O que é Envelhecer Biologicamente?
Se você quer saber o que é Envelhecer Biologicamente falando, fique até o final deste artigo que o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista e que no seu canal do YouTube aborda sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai falar mais sobre isso hoje.
O que é Envelhecer Biologicamente Falando?
Nós já falamos sobre os Aspectos do Envelhecimento e como reconhecer que alguém está envelhecendo, mas como isso se traduz biologicamente? Quais são os mecanismos biológicos que fazem alguém envelhecer?
Esse conteúdo tem aspectos um pouco mais técnicos, mas eles são importantes para entendermos como podemos intervir no envelhecimento de uma maneira real e científica. Então, fique até o final e preste atenção nas partes técnicas para entender o que temos de recomendações em relação ao retardo do envelhecimento.
Envelhecer biologicamente falando envolve o conceito de como funcionam as células e o organismo biológico. Há sempre a questão das células, que têm a sua “eterna sucessão” – do morrer e nascer delas. O corpo é constantemente trocado – as células antigas são substituídas por novas e esse ciclo sempre acontece. São poucas células do corpo que não são regeneradas, que não têm um processo de brotamento novo, como as neuronais, o corpo dos neurônios.
Mas, desde o nosso nascimento, o corpo como um todo, sempre tem células nascendo e morrendo. E se esse processo acontecesse sem nenhum erro ou problema ao longo de todo o tempo, a pessoa não iria envelhecer – pelo menos em tese.
Outro aspecto que afeta o funcionamento do corpo e a pessoa ficar velha são as funções celulares. Às vezes, a célula está sendo trocada: chega uma célula relativamente jovem, mas que não está funcionando tão bem.
A ideia é parecida com você trocar as peças do carro por peças novas, mas que ainda não estão funcionando como deveriam. A função não é tão boa mesmo que ainda sejam células novas. E isso é importante para entendermos o processo biológico do envelhecimento.
O Infográfico abaixo resume estes aspectos, que explicamos mais detalhadamente logo a seguir:
O que Faz um Erro Nessa Cadeia de Sucessão de Células?
O primeiro problema está no DNA, porque se acontecem alterações nele, as células que serão replicadas vão vir com defeito. E as principais causas são as instabilidades genômicas, que são mutações acumuladas no DNA celular, no DNA mitocondrial e nas lâminas nucleares. E isso ocorre o tempo todo, ou seja, é normal ter instabilidades genômicas.
A grande questão é o corpo conseguir eliminá-las sem ficar acumulando as mutações. E acontece que muitas mutações no DNA também não geram problema nenhum. O problema é quando começa a ter um acúmulo delas, o que é comum de surgir ao longo do tempo.
Outro assunto muito debatido, especialmente relacionado à ovelha Dolly, foi a questão do tamanho do telômero. Ao lembrarmos do cromossomo fazendo aquele X, tem um pedaço – que é o telômero. Quando a clonaram – pegando o DNA de uma ovelha envelhecida e criando uma nova – a ovelha nova viveu menos, porque o telômero dela já era encurtado.
Acontece que em cada reprodução de célula, os telômeros vão sendo atritados, o que acaba causando um encurtamento deles. E, à medida que o telômero vai se encurtando, isso vai diminuindo a capacidade de reprodução das células e levando ao envelhecimento.
Outra causa relacionada ainda ao DNA são as alterações epigenéticas. Epigenética é tudo que está ao redor da genética – “epi”, de fora e “genética”, de gênese, do material genético. Então, existem muitas coisas que não estão intrinsecamente dentro do DNA, como uma mutação, uma perda de DNA ou um encurtamento do telômero, mas elas afetam o funcionamento do DNA, incluindo seus padrões de metilação ou modificações na pós-tradução das histonas ou na remodelação da cromatina.
Logo, são coisas que estão relacionadas ao processo do DNA, que não são diretamente ainda o DNA, mas que mesmo assim interferem na questão dele, na mensagem que ele vai enviar. A epigenética é influenciada por diversos fatores ambientais: desde o que vivemos, comemos, nos intoxica, as radiações e o metabolismo como um todo.
Disfunções Metabólicas
O que acaba afetando as células de maneira metabólica? Uma coisa é a célula ter um DNA bom, mas o seu metabolismo, que é o funcionamento normal da célula, das proteínas que fazem o funcionamento da célula, pode ter perdas ou disfunções, como perda de proteostases – proteínas que fazem o dobramento das proteínas e a proteólise.
Porque, à medida que vai fazendo uma proteína, ela é dobrada para ganhar a conformação final que funcione. Se ela não é dobrada corretamente, essa proteína também fica disfuncional e isso leva a um envelhecimento da célula.
Existem também outras disfunções metabólicas que são relacionadas à detecção desregulada dos nutrientes. A célula tem que se nutrir de glicose, de oxigênio, de íons e de outros elementos. E todos esses nutrientes têm vias de sinalização: para a glicose entrar na célula, ela precisa da insulina.
E, se existe uma desregulação na nutrição celular, seja em relação à oferta ou à falta de insulina, ao excesso ou à falta de glicose, isso pode também afetar o funcionamento global das células e funcionar com o envelhecimento celular também.
Disfunção Mitocondrial
A mitocôndria é quem faz a oxidação e gera os ATPs, a energia para a célula. E, para formar esta energia no processo oxidativo, ela pode aumentar os radicais livres e, consequentemente, o estresse oxidativo da célula. O tão famoso radical livre é algo que realmente estressa a célula, causando um dano celular e gerando um aumento do envelhecimento. Então, a questão mitocondrial é também muito importante por conta dos radicais livres e do estresse oxidativo.
Disfunção na Sinalização Celular
A célula pode estar com material genético bom, com as proteínas boas – funcionando, dobrando e recebendo os nutrientes de maneira adequada –, pode estar com a mitocôndria funcionando, mas existe um processo chamado senescência celular. É um mecanismo próprio do corpo para inibir a proliferação de câncer. Porque, nesse processo de produzir células novas, pode acontecer de vir uma mutante, que é um câncer. E o corpo está constantemente inibindo essas células e a reprodução delas.
Existe um mecanismo natural de inibição da reprodução celular para contenção do câncer, da sua proliferação. Olha que louco, o próprio corpo sabe se defender, mas para isso, ele inibe e para a proliferação celular.
Inibindo a reprodução normal das células, elas vão acabar envelhecendo e prejudicando a renovação, a substituição de células velhas por novas. E isso causa a senescência celular em um processo natural de defesa do corpo.
Comunicação Intercelular Alterada
Como que isso acontece? As células se comunicam uma com as outras, mandando sinalizadores – sejam hormônios, sinalizadores inflamatórios ou vários outros mensageiros – para que uma célula (seja ela mesma, a do lado ou à distância) tenha alguma função. E isso tem disfunções hormonais, especialmente, as inflamatórias.
Quando acontece uma sinalização inadequada de inflamação das células e do corpo, acaba desencadeando um processo de envelhecimento do corpo como um todo também; é uma disfunção na sinalização celular.
O que Fazer Para Ter uma Intervenção do Processo de Envelhecer Biologicamente?
Existe uma corrente de pesquisa já com um grande número de evidências, especialmente em animais mais simples e também em mamíferos de ciclo de vida menor, como roedores, a respeito do metabolismo da glicose.
O metabolismo da glicose tem uma lógica muito simples: se há uma oferta de energia muito grande para células e sai uma célula nova, funcionando 90%, mas que faz chegar comida para todo mundo, está tudo bem.
Agora, se existe um padrão de restrição calórica – seja através de jejuns intermitentes ou até mesmo da redução calórica propriamente dita –, o corpo ativa genes de sobrevivência. Estes genes provocam apoptose ou a morte celular de células defeituosas (com algum grau de defeito), para produzir energia (comida) dessas células que não estão tão boas.
Olha que interessante: em um fenômeno do homem moderno, nós temos uma mudança de alimentos para maior parte das pessoas. Mas, como há milhares de anos vivíamos em termos ou não comida, o corpo desenvolveu genes de sobrevivência. Quando há estresse – no sentido de ter uma restrição calórica –, ele ativa esses genes para eliminar células não tão boas, para produzir comida e calorias a respeito dela. E isso acaba eliminando células defeituosas e mantendo as saudáveis (as melhores).
Existe outra que é na via de sinalização de hormônio do crescimento, que é produzido até certo ponto e quando ele para, diminui totalmente. Se ele produz em excesso, a pessoa gera acromegalia. Quando o indivíduo não tem nada dele, tem um déficit da renovação celular.
Mas, parece que as vias celulares onde o hormônio do crescimento atua são possíveis de serem ativadas, de maneira ordenada, para que haja uma manutenção de células se renovando. E já existem pesquisas sobre as vias de sinalização do hormônio do crescimento.
Outro ponto que é possível ter uma intervenção é na parte da atividade das mitocôndrias que estão realizando o estresse oxidativo – quando ele está desbalanceado ou desregulado, acaba produzindo um excesso de radicais livres.
Muito se diz de dietas detox ou de suco verde, por exemplo, mas eles não têm uma eficácia tão absurdamente grande a ponto de mudarem o estresse oxidativo. Porém, há grandes pesquisas para mudar esse metabolismo e existem algumas substâncias que já têm algum norte nesse sentido. É um princípio de pesquisa de sinalização que vamos poder intervir, como a coenzima Q10 e outras tantas substâncias apregoadas.
Porém, o fato é que o estresse oxidativo é algo que o ser humano vai poder intervir, de maneira eficaz, também trazendo uma melhora na atividade mitocondrial e assim mantendo as células mais jovens.
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