Estimulação Magnética Transcraniana para o Parkinson

Estimulação Magnética Transcraniana para o Parkinson

Se você quer saber sobre Estimulação Magnética Transcraniana para o Parkinson, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Sono, Dor, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai abordar sobre isso.

Necessidade da Estimulação Magnética Transcraniana para o Parkinson

O assunto de hoje é sobre a estimulação magnética transcraniana para o Parkinson, que é uma doença complexa, de evolução longa, que no início é muito bem tratada com os medicamentos e, às vezes, poucos.

Mas, com o passar do tempo, vai necessitando de mais medicamentos e vão acontecendo mais dificuldades motoras. Podem ocorrer também complicações com os próprios que necessitam ser em doses cada vez mais elevadas ou terem efeitos colaterais indesejados.

Para tanto, temos diversas estratégias para o tratamento não medicamentoso para o Parkinson, como a Fisioterapia, a atividade física, Acupuntura e até mesmo a cirurgia de estimulação cerebral profunda do Parkinson, a cirurgia de DBS, que não é recomendada para todos os pacientes, seja pela idade ou por não terem os critérios completos para isso.

Para uma fração dos pacientes que ganham a correta indicação para a cirurgia do Parkinson, está muito bem indicada. Então, muitos continuam tendo a necessidade de estratégias terapêuticas que os ajudem nos sintomas de lentidão, rigidez, tremores e outros mais que os medicamentos já estão no limite ou mesmo perto dele.

Para esses pacientes foram desenvolvidas as técnicas de estimulação magnética transcraniana ou EMT para o tratamento do Parkinson. E quanto mais opções terapêuticas, melhor, pois terão benefícios acumulados.

O que é a Estimulação Magnética Transcraniana?

A estimulação magnética transcraniana é uma técnica na qual influenciamos a atividade dos neurônios no cérebro os excitando ou inibindo.

O cérebro funciona como um processador biológico, os neurônios funcionam com atividade elétrica. Isso gera o processamento de dados pelo cérebro que controla todo o corpo e todas as demais vivências psíquicas e mentais que nós temos, ou seja, tudo é gerado por meio de atividade elétrica no cérebro, toda a nossa vida.

Esse processador biológico tem compartimentos localizados para cada função do cérebro. Tem as áreas da visão, motricidade, sensibilidade, audição, do raciocínio lógico, das emoções e assim por diante.

Temos diversos compartimentos do cérebro relacionados a cada vivência e podemos influenciar ou modular a atividade dos neurônios de diferentes maneiras, como, por exemplo, química, em que pegamos medicamentos que atuam no cérebro e aumentamos, por exemplo, a atividade dopaminérgica deles.

Podemos atuar modulando com a atividade física, que ativa e usa mais os neurônios motores, ou até mesmo uma repetição motora de movimentos ou manobras que condicionam os neurônios a executarem tais manobras com maior facilidade, como de sair de um freezing ou levantar ou sentar em uma cadeira. Com o treinamento e a repetição você modula a atividade dos neurônios a respeito disso.

De outra maneira, nós também podemos interferir na atividade dos neurônios, que é com os campos magnéticos, que geram potenciais elétricos nas áreas muito específicas do cérebro e essa atividade elétrica criada pode ser uma forma excitatória ou inibitória para os neurônios.

Se queremos inibir uma área relacionada à ansiedade, por exemplo, colocamos as bobinas do aparelho sobre a área localizada, correspondente, produzimos campos magnéticos em forma de pulso, em uma frequência que vai inibir a atividade dos neurônios naquela região, tratando, assim, a ansiedade, de uma forma a inibir a atividade neuronal.

Ou caso uma pessoa tenha uma queda da atividade neural relacionada ao foco, à atenção, ao bem-estar, prazer, interesse na vida, podemos colocar a bobina em uma região correspondente a essas características e aplicar ondas magnéticas em uma frequência que estimule os neurônios e, dessa forma, ajudar no tratamento de uma depressão.

Você que está lendo o artigo da estimulação magnética transcraniana para o Parkinson, escreva nos comentários o que acha disso tudo, de utilizarmos ondas magnéticas para influenciar a atividade neural dos cérebros. Parece coisa de ficção científica, mas é uma realidade e já utilizamos isso rotineiramente na Neurologia.

Como é Realizada a Estimulação Magnética Transcraniana para Parkinson?

Apesar da estimulação magnética transcraniana para o Parkinson ainda não ter recebido aprovação pelo FDA, que é o órgão regulador americano para liberação de uso terapêutico, as evidências de que funciona existem e são múltiplas.

Só não foi liberada porque ainda não se chegou a um consenso sobre qual é a melhor forma de aplicá-la. Isso quer dizer que ainda não está totalmente claro qual o local ou os locais que deve ser aplicada a estimulação magnética transcraniana para se obter o melhor resultado de todos.

É liberado para o uso clínico, a estimulação magnética transcraniana para o Parkinson, porque já existem evidências da sua eficácia e a técnica é extremamente bem tolerada e praticamente não tem efeitos colaterais, mas sem a aprovação do FDA, os convênios não são obrigados a pagar o procedimento nem o SUS.

Então, isso significa que a técnica pode ser utilizada, mas ainda não é obrigatória a cobertura dos custos pelos convênios, o que só ocorre após a aprovação do FDA e dos demais órgãos regulatórios sobre o uso da técnica.

Entretanto, essa situação de ainda não ser aprovada pode estar para terminar, visto que em 2023 saiu um estudo de metanálise comparando 36 outros estudos sobre quais seriam as melhores formas de aplicar a estimulação magnética transcraniana para o Parkinson.

A comparação foi com técnicas que já tinham mostrado resultados sobre área motora bilateralmente, ou seja, aplicar na área motora dos dois lados, sobre a área pré-frontal bilateralmente ou a motora de um lado e pré-frontal do mesmo lado, normalmente do lado esquerdo.

Segundo o estudo, a técnica que mostrou melhor resultado foi da estimulação motora esquerda mais a estimulação pré-frontal esquerda.

Uma sessão típica de estimulação magnética transcraniana para Parkinson começa com a localização dos pontos cranianos, em que pega-se fitas, faz medições, cálculos, para localizar exatamente quais são os pontos no crânio daquele paciente, das áreas motora e pré-frontal correspondente.

Então, são marcados na toquinha esses pontos, que colocamos sobre o crânio, justamente para saber em futuras sessões onde são as regiões M1 da área motora e C3, que é da área dorso frontal lateral esquerda.

Quando já fazemos essas marcações, colocamos o paciente posicionado confortavelmente em uma poltrona e são realizados testes para descobrirmos o seu limiar motor. O que é isso? Por exemplo, ele deixa a mão direita repousada e aplicamos um estímulo na área esquerda correspondente à área motora da mão, fazemos esse estímulo e ela mexe.

Se o estímulo é muito fraco, a mão não mexe nada, se acerta o ponto, dá uma mexidinha, se é muito forte, dá uma ‘mexidona’. Então, temos que achar o justo ponto em que é a menor energia necessária para fazer a mão mexer.

Parece loucura, mas controlando o movimento da mão do paciente de forma involuntária, por meio do aparelho, aplicamos o estímulo magnético, ativamos as células motoras da mão, que controlam a motricidade da mão que mexe sem querer.

Logo, quando fazemos esse estímulo, é basicamente para sabermos o nível de energia que deve ser aplicada àquele paciente, que fazemos o cálculo da aplicação da energia para ele. Assim, inicia-se uma estimulação magnética, repetitiva, excitatória sobre o córtex motor do paciente.

Após essa estimulação ou até mesmo durante os intervalos entre uma estimulação, também são realizados exercícios de Fisioterapia, nos quais treina agilidade, equilíbrio, movimentos complexos, tanto com as pernas quanto com as mãos, os braços, a postura e tudo que é necessário para ser realizada uma sessão de Fisioterapia Neurológica especializada em Parkinson.

Seguida a essa sequência de estimulação do córtex motor e aos exercícios especializados de Fisioterapia são realizados estímulos na área pré-frontal dorso lateral esquerda. A estimulação da área motora facilita a atividade dos músculos, o recrutamento de neurônios que controlam os músculos e a parte motora como um todo.

A ativação do córtex pré-frontal ajuda no planejamento dos movimentos que é tão importante quanto os neurônios que comandam os movimentos. É tão importante estimular a área pré-frontal, que faz o planejamento dos movimentos para que venham bem planejados, para que a área motora execute esses movimentos da maneira adequada.

A estimulação da área pré-frontal também ajuda no planejamento, junto com a área motora tem o melhor controle dos movimentos e a estimulação pré-frontal igualmente ajuda no estado de humor e na parte emocional dos pacientes Parkinsonianos.

Tem um paciente, que foi um caso muito interessante, que veio aqui por queixa de desequilíbrios, tonturas e dor. Examinando, vi que é um caso muito complexo, porque tinha já duas cirurgias na coluna, síndrome de cauda equina, radiculopatia, polineuropatia e, ainda por cima, descobri que tinha Parkinson, mas não labirintite, problemas do labirinto, nem problemas vasculares de baixo fluxo de sangue no cérebro.

Então, tinha uma tontura, uma dor multifatorial devido às radiculopatias, à dor miofascial dos músculos, síndrome da cauda equina, às duas cirurgias da coluna e esse paciente melhorou os medicamentos de Parkinson, mas ainda sobraram queixas de tontura e dor.

Começamos a fazer a estimulação magnética transcraniana e a Fisioterapia junto, e, assim, ‘voou’. Ele já tinha feito Fisioterapia antes e não tinha ajudado verdadeiramente na queixa de tontura, que era principalmente quando andava, nem nas dores.

Mas quando fizemos a estimulação magnética transcraniana e a ‘fisio’ juntas, melhorou o equilíbrio dele, pararam as queixas de tontura, melhorou a queixa de dor, a postura, começou a andar com toda a segurança e confiança, já melhorando o equilíbrio, teve uma evolução fenomenal e esse paciente vinha de longe, de outra cidade para realizar as sessões de tanto benefício, de tão importante que via que era para ele, como traziam resultados.

Como esse temos vários outros casos, mas esse é o mais recente da minha memória, serve muito para bem ilustrar que a estimulação magnética permite alcançar resultados que vão além da Fisioterapia ou dos remédios.

Quais são os Resultados Esperados com Estimulação Magnética Transcraniana para Parkinson?

Os resultados esperados com a terapêutica de estimulação magnética transcraniana são os mesmos de uma Fisioterapia Neurológica especializada para o Parkinson, só que com um nível de patamar de melhora muito maior.

Ela potencializa o nível de melhora da marcha, do equilíbrio, da virada sobre o próprio eixo, da realização de dupla tarefa, do agachar e levantar, do equilíbrio em uma perna única, dos tremores, do uso assertivo das mãos, da postura que fica menos curvada, o paciente fica mais ereto, tudo isso tem uma expectativa de melhora em um patamar que não se conseguiria atingir somente com a Fisioterapia tradicional.

O mais interessante é que essa melhora tem uma duração muito significativa, que pode ir a meses do efeito, mas, infelizmente, os sintomas igualmente podem voltar pelo simples fato de que Parkinson é uma doença progressiva.

A EMT melhora muito os sintomas, porém, não impede que a doença pare de progredir, então, pode voltar a precisar de novas sessões, mas a técnica também tende a ser repetida outras vezes e ter novos ganhos; a pessoa fica bem, pode cair um pouquinho de novo, depois faz a EMT novamente, tem uma duração boa de novo e assim vai seguindo a vida bem.

Todos esses resultados já têm evidência científica que é a melhora, vem acima do que se é realizado com a estimulação magnética placebo, na qual não está estimulando verdadeiramente o cérebro e apenas cria-se a sensação da estimulação. Então, isso significa que o efeito da técnica é verdadeiro e não um efeito placebo.

Então, a estimulação magnética transcraniana para o Parkinson é uma opção terapêutica extremamente válida para diversas situações na jornada do paciente parkinsoniano, em especial para os que estão com complicações motoras da doença ou com complicações medicamentosas e não têm indicação de cirurgia de estimulação cerebral profunda para a Doença de Parkinson. Ou até mesmo para aqueles que têm a indicação da cirurgia e não desejam realizar a mesma.

É uma técnica segura, com comprovação científica, pouco efeito colateral e tem pouquíssimas contraindicações.

Se você conhece alguém que tenha Parkinson, compartilhe o link deste conteúdo, pois pode estar ajudando a conhecer uma técnica que é muito importante para o tratamento da doença dele.

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