risco de pensamento, comportamento suicida, especialmente nas primeiras semanas de uso do medicamento e se há presença de sintomas como tentativas de suicídio prévias, pensamentos suicidas e hostilidade.

Predominantemente, agressividade, comportamento opositor e raiva, ou seja, se a criança ou o jovem já tem uma característica prévia de pensamentos suicidas, tentativas de suicídio, de hostilidade, como raiva, comportamento opositor e agressividade, não é recomendado porque, especialmente nas primeiras semanas, tem uma característica muito grande de aumentar esses sintomas e, consequentemente, crescer o risco de um comportamento suicida ou muito mais agressivo, que são indesejados.

O medicamento não é de uso proibitivo em adolescentes e jovens, mas deve ser considerado caso a caso com o médico prescritor, especialmente se tem já esses sintomas prévios.

Idosos

Considerar doses menores, especialmente, de 5 mg ou até no máximo 10 mg / dia.

Insuficiência Renal

Em pacientes com insuficiência renal, a função renal não altera em nada quando o paciente não tem diálise, então, não precisa fazer ajuste.

Insuficiência Hepática (Cirrose)

Já na insuficiência hepática, tem que usar em doses menores, é igual idoso, de 5 mg, no máximo 10 mg / dia.

Interações Medicamentosas e Alertas

De maneira geral, é um medicamento bom no sentido de interações, não tem tantas interações medicamentosas – nesse ponto, é até bem tolerado.

Antiagregantes Plaquetários

Pode ter alguma interação com o antiagregante plaquetário, que é como medicamento AAS, para afinar o sangue, anticoagulantes, o que pode levar a um leve aumento de risco de sangramentos.

Outros Medicamentos Serotoninérgicos

Ele pode estar relacionado também com outros medicamentos serotoninérgicos, como outros antidepressivos, medicamentos para tratamento de enxaqueca como os triptanos, e pode aumentar o risco de síndrome serotoninérgica, de ter muita serotonina e esse excesso trazer síndrome serotoninérgica.

Álcool

Tem uma questão interessante: não aumenta nenhum efeito da bebida, então, o escitalopram não tem interação com o álcool e nesse quesito tem essa segurança também.

Efeitos Colaterais

Quanto aos efeitos colaterais do escitalopram, vamos detalhar especialmente dos que são muito comuns, que afetam mais de 10% dos pacientes que os tomam, e os comuns, que afetam entre 1% e 10% dos que usam o medicamento.

Muito Comuns >10%

Dentro dos efeitos colaterais muito comuns temos as náuseas, que acometem mais ou menos 20% dos pacientes; diarreia, aproximadamente, 10% dos pacientes; alterações na ejaculação, como retardo ejaculatório ou uma ejaculação não da mesma forma que era antes, em torno de 13% dos pacientes; sonolência durante o dia, em torno de 10% dos pacientes.

Dor de cabeça, 24% dos pacientes – olha que interessante, muitas vezes, vem na forma de aumento das contraturas musculares, como contraturas da cervical, de bruxismo, trismo, e aumento de tônus da musculatura que aumenta a chance de ter dores de cabeça. Insônia pode afetar 10% mais ou menos – olha que interessante, ele pode dar a sonolência diurna, mas também pode dar insônia.

O ganho de peso não fica em um número tão estabelecido porque é meio que variável, as pessoas podem ganhar 300 g, 500 g ou até chegar a ganhar 6 kg com o uso do medicamento, ou, como muitos, não ganham nada. Mas é muito comum pacientes terem ganho de peso de forma variável, individual, é um efeito colateral igualmente muito comum.

E tem também outro efeito colateral que é o de amortecimento emocional, o escitalopram, como é muito bom quando a pessoa está muito excitada, com muita ansiedade, faz esfriar muito esse processo.

Ele igualmente faz um achatamento emocional muito grande; depois de um tempo usando o medicamento, ela meio que não ri na situação que iria rir, às vezes, não chora na hora que iria chorar, não sente as emoções da mesma forma que sentiria antes, ela realmente fica sem a depressão, sem a ansiedade, mas acaba não tendo a vivacidade, as cores das emoções como tinha antes.

E eu digo, é como se fosse um amortecedor, ela tem um amortecedor entre as coisas que acontecem e as emoções dela, especialmente de sentir que não sente aquela gargalhada, aquela risada que tinha antes, e não chora em situações em que choraria antes e que seria um choro normal, não o de depressão.

Comuns Entre 1% e 10%

Entre efeitos colaterais comuns, que atingem de 1% a 10% dos pacientes estão queda da libido, em torno de 7% dos pacientes; anorgasmia em 4% dos pacientes; disfunção erétil afeta 3% dos pacientes.

Tonturas atingem 6%; fadiga, de ficar cansado, fadigado, 5% dos pacientes; letargia são 3% dos pacientes; e sintomas gripais – olha que interessante, é como se a pessoa estivesse com aquela prostração, aquele mal-estar, aquela sensação de congestionamento, dor no corpo – em torno de 5% dos pacientes.

Por que é tão Utilizado o Escitalopram?

Outro questionamento é por que o escitalopram é tão comumente utilizado no Brasil, mesmo se não é fornecido pelo SUS?

Porque o Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS – nós somos o país mais ansioso do mundo há vários e vários anos seguidos. A maior população ansiosa do mundo é a nossa, é brasileira, tanto percentual quanto, acredito que, em números absolutos também.

Nós somos o quinto país mais depressivo do mundo também. Então, é um medicamento que atua na ansiedade e igualmente na depressão, muito bem eficaz nisso, especialmente na ansiedade, e que ‘cai’ muito bem na população brasileira.

E como a patente dele já caiu, mesmo que não tenha no SUS, tem um custo também bem acessível de maneira geral. E comumente, o escitalopram até é bem tolerado pela grande maior parte dos pacientes, especialmente em doses relativamente baixas, de 10 mg ou 15 mg.

Especialmente a de 10 mg, a maior parte dos pacientes tolera muito bem, sem ter grandes, maiores efeitos colaterais – ele costuma ter maiores efeitos colaterais com doses maiores, de 20 mg, 30 mg.

O escitalopram é um medicamento, sim, muito utilizado no Brasil, porque se encaixa muito bem na população brasileira, também cabe no bolso da grande maior parte das pessoas, mesmo não sendo fornecido pelo SUS.

Então, é um excelente medicamento, tanto que é muito utilizado, tem seus problemas, seus efeitos colaterais, especialmente a médio e longo prazo, mas ‘cabe’ muito bem em uma gama de situações que são comuns no nosso País.

Assista ao vídeo para saber mais:

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