Cirurgia para Epilepsia em Crianças – Quando Considerar este Tratamento?
Cirurgia para Epilepsia em Crianças. Movimentos descontrolados de uma parte do corpo, perda de consciência, confusão mental, lapsos de memória, desmaios, rigidez no corpo, tremores. Identificou alguns destes sintomas no seu pequeno? Você se lembra o que veio a seguir?
Estas são algumas das características típicas de uma crise epiléptica, uma desorganização cerebral temporária e reversível. Se a criança apresenta mais de duas crises epilépticas, em um intervalo maior do que 24 horas, ela pode ter uma Epilepsia.
Continue acompanhando este artigo para saber em quais condições a Cirurgia é uma opção de Tratamento em casos de Crianças com Epilepsia.
Cirurgia para Epilepsia em Crianças
O Que é a Epilepsia?
Antes mesmo de falarmos sobre a cirurgia como forma de tratamento, é importante deixarmos claro e/ou entendemos melhor o que é esse tipo de condição em questão.
Uma crise epiléptica é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não aparece como consequência de nenhum outro insulto, como a febre, o uso de drogas ou distúrbios metabólicos.
Ela acontece quando as células cerebrais começam a exercer atividades em excesso e anormalmente (emissão de sinais incorretos) por alguns segundos ou até mesmo por minutos. Quando esses sinais ficam restritos apenas a essa região, a crise é conhecida como parcial. Caso se espalhe e atinja os dois hemisférios cerebrais, ela se trata de uma epilepsia generalizada.
Essas crises podem se manifestar com alterações da consciência ou de eventos motores, sensitivos, sensoriais, autonômicos (suor excessivo e queda de pressão, por exemplo) ou psíquicos involuntários que podem ser percebidos tanto pelo próprio paciente quanto por outra pessoa.
A doença Epilepsia é caracterizada pela recorrência de crises epilépticas. Saiba mais sobre a epilepsia infantil, neste artigo.
Cirurgia para Epilepsia em Crianças – O Tratamento
As crises epilépticas podem ser controladas por meio de tratamentos com medicamentos específicos e prescritos por um médico, denominados drogas antiepilépticas. Elas são capazes de evitar o surgimento das descargas elétricas cerebrais anormais, que dão origem à doença. Porém, nem todas as formas de epilepsia são controladas com medicamentos. Na verdade, estima-se que apenas 60% dos casos de epilepsia são sensíveis à medicação.
Em paralelo, recomenda-se que a pessoa diagnosticada com epilepsia mantenha uma vida saudável com dieta balanceada, não ingira bebidas alcoólicas em excesso, não passe as noites em claro e ainda evite levar uma vida estressada. Em alguns casos, a dieta cetogênica é muito benéfica para crianças com epilepsia.
Quando a epilepsia não é tratada ou os medicamentos não estão funcionando como deveriam e as crises estão acontecendo com uma alta frequência e com uma duração maior do que trinta minutos sem que a pessoa recupere a consciência, as funções cerebrais podem ser prejudicadas. Então, para que isso não aconteça, os médicos passam a considerar a cirurgia como alternativa.
Esse tipo de intervenção é indicado em casos de convulsões frequentes que têm origem em um lugar específico do cérebro, o focal, e são motivados pelo tecido cicatricial, por um tumor, por um cisto ou por outra lesão que possa ser corrigida por meio de uma cirurgia.
Mas, apesar de ser indicado nessas condições, é sempre importante considerar os prós e contras de qualquer situação. Quando os pais optam por esse tipo de tratamento, os médicos dão início ao processo de investigação cirúrgica.
Cirurgia para Epilepsia em Crianças – Os Tipos de Cirurgia
Antes de o médico escolher qual é a melhor intervenção para cada paciente, ele precisa avaliar e diagnosticar a causa das crises e a região de origem das crises. Para isso, ele tem opções de procedimentos de diagnóstico:
- Vídeo-EEG e Ressonância Magnética: são os exames que dão início à investigação cirúrgica e buscam identificar a área da lesão que origina as crises. Se há dúvidas quanto à extensão da lesão ou sua localização, a investigação segue de forma invasiva, descrita a seguir:
- Eletrodos de profundidade: são pequenas sondas inseridas em áreas específicas do cérebro, por meio de pequenos orifícios e na abertura do crânio, que monitoram a atividade elétrica no interior do cérebro;
- Colocação da grade subdural: são folhas ou tiras de eletrodos, colocadas através de um corte no crânio, sobre e ao redor de áreas que são suspeitas de originarem as crises;
Após a inserção dos eletrodos ou das grades, os médicos realizam o Mapeamento eletrográfico, para identificar a origem das crises com precisão, além de quais áreas funcionais estão próximas ao foco das crises.
Depois disso, eles vêem qual cirurgia mais se encaixa em cada caso, que pode variar entre:
- Ressecção: a remoção do foco epiléptico é realizada por meio de uma craniotomia, que é uma cirurgia aberta no crânio, sem comprometer as estruturas cerebrais que estão ao redor;
- Ablação: procedimento a laser, minimamente invasivo, de recuperação rápida e fácil, que utiliza a técnica de neuronavegação assistida por computador para otimizar segurança e eficácia;
- Terapia Térmica Intersticial a Laser (LITT): um fio de laser é introduzido por um pequeno orifício na parte de trás da cabeça, para destruir o tecido afetado no cérebro de pacientes com epilepsia focal / parcial;
- Estimulador do Nervo Vago (VNS): é um dispositivo, voltado para os casos de crises múltiplas ou disseminadas, que envia sinais elétricos intermitentes ao cérebro para que ele pare de propagar a crise;
- Calosotomia: é indicado para crianças em que as crises começam independentemente em ambos os lados do cérebro e se espalham. A cirurgia envolve o corte de fibras que conectam os dois hemisférios para impedir a propagação de convulsões de um lado para o outro;
- Hemisferotomia: é indicado para casos de epilepsia mais graves, que envolvem todo um hemisfério. Neste tipo de procedimento ocorre o rompimento da conexão entre os dois hemisférios do cérebro.
Só lembrando, qualquer tipo de cirurgia tem os seus prós e contras, por isso os pais precisam avaliar se compensa a realização deste tipo de tratamento. Caso concordem que sim, cada tipo de intervenção tem o seu tempo de recuperação, que sofre influência da resposta do corpo da criança em questão.
Referência: Johns Hopkins Medicine
Autora: Dra Paula Girotto