Principais Remédios para Insônia e Doença de Parkinson
Se você quer saber sobre os Principais Medicamentos neurológicos focados em Sono, falta e excesso de sono; Doença de Parkinson e parkinsonismo, tremores; e doenças autoimunes, fique até o final deste artigo, porque o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia como um todo, vai abordar sobre isso.
Principais Medicamentos Neurológicos – Sono, Parkinson e Autoimune
Neste conteúdo, vamos explicar sobre medicamentos neurológicos, especialmente os relacionados às patologias do Sono, dos Distúrbios do Movimento, principalmente focados em Parkinson, tremores e também para doenças autoimunes.
Sono
Primeiramente, vamos abordar em relação às patologias do sono, que podem ser tanto as de excesso, em que a pessoa fica tendo muito sono durante o dia e, às vezes, também de noite, quanto as patologias de falta de sono, em que ela tem diversos tipos de problemas, como insônias, de continuidade do sono etc.
Para as patologias de excesso de sono, lógico, sempre tem que ser investigada a causa do problema e nunca simplesmente ir com o medicamento, porque são diversas causas possíveis, que normalmente são relacionadas às noites mal dormidas, como, por exemplo, quem tem apneia do sono, sono fragmentado, pernas inquietas, etc. Mas igualmente existem patologias que acabam causando excesso de sono durante o dia, desde Doença de Parkinson, narcolepsia e várias outras.
Estimulantes
E para isso existem medicamentos que são os estimulantes, que temos de diferentes naturezas: tem o que é propriamente para deixar a pessoa acordada, como, por exemplo, a modafinila, que ativa a rede reticular ascendente ativadora do cérebro, é um conjunto de neurónios que sobem para o cérebro e ativam o córtex, e deixa a pessoa acordada, sendo um medicamento próprio para isso.
E tem armodafinila, que é outro metil, uma variação da molécula, e tem nas apresentações de 100 mg e 200 mg, tomada, normalmente uma vez por dia, pela manhã, mas também pode ser fracionada e é especialmente boa para deixar a pessoa bem acordada, para as patologias em que haja excesso de sono.
Igualmente é possível lidar com estimulantes que ajudam a pessoa tanto a ficar acordada quanto a ter mais estímulo propriamente disso, como a Ritalina e a lisdexanfetamina.
O metilfenidato, que é a molécula da Ritalina, é o principal estimulante utilizado no Brasil, inclusive, pela grande maior parte das pessoas que têm TDAH, e conta com diversas apresentações, desde liberação imediata, de 10 mg, em que normalmente o paciente precisa tomar mais vezes ao longo do dia, tipo, 6h, 10h e 14h. Por quê? O metilfenidato de liberação imediata não dura muito tempo, mais ou menos 4 horas, e pode ser usado com muita segurança até 60 mg / dia.
E é fundamentalmente indicado para quem tem TDAH, o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, mas também pode ser utilizado em pessoas que tenham patologias de excesso de sono, como, por exemplo, narcolepsia.
Particularmente também gosto muito, nos pacientes parkinsonianos, quando estão meio ‘fog mind’, não estão conseguindo manter o raciocínio tão bom, facilmente perdem o foco e isso ajuda bem quando tem muita sonolência.
Outro medicamento que é um estimulante e derivado das anfetaminas é a lisdexanfetamina, que tem nas apresentações de 30 mg, 50 mg e 70 mg. Essa molécula só tem na marca Venvanse por enquanto, é especialmente boa e muito bem indicada para o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, assim como é eficaz para ajudar a manter pessoas despertas, em vigília.
E igualmente ganhou indicação para ajudar no tratamento de distúrbios compulsivos alimentares, diminuindo o apetite de quem tem uma compulsão por alimentos ou come acima da medida, porque acaba reduzindo o apetite bastante.
Esta não pode ser tomada mais vezes ao longo do dia, devendo ser apenas uma vez ao dia, dura, em média, 10 horas o efeito dela, tem uma interação com álcool muito forte – se a pessoa toma álcool durante o efeito da lisdexanfetamina, tem os efeitos da bebida muito aumentados – e causa um efeito colateral interessante que é muita sede.
E qual é a grande importância? Pacientes que utilizam estimulantes e estão ainda em processos patológicos de ansiedade, há piora do quadro. Eu já ouvi pessoas que pela ansiedade, não dormiram direito, ficaram querendo produzir e tinham sono durante o dia.
Assim, não conseguem ter atenção, render, tentam tomar estimulante e ficam meio ‘pilhadas’, mas sem foco, porque a mente não está descansada e ainda estão ansiosas. Então, estimulante não é a solução para qualquer tipo de problema, tem que vir junto com um diagnóstico correto e dentro das indicações, dentro de uma lógica.
Hipnóticos
Dentro das patologias relacionadas à falta de sono temos os medicamentos hipnóticos, que são os indutores de sono, sendo que os melhores representantes dessa classe são as drogas Z, que recebem esse nome porque todas têm o ‘Z’ no nome, como o zolpidem, a zopiclona e a eszopiclona.
O zolpidem ficou muito famoso no Brasil e tem diversas apresentações, sendo a mais comum de 10 mg e em que, muitas vezes, a pessoa toma metade, 5 mg – tendo de 5 mg de liberação imediata, seja ela sublingual ou dissolvida em copo na água – seja de liberação prolongada ou estendida, e tem nas apresentações de 6,25 mg e 12,5 mg.
Cada um tem uma função: o zolpidem tem uma meia-vida mais ou menos de 4 horas. Se a pessoa tem problema só para iniciar o sono, o zolpidem normal não é um problema, serve.
Caso tenha dificuldade para iniciar e manter o sono, é importante que seja na apresentação de liberação prolongada, que vai ter, pelo menos, uma duração de umas 6 horas. Por quê? Se tem dificuldade também de manter o sono, passa o efeito do zolpidem; dá 4 horas que tomou, ela acorda.
Se tem muita ansiedade antes de dormir e o problema dela é justamente a preocupação com o fato de não dormir, são especialmente boas as apresentações de liberação ultrarrápida, como a sublingual ou dispersível na água.
Particularmente, gosto mais da sublingual, porque a pessoa pode estar de estômago cheio e ainda assim tomar que vai funcionar muito bem nessa apresentação, de 5 mg – e, normalmente, eu faço um preparo com o zolpidem sublingual já pertinho mesmo da hora de dormir para induzir a deitar e acabar tendo sono.
A zopiclona é também uma droga Z, que atua nos receptores GABA e tem um efeito inibitório, por isso, acaba tendo esse efeito de indução do sono. Ela tem uma diferença com o zolpidem em relação à meia-vida dela, porque dura mais tempo, normalmente induz e mantém mais o sono, demora um pouco mais para funcionar.
E tem um efeito colateral que é dar mais ressaquinha de manhã no outro dia – é mais fácil da pessoa ter efeitos residuais do medicamento na manhã seguinte. Mas também tem outro benefício que é um maior efeito de relaxante muscular. Para quem têm insônia e ainda se contraem muito durante a noite, a zopiclona é muito boa.
Igualmente a outra variação da molécula é a eszopiclona, que nada mais é do que a zopiclona com menos efeitos colaterais, que acaba dando realmente uma vantagem muito grande: diminui muito a sensação de mal-estar durante o dia, logo pela manhã, não tem tanto efeito de ressaca, não tem outras alterações em relação à parte de musculatura lisa, soltando a musculatura esquelética bem também.
E, infelizmente, tem um único efeito colateral que é a mudança de gosto na boca pela manhã – é muito comum os pacientes sentirem que a boca está com gosto estranho pela manhã, mas toma café e isso resolve, fica bem.
Existem formas de tratamento que não são propriamente medicamentos, mas muito utilizadas para o sono, – considerados naturais, mas não são verdadeiramente, porque têm que ter os processos farmacológico e químico neles.
Como a melatonina não serve para induzir nem para manter o sono, mas para demarcar hora de sono, é especialmente boa para quando as pessoas têm uma dificuldade muito grande em criar hábito de dormir em certo horário e acordar no horário correto – ela pode ajudar também quando há dificuldade de sono leve, uma insônia leve.
O magnésio, especialmente o magnésio treonato, igualmente ajuda muito a relaxar a musculatura e a preparar o corpo para o sono – ele sozinho não resolve insônia grave, mas também colabora bem no processo do sono.
E existe uma molécula, derivada da proteína do leite, que é o lactium. Ele tem efeitos indutor e regulador do sono, melhora também insônia, mas não de imediato, a pessoa tem que ficar utilizando continuamente para ter o benefício de tratá-la.
Então, melatonina, magnésio, lactium e, por exemplo, derivados da passiflora, que é outro fitoterápico, porque é do maracujá, podemos utilizar quando o paciente tem as insônias leves ou até mesmo quando é uma insônia moderada não tão frequente.
Servem bem e acabam ajudando desde que ele não tenha grandes elementos perpetuadores da insônia, como, ansiedade grave, uma preocupação pré-sono muito grande ou uma depressão propriamente.
Agora, tem medicamentos que são antidepressivos, mas têm uma indicação clássica muito boa para indução do sono. O melhor deles – esse já não vende mais em farmácia, só manipulado –, que é um antidepressivo tricíclico, é a doxepina.
Ela é muito boa, tem efeitos de indução e manutenção do sono fantásticos, e pode ser utilizada em doses baixas, porque assim acaba não acarretando em efeitos colaterais mais típicos de antidepressivos tricíclicos, como constipação, retenção urinária, ganho de peso etc. E em doses relativamente baixas é possível ter uma excelente indução do sono e um tratamento da insônia muito bom.
Outro antidepressivo que é especialmente bom para a insônia, mas nem sempre funciona, porque tem variações individuais bem grandes, é a mirtazapina, que tem até apresentação orodispersível de 15 mg justamente para poder ter uma indução rápida do sono.
É muito bem tolerada, inclusive por idosos, e só tem um efeito colateral que é significativo em jovens, especialmente mulheres: em doses maiores, pode comumente aumentar o apetite; é fácil a pessoa começar a ficar ‘boquinha nervosa’, de a mulher querer comer e, muitas vezes, doces ou, às vezes, comida propriamente. Em idosos que estão com insônia é muito boa, porque, especialmente se ele está com perda de apetite, ela melhora o sono e ainda ajuda a melhorar o apetite.
Você que está lendo o artigo, escreva nos comentários o que está achando a respeito dos medicamentos neurológicos que já explicamos até agora. Se tiver dúvidas, escreva, nos conte a sua experiência ou o que gostaria de saber.
Parkinson e Tremores
Agora, vamos abordar sobre os medicamentos relacionados ao Parkinson e aos tremores.
Levodopa
Para o Parkinson, o principal medicamento vai ser e sempre será a levodopa; por quê? Na Doença de Parkinson falta a dopamina, que é muito bem compensada com a levodopa, uma pré-droga que acaba se transformando em dopamina no cérebro.
Ela sempre vem acompanhada de outra molécula, por exemplo, benserazida ou carbidopa, porque a levodopa benserazida e a benserazida e a carbidopa inibem a transformação da levodopa em dopamina no tubo digestivo e no sangue periférico para deixar que chegue no sistema nervoso central e seja transformada em dopamina somente lá, porque se for transformada no tubo digestivo, vai causar muitas náuseas, muitos efeitos colaterais no paciente e acaba que ele não tolera o medicamento.
Até mesmo se ficar sendo transformada no sangue periférico, a dopamina sistêmica também traz efeitos colaterais indesejáveis, então, por isso, a levodopa sempre vai vir com a molécula benserazida ou carbidopa para inibir a transformação dela em dopamina fora do cérebro.
A levodopa tem diversas apresentações; normalmente, é mais comum, a levodopa benserazida nas apresentações de 100 / 25 mg ou de 200 / 50 mg, e ainda assim tem apresentações de liberação lenta, de liberação dupla, que tem as fases rápida e tardia, de liberação dispersível, que é para ter uma absorção bem mais rápida e assim por diante.
E eu sempre digo: “ela é o alfa e o ômega”, “é a primeira e a última”, porque pode ser usada no início, no meio e no final do tratamento do Parkinson, especialmente em idosos. É a melhor molécula que tem para tratar o Parkinson, pois é a que causa menos efeitos colaterais, é a mais bem tolerada de todas.
Ainda assim pode dar efeitos colaterais, tais como, sonolência, queda de pressão, um pouco de edema nas pernas, ainda assim dar sintomas gastrointestinais e, em alguns casos, quando a dose é muito alta, pode promover alucinações. Mas de todas é a que menos faz isso, todos os outros agonistas dopaminérgicos causam muito mais efeitos colaterais do que a levodopa.
Agonistas Dopaminérgicos
Moléculas que são agonistas dopaminérgicos propriamente, a levodopa transforma-se em dopamina, que atua no receptor dopaminérgico. Agora, podemos fazer uma molécula que não é dopamina, mas também atua nesse receptor de mesmo nome, como, por exemplo, pramipexol, Rotigotina e o ropinirol. Todos são agonistas dopaminérgicos, sendo que de longe são muito mais utilizados os dois primeiros.
O pramipexol é uma molécula que tem nas apresentações de liberação imediata e lenta, e pode vir desde doses baixas, como de 0,125 mg até chegar a 4,5 mg / dia – isso tudo vai depender do grau do acometimento da Doença de Parkinson no paciente.
Rotigotina é em forma de adesivo, em que você cola na pele, dura 24 horas e vai trocando a cada vez. E tem várias dosagens: de 2 mg, 4 mg, 6 mg e 8 mg, e podemos somar adesivos, como um de 8 mg com 4 mg, 2 mg com 8 mg, é possível utilizar até 20 mg de Rotigotina por dia.
Ropinirol já é menos utilizado, porque tem mais efeitos colaterais e, devido aos relacionados fundamentalmente aos edemas, acabou que não tem um grande uso dele no dia a dia.
Mas pramipexol e Rotigotina são amplamente utilizados – o primeiro tem até mesmo no SUS – e muito bons, especialmente para os pacientes mais jovens, que toleram melhor o fármaco e os efeitos colaterais.
Os principais dos agonistas dopaminérgicos são queda de pressão, edema, especialmente em membros inferiores, alterações de comportamento – porque podem causar desregulação dopaminérgica e a pessoa acabar tendo hipersexualidade –, jogo patológico, compulsão por doces, tudo que tenha sensação de recompensa pode aumentar demais.
Pode dar sonolência também e fundamentalmente, duas coisas que mais complicam e vemos no dia a dia, quando estamos usando doses mais altas, são confusão mental e, às vezes, alucinações. Mas, ainda assim sabendo, são muito bons e podem ser utilizados pela grande maior parte dos pacientes parkinsonianos.
Inibidores da COMT
Tem também os medicamentos que são os inibidores da COMT, uma enzima que fica quebrando a molécula da dopamina no cérebro e, inibindo a degradação da dopamina, se você não a quebra, vai ter ainda mais dopamina no cérebro.
E a COMT é essa enzima que vai fazer a quebra da dopamina, você vai acabar tendo mais dopamina e, assim, vai durando mais o efeito dela ou da levodopa que está sendo ministrada no paciente. Por isso, eles têm que ser sempre receitados juntos com a levodopa – o inibidor da COMT não faz efeito sozinho; se você não der a levodopa e o inibidor da COMT, não vai ter benefício nenhum.
O mais utilizado no Brasil é a entacapona, que tem na apresentação de 200 mg e pode ser usada junto de cada tomada da levodopa, separadas ou até mesmo de maneira mais fracionada, a depender do regime medicamentoso de cada indivíduo.
Qual é a vantagem do inibidor da COMT? Ele prolonga o efeito da levodopa quando o paciente está tendo a perda de efeito do medicamento. Mas tem um problema: também aumenta a concentração máxima da levodopa.
Se antes a levodopa fazia uma curva em forma de parábola mais fechada, para inibidor da COMT, faz isso mais amplamente, dura até mais na frente, mas tem mais chance de ter um pico maior e, consequentemente, mais chance de ter discinesia, que é um dos movimentos indesejados – vai chegar ainda, já tem fora do Brasil.
Outra molécula inibidora da COMT é a opicapona, que é tomada só de maneira mais linear, tem menos discinesias e menos offs, é uma evolução do inibidor da COMT.
Amantadina
Também temos outra molécula que é a amantadina. Muita gente não sabe, mas foi desenvolvida inicialmente como um antiviral e não se sabe muito bem como, mas acaba inibindo a replicação viral e para a maior parte dessas viroses comuns das gripes, acaba tendo um efeito benéfico antiviral, inespecífico.
Não é tão amplamente utilizada, porque se a pessoa acaba tendo algum problema renal, acumula muito no corpo e dá cardiotoxicidade. Porém, tem um efeito benéfico importante: na Doença de Parkinson, igualmente atua no receptor NMDA, tem um efeito dopaminérgico, melhora um pouquinho o tempo de ‘on’, é boa para controlar a discinesia justamente por conta desse efeito, no NMDA, mas não é uma molécula potente.
Além disso, ela também é muito cheia de efeitos colaterais: facilmente causa confusão mental, alucinações, piora o cognitivo do paciente, especialmente se já está utilizando muitos medicamentos, agravando se é mais idoso ou tem tendências psiquiátricas alteradas.
Anticolinérgico
Também existem os medicamentos anticolinérgicos, que são o biperideno e o triexifenidil, que vão inibir ativação dos receptores de acetilcolina – por isso mesmo são anticolinérgicos – e acabam melhorando alguns elementos da Doença de Parkinson, alguns sintomas parkinsonianos.
Eles são especialmente bons em relação aos tremores e às distonias, mas não são muito bons para, especificamente, a rigidez, lentidão, o equilíbrio etc. E facilmente levam a pessoa a ter ‘fog mind’ – de todos é o que mais traz turvação, confusão mental para os pacientes.
Tanto que o triexifenidil já foi utilizado nos anos 1960, 1970, como droga recreativa para o povo ficar ‘viajando’ nele e ter o ‘barato’, porque em doses maiores e até em pessoas que não são parkinsonianas, causava isso.
Mas têm as indicações deles, especialmente para pacientes mais jovens, em formas muito tremulantes, em quem o tremor é o elemento mais preponderante e também com distonias.
Primidona e Propranolol
Para distúrbios do movimento, como o tremor essencial, que é quando a pessoa vai pegar alguma coisa e treme durante o movimento (no tremor do Parkinson, ela treme em repouso, não em movimento; ela mexe e para de tremer), existem medicamentos clássicos, como a primidona, que é um anticonvulsivante, mas é especialmente boa e também tem indicação. Um efeito colateral grande é a sonolência que causa, mas se colocar à noite e for subir devagarinho, tem mais tolerância.
Outro medicamento que é mais clássico ainda para o tremor essencial é o propranolol, um anti-hipertensivo, mas não é muito bom nessa função, não abaixa muito bem a pressão, mas é bom para o controle do tremor essencial. Entretanto, para funcionar tem que ser tomado 2 ou 3 vezes / dia; não adianta tomar 1 vez porque o efeito dele é só de 8 horas no dia e tem que chegar em doses mais altas.
Como anti-hipertensivo, ele começa na dose de 40 mg, 3 vezes / dia, pode chegar até 80 mg, 3 ou 4 vezes / dia, e é um betabloqueador, diminui a frequência cardíaca. Mas para controlar tremor, começamos, às vezes, com 10 mg, 2 vezes / dia, e vai subindo até chegar 40 mg, 2 vezes; 60 mg, 2 vezes; 80 mg / 2 vezes, assim por diante.
Só temos que saber que também tem efeitos colaterais e as principais preocupações são com quem tem asma ou bronquite, porque pode agravar a condição. E se a pessoa tem arritmias por bloqueio, pode também acabar afetando. Em alguns casos, o propranolol pode dar pesadelos e, às vezes, também edema nas pernas.
Você que está lendo o artigo, mais uma vez convidamos a escrever nos comentários o que está achando a respeito dos medicamentos neurológicos e as suas questões.
Doenças Autoimunes
Doenças autoimunes são quando o corpo ataca a si, o sistema imune, que é composto das células brancas e dos anticorpos produzidos por ela. Se começam a atacar elementos do próprio corpo, como neurônios, bainha de mielina ou outros elementos do sistema nervoso, você tem uma doença autoimune na região, que vai provocar sintomas neurológicos.
Corticoide
Lógico, de todos, o fármaco que praticamente todo médico tem que saber utilizar são corticoides, medicamentos derivados do cortisol, que nós temos no corpo, é um hormônio, e os medicamentos derivados dele modulam a resposta do sistema imune.
Por uma gama de patologias autoimunes, quando você aplica corticoide em doses maiores, faz o sistema imune aquietar e isso acaba controlando o episódio da doença, da atividade da região.
Tem diversas formas de utilizar isso, desde pulsoterapia – fazemos com metilprednisolona, que é em doses muito maiores, de 1.000 miligramas / dia, por 5 ou 3 dias, assim por diante; tem dexametasona, que pode ser por via endovenosa ou oral; ou a simples prednisona, que é a mais comum e usada pela grande maioria dos médicos.
E tem uma equivalência entre os diferentes tipos de corticoides em relação à miligramagem de um tanto que equivale ao outro, mas para cada tipo de patologia têm formas tradicionalmente escolhidas.
Imunoglobulina Humana
Além do corticoide existe também a imunoglobulina humana. A imunoglobulina são anticorpos que todo mundo tem no corpo circulando no sangue o tempo inteiro e ficam de prontidão. Se surgir algum elemento de uma bactéria, um vírus ou qualquer coisa, já vai estar pronta para poder atacar e inibir o processo da doença.
Quando fazemos uma vacina, queremos induzir o corpo a produzir anticorpos para que fique imunizado, para que já tenha anticorpos para combater os antígenos, ou seja, os vírus, as bactérias ou o que for.
Então, temos anticorpos para uma gama de coisas no corpo, para coisas que nem sequer imaginamos e, às vezes, nem vamos ficar tendo contato com elas, porque ficam circulando, criando essas defesas. Logo, é possível estimularmos a produção de anticorpos em pessoas saudáveis.
Normalmente eles fazem isso com soldados e pessoas do exército, que são de uma constituição física muito robusta e toleram melhor estimulação e produção de anticorpos com vacinas e diversas outras coisas. Coletamos o sangue deles, são separadas as hemácias, as células e a parte do plasma, retiramos os anticorpos, e fazemos a imunoglobulina humana.
Temos que especificar como “humana”, porque tem a produção disso também em animais, mas assim podemos ter reações alérgicas e não ser a mesma qualidade das imunoglobulinas humanas, as propriamente nossas.
E utilizamos isso para podermos colocar no corpo a imunoglobulina, o de outra pessoa, o anticorpo de outra pessoa retirar, às vezes, os anticorpos que estão nos atacando.
Por exemplo, em uma doença neurológica, como a Guillain-Barré ou CIDP, que é uma Polineuropatia Inflamatória Desmielinizante Crônica, ficam anticorpos continuamente atacando a bainha de mielina dos neurônios, quando você põe a imunoglobulina, ela ataca o anticorpo que está atacando os neurônios e a pessoa acaba melhorando muito bem.
E tem para uma gama de outras patologias que são a mesma lógica, mas as que são mais fáceis de qualquer pessoa conhecer e ouvir falar, por exemplo, são da Guillain-Barré e da CIDP.
Imunomoduladores
Existem diversos imunomoduladores, que são especialmente famosos em doenças autoimunes neurológicas, como, por exemplo, a esclerose múltipla e doença de Devic. E tem desde os injetáveis, como interferons ou Copaxone; tem os orais, como o fumarato dimetilo ou fingolimode; tem injetáveis biológicos, que são anticorpos monoclonais específicos, como o natalizumabe, o ocrelizumab e o alentuzumabe.
Todos são medicamentos que se utilizam do controle do sistema imune de uma maneira muito mais específica, porque o corticoide, por exemplo, inibe o sistema imune como um todo.
Agora, os imunomoduladores vão tentar modular a resposta do sistema imune de uma maneira mais segmentada, mais específica, justamente para que o corpo não ataque o cérebro e controle a doença, por exemplo, a esclerose múltipla.
Imunossupressores
Temos também fármacos que são imunossupressores, que vão suprimir o sistema imune – por isso, se chamam assim – e, com isso, você abaixa a atividade global do sistema imune para que tenha o controle de certas patologias.
E são utilizados não só na Neurologia, mas também para diversas outras áreas da Medicina, até mesmo para controlar a resposta do sistema imune frente a transplante de órgãos ou às doenças reumatológicas, hematológicas, até oncológicas e assim por diante.
Na Neurologia é muito comum utilizá-los para controlar certas doenças, como, por exemplo, a miastenia gravis ou algumas doenças imunológicas extremamente graves e agressivas, indicando a azatioprina ou ciclofosfamida.
Acontece que, com isso, a pessoa tem mais risco de infecções oportunistas e complicações decorrentes do próprio medicamento, que também altera a função do sistema imune, tem efeitos colaterais bem mais significativos e são fármacos mais importantes no sentido de controle médico. Mas o neurologista também os utiliza normalmente para as doenças autoimunes.
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