Cirurgia Para Dor Neuropática – Eletrodo Medular
Pacientes portadores de dores crônicas causadas por uma lesão medular tem a possibilidade de ter os sintomas amenizados e sua qualidade de vida melhorada por meio de um procedimento cirúrgico que implanta um eletrodo que provoca estímulos no local da lesão.
O que é a neurocirurgia funcional?
É a área da neurocirurgia destinada a melhora da função dos pacientes que possuem distúrbios de movimento, são portadores de epilepsia ou os pacientes que possuam dores.
O que é um eletrodo medular implantável?
O eletrodo de estimulação medular é uma técnica cirúrgica utilizada para o tratamento da dor crônica, principalmente, as dores neuropáticas. As dores neuropáticas são causadas por lesões nos nervos.
Para quem é indicado?
O eletrodo é indicado para os pacientes que possuam quadro de dor refratária, quando os tratamentos medicamentosos já não entregam resultados satisfatórios.
Como funciona a cirurgia?
Existem duas modalidades de cirurgia para implante medular, sendo elas a cirurgia percutânea e a cirurgia aberta.
A cirurgia percutânea é menos invasiva, porém, apresenta maior risco de deslocamento do eletrodo do local em que foi colocado. Com uma agulha, faz-se uma punção na pele do paciente, guiada por raio x, colocando o eletrodo na coluna do paciente. O eletrodo fica posicionado entre a camada da dura-máter e do osso, de forma em que não há contato com a medula, então, é possível realizar o estímulo de choque para tratar a dor do paciente.
Já na cirurgia aberta, é feito um corte para abrir um pedaço do osso do paciente e, então, é colocada uma placa de eletrodo entre o osso e a membrana da coluna.
É indicado para qualquer idade?
O que determina a indicação dessa cirurgia como tratamento é a condição clínica do paciente. Ou seja, pode ser indicado para qualquer idade. Porém, evita-se a indicação deste procedimento para pacientes com menos de dezoito anos.
Existe alguma contra indicação?
Sim, são contra indicações: doenças limitantes, risco de anestesia associado, distúrbio de coagulação, ou qualquer outro fator de risco que impossibilite uma cirurgia com anestesia.
Qual é a duração e como devo me preparar para a cirurgia?
A duração depende da técnica escolhida. A cirurgia percutânea é mais rápida, com poucos cortes associados, com duração média de uma hora e meia.
Por sua vez, a cirurgia aberta, é mais invasiva e o seu procedimento tem duração média de três horas.
Como saber se a cirurgia foi bem sucedida?
O sucesso do procedimento é analisado por meio de testes realizados nos pacientes.
Ambos os tipos de cirurgia são divididos em duas etapas, primeiro a inserção do eletrodo é feita e após, já na segunda etapa, são colocados a bateria e o computador que contém a programação.
O teste é realizado entre a primeira e a segunda fase do procedimento cirúrgico. Após a colocação do eletrodo, o fio exteriorizado é ligado em uma bateria externa. O paciente será avaliado por um período a ser determinado pelo médico. Em alguns casos o período de teste é de setenta e duas horas e em outros, de até uma semana.
O que possibilita a verificação de sucesso da cirurgia é o teste. Caso o procedimento seja eficaz para o paciente, a bateria é implantada de forma definitiva. Caso o paciente não apresente uma resposta positiva à cirurgia é feita a retirada do eletrodo anteriormente inserido em um procedimento bem mais simples do que o de inserção.
Quem realiza o procedimento?
No Brasil, a cirurgia é realizada por cirurgiões ou por anestesistas, assim como ortopedistas.
A cirurgia requer permanência na uti?
Normalmente não é necessário que o paciente permaneça na UTI. Porém, pode ocorrer a necessidade.
A anestesia é local ou geral?
Normalmente é utilizada a anestesia geral, porém, em alguns casos é necessário que o paciente esteja acordado durante a cirurgia para informar ao médico se o estímulo está no local da dor e está combatendo-a.
Como é o pós-operatório?
O final definitivo da cirurgia é o implante da bateria. Após concluído o procedimento, o paciente irá receber antibiótico por quarenta e oito horas e receberá alta do hospital. Além disso, receberá analgesia para a dor e prosseguirá com medicações com a mesma finalidade. O paciente, então, irá começar o processo de regulagem das potencias de estimulação do eletrodo.
Como é feita a avaliação do paciente após a cirurgia?
Nas consultas de retorno, o médico irá verificar a cicatrização do corte feito para a realização da cirurgia e fará a programação do eletrodo.
A configuração final do eletrodo depende do tipo utilizado. Alguns somente são configurados totalmente após dois meses de cirurgia, quando a cicatrização do local está completa. Porém, dentro deste prazo são realizados pequenos ajustes de acordo com a dor do paciente.
Como é feito o diagnóstico da dor?
São utilizados alguns critérios de avaliação para verificar se o paciente é um bom candidato para a realização do procedimento.
As dores neuropáticas, como previamente citado, apresentam boa resposta à cirurgia. Porém, não são todas as dores neuropáticas que melhoram com o procedimento. São as periféricas que efetivamente tem resultado positivo.
O diagnóstico é feito por meio da realização de exames funcionais do nervo, história clínica, exame físico e o exame chamado termografia. A termografia associa a função do nervo com a vascularização da região, o que permite ao médico verificar se há um nervo lesionado ou não.
Os exames de imagem são importantes para verificar a existência de lesões centrais, que não apresentam boa resposta ao tratamento, sendo eles a ressonância de coluna ou de encéfalo.
Como é o preparo do paciente?
Não há um procedimento pré-operatório específico, porém, o ideal é que o paciente seja avaliado por um médico anestesista ou cardiologista.
Riscos da cirurgia.
O procedimento cirúrgico de dores crônicas é considerado de baixo risco. Contudo, o eletrodo é uma prótese e esse tipo de instrumento apresenta risco de infecção entre três e cinco por cento. Além disso, pacientes que tenham alteração na coagulação podem apresentar hematomas cirúrgicos e há, também, apesar pequeno, o risco de lesão medular.
Não espere a dor se tornar muito frequente para buscar atendimento médico. Procure um especialista e evite a automedicação.
Autor: Dr. Victor Rossetto