Saúde Bucal do Idoso – Como Avaliar a Boca do Idoso
Se você tem algum idoso que ama e se importa com ele, inclusive com a saúde bucal dele, e quer aprender a como avaliar a Saúde Bucal do Idoso, fique até o final deste artigo que a Dra. Caroline Leone, que é especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, Odontologia Hospitalar e estomatologista pela Clínica Regenerati, vai abordar sobre o assunto hoje.
Saúde Bucal do Idoso
Em países em desenvolvimento, a OMS, em 1984 – a Organização Mundial de Saúde – estabeleceu que seriam considerados idosos aqueles que tivessem 60 ou mais anos, e com isso, gerou um aumento da expectativa de vida.
Quando os idosos começaram a chegar próximo a essa idade, muitos naquela mesma faixa etária começaram a ultrapassar essa idade e foram considerados pacientes idosos, e também um crescimento na longevidade da vida. Isso é muito bom, porque nós conseguimos viver com uma melhor qualidade de vida e por um longo período de tempo.
Doenças Sistêmicas
Só que com isso, teve o aparecimento de algumas doenças sistêmicas e algumas bucais também – porque a boca não se exclui das doenças encontradas. As doenças sistêmicas que podemos encontrar no paciente idoso são problemas cardiovasculares, tanto de circulação quanto cardíacos, doenças respiratórias, diabete, pressão alta, que é muito comum nos pacientes idosos.
E também precisamos saber de tudo isso para podermos tratar o paciente adequadamente da parte odontológica, porque a boca em si também faz parte do organismo, então é por isso que precisamos saber tratar adequadamente esse tipo de paciente.
Doenças Bucais
A boca também apresenta algumas doenças que podem ser identificadas através da dor, de algumas queixas que o paciente relata e que podemos já pensar adiante em um diagnóstico. Claro que só vamos poder avaliar a boca tendo um conhecimento adequado do que é o envelhecimento normal de um envelhecimento patológico, que está doente. Então, precisamos adequadamente saber qual é essa diferença de uma boca patológica de uma saudável.
O que Observar na Boca do Paciente?
O que podemos observar na boca de um idoso? Se ele tem dificuldade da fala, de engolir, se tem dificuldade mastigatória, ausência dos dentes… Por exemplo, um paciente que não tem os dentes, provavelmente tem uma dificuldade na fala, de engolir e também na mastigação.
É muito difícil um paciente que não tem dentes conseguir comer um alimento mais sólido, mais consistente, mais duro. Ele vai deglutir, mas terá outros problemas: estomacais, intestinais, por exemplo.
O dente auxilia na trituração do alimento, tanto na apreensão quanto na mastigação e na trituração desse alimento para que esse bolo alimentar seja engolido com mais facilidade. E o organismo trabalha na digestão um pouco mais facilmente. Então, por isso realmente a importância dos dentes e o que precisamos observar na boca do idoso.
Precisamos observar também a fratura dos dentes, porque pode causar uma alteração tanto gengival quanto na região das mucosas: lábios, bochechas e gengiva. Por quê? Porque pode causar um traumatismo.
Os dentes acabam ficando um pouquinho afiados na sua superfície, causando essa laceração, essas úlceras ou até ferimentos na região desses tecidos; logo, temos que observar bastante isso.
O escurecimento dos dentes é geralmente pela presença da doença cárie, que causa a dor, então, o paciente não fala: “olha, o meu dente está escuro”, ele vai falar: “eu estou sentindo dor exatamente aqui ou por aqui”, porque, às vezes, a dor é localizada, mas também pode ser difusa.
Os desgastes na superfície dentária também são observados nesses tipos de paciente. Pode ser por bruxismo, por excesso de mastigação, por dentes que estão um pouquinho mais comprometidos, então são vários fatores que geram os desgastes na superfície dos dentes.
O ranger e o apertamento dos dentes também influenciam bastante. E o uso de próteses, como dentaduras normais mesmo, aquelas que não têm ganchos, e aquelas que são removíveis, que também tiramos para higienizar, só usamos para alimentação e estética, e tiramos para remover, que têm ganchos.
Esses ganchos, quando estão mal adaptados, podem ferir a superfície da gengiva, o próprio dente e também a região da bochecha, por exemplo, da língua, então, temos que tomar cuidado quanto a isso.
E todas essas alterações afetam a qualidade de vida do idoso. Ele acaba ficando um pouquinho mais retraído, introspectivo, com dificuldade de sorrir e acaba tendo todas essas alterações, até alterações sistêmicas, como nutricional, quando o paciente não tem os dentes e tem essas dificuldades, e gástricas e intestinais por dificuldade de ingerir o alimento.
Como Prosseguir?
O que devemos realizar? Será que devemos realizar um autoexame? Na odontologia, abrimos mão de um autoexame, mesmo porque cavidade bucal é escura, pequena, não conseguimos observar a região mais posterior.
Conseguimos observar só a região anterior, inverter os lábios inferior e superior, olhar de frente ao espelho… Logo, conseguimos observar a ponta da língua, são regiões que conseguimos ter uma avaliação adequada e nem é adequado assim.
Exame Completo da Cavidade Oral
Então, por isso deve-se realizar um exame completo da cavidade oral para conseguirmos um tratamento adequado ou pelo menos um encaminhamento a um profissional adequado.
Por que esse exame completo é de muita importância? Porque a partir dele, nós conseguimos observar informações e retirar do paciente, no exame clínico, informações sobre os tecidos moles e duros.
O que são esses tecidos moles e duros? Os tecidos moles compreendem aqueles maleáveis, que se mexem, que são lábios, bochechas, língua, gengiva, garganta. Portanto, precisamos observar todos esses tecidos para conseguirmos ver se estão alterados ou permanecem saudáveis.
Os tecidos duros são compreendidos por ossos e dentes. Então, precisamos saber a diferença entre saúde e doença para podermos orientar esse paciente adequadamente.
Cuidados do Acompanhante em Relação à Saúde Bucal do Idoso
Se você é um familiar, um cuidador de idoso ou pretende ser um cuidador de idoso, deve reconhecer os problemas de saúde do seu paciente ou do seu familiar, porque isso é extremamente importante.
Eu não posso fazer um tratamento odontológico sem saber qual é a medicação que toma, porque a medicação que o paciente toma vai influenciar no meu tratamento – ele pode ter um sangramento, por exemplo.
Se toma um anticoagulante, pode ter algum outro problema, uma intercorrência durante o meu procedimento cirúrgico ou clínico, que garante, para mim, um insucesso do meu tratamento. Então, preciso saber o que esse paciente tem, inclusive, o cuidador de idoso também deve saber, assim como o familiar que cuida de algum paciente, do pai, da mãe.
O que o Exame Bucal Contempla?
Ele contempla toda a avaliação clínica do paciente. O cuidador deve saber exatamente o histórico médico geral desse paciente, todos os seus problemas de saúde, medicações de uso, alergias medicamentosas, se fez uso recente de alguma medicação, qual é a medicação que usa continuamente para podermos identificar o problema antes de algo mais grave acontecer.
Na cavidade bucal, nós temos que olhar tudo dentro da boca, até por fora dela. Então, precisamos avaliar o quê? A arcada superior, todos os dentes inferiores e superiores, a mucosa, que é composta pela bochecha, pela parte inferior da gengiva, pela região interior do lábio superior, no lábio inferior.
Na garganta, temos que baixar a língua do paciente para podermos conseguir observar a região posterior, para saber se tem algum aumento de volume, alguma úlcera, por exemplo, que não conseguimos identificar. Pedir para o paciente erguer a língua até o céu da boca, avaliar a região embaixo da língua, se realmente tem alguma coisa alterada, lesão presente.
Essa avaliação é feita da cabeça, do pescoço e da boca; por quê? Porque são estruturas que estão diretamente ligadas à face. Por isso, precisamos avaliar tudo, porque a boca, na verdade, não é composta só pelos dentes, pela gengiva e pelas estruturas que estão ao redor.
Ela é composta também pelas articulações, pela abertura e fechamento da boca, pela musculatura que auxilia na abertura e no fechamento, pela lateralidade, então realmente precisamos fazer um exame adequado.
Etapas do Exame Clínico
E ele consiste em duas etapas. A primeira consiste em uma anamnese, que é o questionamento de tudo isso do paciente: quais são os problemas médicos, as alergias medicamentosas, qual a medicamentação que usa rotineiramente, do que ele se queixa, qual é a queixa principal dele? “Ah, ele sente no dente do fundo”. Por que ele está sentindo dor na região do dente do fundo? Temos que investigar melhor.
Então, temos que saber sobre tudo isso, se o paciente já teve algum tipo de cirurgia prévia, se está em programação cirúrgica, se tem algum antecedente hereditário, por exemplo, já teve alguma doença grave na família, como diabete, pressão alta, algum histórico de câncer – também precisamos saber.
Se o paciente fez ou não quimioterapia e radioterapia, isso também influencia no nosso tratamento. Assim sendo, o cuidador precisa avaliar o paciente adequadamente para poder encaminhar para o serviço responsável – quanto mais precoce, mais chance de cura ele tem.
A segunda etapa é composta especificamente pelo exame físico: o exame da cavidade bucal e o da face. Logo, conseguimos avaliar tanto o extra-oral quanto o intra-oral, dentro da boca.
O cuidador deve utilizar todos os órgãos de sentido dele. Primeiro, tem que visualizar o paciente para saber exatamente se está andando bem ou não, se tem problemas no deslocamento, se é cadeirante, se usa algum tipo de apoiador, bengala, muleta, para auxílio no movimento, se tem alguma alteração na pele, se tem manchas ou algumas úlceras.
Então, realmente o cuidador tem que ficar atento a isso, porque algumas doenças sistêmicas também apresentam manifestações bucais e precisamos estar cientes disso.
Além da visão, a audição para sabermos escutar as queixas do paciente para podermos entender a origem do problema. E também o tato – ele vai olhar, avaliar, apalpar exatamente para saber onde está o problema e contar para o cirurgião-dentista: “olha, eu achei isso, será que é muito relevante? Você pode avaliar? Quando? É urgente, não é?“. Ele tem que passar todas essas informações para o dentista.
Exame Físico
O exame físico consiste em todas essas características do paciente, de obter esse conhecimento que o paciente tem. E deve ser realizado em um local iluminado para conseguirmos avaliar exatamente o problema do paciente.
Alguns locais, principalmente na avaliação intra-oral, são muito difíceis de conseguirmos avaliar sem luz e fazer um exame adequado e bem feito. Ou seja, ela é indispensável.
Exame Físico Extra e Intra-Oral
O exame físico é extra-oral, composto pelo o que comentamos, e no exame físico intra-oral também vamos avaliar se o paciente tem alguma assimetria, aumento de volume, se apresenta alguma mancha, se está com dor em alguma região, se está tendo alguma alteração de forma, contorno, coloração – precisamos avaliar tudo isso.
Se ele apresenta próteses fixas ou removíveis: se apresenta próteses removíveis, temos que remover a prótese para olhar o que tem embaixo. Por exemplo, se ele usa uma dentadura, ela sai, então, precisamos tirá-la e olhar toda a qualidade da gengiva.
A gengiva está normal? Não, está alterada? Precisamos saber qual é essa alteração e encaminhar para o profissional adequado, que é o cirurgião-dentista, para ele poder avaliar, tratar, se for necessário, fazer uma biópsia, encaminhar para o laboratório, receber o diagnóstico e dependendo do diagnóstico, consegue tratar esse paciente e ele tem chance de cura.
Quanto mais precoce, mais fácil de ser curado, por isso é muito importante sabermos reconhecer o aspecto normal da boca de um aspecto que não é normal, não está saudável.
Conclusão sobre a Saúde Bucal do Idoso
Então, para concluirmos o conteúdo de hoje, o importante: diferenciar o tecido sadio do tecido doente, as alterações de toda a cavidade bucal, realizar uma avaliação rotineira e periódica do seu paciente.
Às vezes, se ele não apresenta queixas, avaliar mesmo assim, porque pode não estar sentindo dor, pode não ter sintoma nenhum presente, mas pode estar desenvolvendo alguma lesão.
E quanto mais precoce, mais fácil tratamento. Estamos sendo bem repetitivos, porque isso é muito importante para o cirurgião-dentista, para o paciente e a família dele.
E pode ter certeza que com tudo isso, o familiar que contratou o serviço do cuidador de idoso vai ficar muito mais feliz, porque ele conseguiu ajudar o paciente a ter uma recuperação mais rápida e adequada.
Então pessoal, espero que vocês tenham gostado deste artigo, espero que deixem algum comentário no espaço reservado abaixo.
Gostaria que contassem um pouquinho sobre o que gostaram, quais são as dúvidas, o que têm dificuldades de avaliar, se é a região da orofaringe, que é a garganta, se têm dificuldade de avaliar os dentes, a articulação ou alguma sugestão de melhoria em relação ao exame – fiquem à vontade para comentar.
Compartilhem com quem vocês conhecem, porque essa informação sobre Saúde Bucal do Idoso é muito importante e pode atingir pessoas que realmente gostariam de saber sobre ela.
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